Extrassístoles - como elas são? O que devemos fazer?
O que são extrassístoles?
O termo extrassístole significa uma batida extra do coração1, podendo ocorrer tanto nas câmaras mais altas desse órgão (átrios), como nas câmaras mais baixas (ventrículos). As extrassístoles são, pois, batimentos isolados que ocorrem antes do que seria esperado.
Quando as extrassístoles se originam de atividade elétrica anormal nos átrios, elas são chamadas de extrassístoles atriais; quando esta atividade anormal se origina nos ventrículos, elas são chamadas de extrassístoles ventriculares.
Quais são as causas das extrassístoles?
São muitas as causas possíveis para o surgimento das extrassístoles ventriculares, embora uma grande porção seja idiopática2 (sem motivo aparente). Causas possíveis de levar ao surgimento dessas arritmias3 incluem o uso de certas substâncias, como cafeína, álcool e drogas ilícitas4, e situações que aumentam a quantidade de adrenalina5 no organismo, como estresse ou exercício físico intenso, podendo também ser causadas por alguma lesão6 cardíaca, como infarto7 e outras doenças que afetam o músculo cardíaco8.
Ocasionalmente, há uma aparente relação com infecção9 focal nos dentes ou nas amígdalas10 ou seios nasais11, ou até mesmo com o fato de comer uma pequena quantidade de chocolate. A medicação digitálica12 também pode causar extrassístoles sempre que administrada em quantidades suficientes para reforçar os batimentos cardíacos.
Veja sobre "Arritmias3 cardíacas", "Estresse", "Eletrocardiograma13" e "Holter14".
Qual é o mecanismo fisiológico15 das extrassístoles?
O nó ou nódulo sinoatrial16, localizado no átrio direito17, é o "marcapasso18 natural" do coração1. Ele comanda o ritmo cardíaco normal, transmitindo o sinal19 elétrico para os átrios e ventrículos se contraírem. Entre os átrios e ventrículos, há uma espécie de "estação moduladora" por onde o estímulo deve obrigatoriamente passar, chamada nó ou nódulo atrioventricular20 (nódulo21 A-V), que pode acelerar ou retardar o envio dos estímulos para os ventrículos. Quando o nó sinoatrial22 falha, o comando é assumido pelo nódulo21 A-V. Tanto o nódulo sinoatrial16 como o nódulo21 A-V podem comandar estímulos extras que também vão dar origem a sístoles extras.
Quais são as principais características clínicas das extrassístoles?
As extrassístoles podem ser totalmente assintomáticas, sendo muitas vezes um achado ocasional de exames feitos por outros motivos. Elas podem eventualmente serem sentidas como uma batida mais forte, um “tranco” no peito23, seguido por uma sensação de pausa nos batimentos cardíacos. De fato, após uma extrassístole, ocorre uma pausa um pouco mais longa que o normal e o batimento seguinte costuma ser mais forte e se faz sentir. Na verdade, o que o paciente refere como extrassístole não é a sístole24 extra, e sim o batimento subsequente.
Embora ocorram em muitos pacientes com doença cardíaca orgânica, os batimentos cardíacos extras são muito mais comuns em indivíduos com coração1 perfeitamente normal, e não podem ser interpretados de pronto como evidência de doença cardíaca.
Muitas vezes, as extrassístoles não causam sintomas25, mesmo que ocorram em intervalos frequentes. No entanto, as pessoas hipersensíveis podem se queixar de sensações desagradáveis que resultam da sístole24 extra ou da sístole24 vigorosa seguinte que ocorre após uma pausa compensatória mais longa que o habitual. Entre os sintomas25 mais comuns estão uma sensação de asfixia26 ou plenitude na garganta27, uma sensação de que "o coração1 subitamente subiu para a garganta27", ou momentânea tontura28. Outros pacientes reclamam de dor aguda no precórdio29.
Muito raramente, dependendo da quantidade de extrassístoles ventriculares, pode haver o desenvolvimento de insuficiência cardíaca30. Em tal situação pode haver dilatação do músculo cardíaco8, levando a cansaço, falta de ar, inchaço31 e intolerância a atividades físicas.
Como o médico diagnostica as extrassístoles?
Para estabelecer o diagnóstico32, são essenciais uma história completa e exame físico bem feito. Deve-se fazer uma investigação cuidadosa sobre o modo de vida habitual do paciente quanto ao consumo de chá, café, álcool e tabaco, horas de trabalho, estresse e tensão, presença de preocupações, oportunidades de recreação, quantidade usual de sono, etc.
A confirmação do diagnóstico32 é feita a partir das características do eletrocardiograma13, mas nem sempre uma extrassístole ocorre durante o exame. Outros exames complementares podem ser necessários para estabelecer um diagnóstico32, como, por exemplo, o Holter14 de 24 horas, exame que aumenta o tempo de monitorização ao qual o paciente é submetido.
Em geral, o uso do eletrocardiograma13, sobretudo o eletrocardiograma13 de alta resolução (ECG-AR), permite a diferenciação entre as extrassístoles atriais e ventriculares.
Como o médico trata as extrassístoles?
O tratamento das extrassístoles deve ser individualizado para cada paciente, muitas vezes não sendo necessária qualquer intervenção clínica, existindo, contudo, situações nas quais pode ser necessário o uso de medicamentos específicos e, em casos selecionados, procedimentos minimamente invasivos como a ablação33 por radiofrequência do nódulo21 responsável por disparar estímulos extras.
Como prevenir as extrassístoles?
As extrassístoles podem ser prevenidas por meio de uma avaliação médica regular e pelo controle de fatores de risco, como diabetes34, obesidade35, hipertensão36 e tabagismo. Os cuidados devem ser redobrados em pacientes que possuem problemas no coração1.
Leia sobre "Infarto do Miocárdio37", "Bloqueio de ramo", "Taquicardia38" e "Bradicardia39".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da SOCERJ - Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio de Janeiro, do Hospital Israelita Albert Einstein e do Cleveland Clinic Journal of Medicine.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.