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Distúrbios de refração dos olhos

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O que é refração dos olhos1?

Refração é a mudança de direção de uma onda que se propaga em um determinado meio ao passar para outro meio no qual a velocidade de propagação é alterada. A refração ocorre em diferentes tipos de onda, embora seja mais comumente associada à luz. Um bom exemplo de refração da luz obtém-se ao observar a imagem de um lápis parcialmente imergido num copo com água, que parece “quebrado”.

No que se refere à visão2, os raios de luz refletidos pelos objetos atravessam vários meios diferentes antes de atingirem a retina3, de onde partem estímulos nervosos que o cérebro4 converte em imagens. Eles sofrem, pois, diversos processos de refração, coordenados de modo a que atinjam plenamente a retina3, proporcionando uma visão2 nítida dos objetos.

A maior parte da refração no olho5 ocorre quando raios de luz atravessam a superfície curvada e transparente do olho5, a córnea6. A lente natural do olho5, o cristalino7, também encurva os raios de luz. Até a camada lacrimal na superfície do olho5 e os fluidos no interior do olho5 (humor aquoso8 e humor vítreo9) possuem algum grau de capacidade refrativa.

Leia sobre "Miopia10 degenerativa11", "Deficiência visual" e "Cirurgia refrativa".

O que são os distúrbios de refração dos olhos1?

Os distúrbios de refração dos olhos1 acontecem por quaisquer condições que façam os raios luminosos convergirem anteriormente ou posteriormente à retina3, ocasionando em uma visão2 borrada, ou turva, dos objetos. Há quatro principais distúrbios oculares refrativos:

  1. Miopia10
  2. Hipermetropia12
  3. Astigmatismo13
  4. Presbiopia14

Quais são as causas e o substrato fisiopatológico dos distúrbios de refração dos olhos1?

Os distúrbios de refração dos olhos1 acontecem por condições anatômicas ou fisiológicas15 do órgão que impedem os raios luminosos de serem exatamente focalizados sobre a retina3.

Três fatores principais decidem a capacidade do olho5 de refratar e focar a luz sobre a retina3: (1) o comprimento geral do olho5, (2) a curvatura da córnea6 e (3) a curvatura do cristalino7.

Um olho5 muito comprido fará com que a luz seja focada antes de chegar à retina3, causando miopia10. Um olho5 muito curto fará com que seja focada além da retina3, causando hipermetropia12. No caso de a córnea6 não ser perfeitamente esférica, em que essa correta focalização perfeita também não se dá, tem-se o astigmatismo13. Já uma curvatura muito acentuada do cristalino7 causará miopia10 e, se ele for muito plano, o resultado será a hipermetropia12.

Podem haver outros erros menos comuns de refração, relacionados a falhas na forma como os raios de luz são refratados ao atravessar o sistema ótico do olho5.

Quais são as características clínicas dos distúrbios de refração dos olhos1?

Os sintomas16 gerais comuns dos erros de refração incluem visão2 embaçada, visão2 dupla, visão2 turva, fadiga17 ocular, dores de cabeça18, estrabismo19, dificuldade ao trabalhar no computador ou ao ler e ver um halo brilhante ao redor de luzes brilhantes.

Mais especificamente, tem-se:

  1. miopia10, que faz com que a imagem dos objetos focalizados seja formada à frente da retina3, seja por uma menor distância focal do cristalino7 (mais curvo), seja por um alongamento anormal do olho5 ou por uma curvatura anormal da córnea6, o que faz com que a pessoa míope veja os objetos distantes como se estivessem embaçados (desfocados), embora os mais próximos possam ser vistos com melhor nitidez. A pessoa míope enxerga melhor de perto do que de longe. Por isso, é comum que ela procure aproximar dos olhos1 aqueles objetos que deseja visualizar ou contraia os olhos1 na tentativa de ver com mais clareza.
  2. hipermetropia12, que é uma alteração na focalização das imagens dos objetos percebidos, a qual passa a se formar para além da retina3. Isso acontece ou porque o globo ocular20 é um pouco menor do que o normal ou porque a córnea6 ou o cristalino7 têm o seu poder refrativo diminuído. A pessoa hipermétrope geralmente enxerga melhor de longe que de perto. Se um objeto situado longe do olho5 for se aproximando pouco a pouco, será visto cada vez mais embaçado. Ao tentar enxergar de perto (para ler, por exemplo) a pessoa não consegue focalizar a imagem e sente desconforto visual, geralmente referido como cansaço ou dor de cabeça18.
  3. O astigmatismo13, que é uma anomalia da visão2 que consiste na formação de vários focos da imagem percebida, em vários eixos diferentes. Nos casos de astigmatismo13, a curvatura da córnea6 é ovalada, e não redonda como normalmente, e esta alteração faz com que a luz se refrate em vários pontos da retina3, em vez de se focar em apenas um ponto, como é normal. As imagens percebidas ficam embaçadas e, tanto os objetos próximos como os distantes, aparecem como distorcidos, como se estivessem sendo vistos através de um vidro ondulado.
  4. presbiopia14 (ou "vista cansada"), que não é uma doença, mas uma involução natural da visão2. Ela é a perda progressiva da capacidade do olho5 para focalizar objetos próximos ou distantes, consequente ao envelhecimento, devido à perda de elasticidade21 do cristalino7 e da cápsula que o envolve, o que faz com que os músculos22 ciliares (pequenos músculos22 dentro do olho5 que modificam o formato do cristalino7) não mais consigam realizar uma acomodação capaz de gerar uma boa focalização das imagens.

Como diagnosticar os erros de refração dos olhos1?

Os erros de refração dos olhos1 devem ser diagnosticados pelo oftalmologista23, mediante testes adequados.

Como corrigir os erros de refração dos olhos1?

Os erros de refração são corrigidos por meio de óculos ou lentes de contato que procuram fazer as compensações refrativas necessárias. Em alguns raros casos, pode ser aconselhada a cirurgia refrativa.

Veja também sobre "Degeneração macular24", "Incômodo com a claridade - pode ser fotofobia25" e "Retinografia26".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do Hospital Clínic de Barcelona, do National Eye Institute e da Twin Lakes Vision Clinic.

ABCMED, 2022. Distúrbios de refração dos olhos. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1419950/disturbios-de-refracao-dos-olhos.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Olhos:
2 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
3 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
4 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
5 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
6 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
7 Cristalino: 1. Lente gelatinosa, elástica e convergente que focaliza a luz que entra no olho, formando imagens na retina. A distância focal do cristalino é modificada pelo movimento dos músculos ciliares, permitindo ajustar a visão para objetos próximos ou distantes. Isso se chama de acomodação do olho à distância do objeto. 2. Diz-se do grupo de cristais cujos eixos cristalográficos são iguais nas suas relações angulares gerais constantes 3. Diz-se de rocha constituída quase que totalmente por cristais ou fragmentos de cristais 4. Diz-se do que permite que passem os raios de luz e em consequência que se veja através dele; transparente. 5. Límpido, claro como o cristal.
8 Humor aquoso: Fluido aquosa e claro que preenche as câmaras anterior e posterior do olho. Apresenta um índice de refração menor que o cristalino, o qual está envolvido pelo humor aquoso, e está relacionado com o metabolismo da córnea e do cristalino.
9 Humor vítreo: É uma substância gelatinosa e viscosa, formada por substância amorfa semilíquida, fibras e células. Faz parte do corpo vítreo do olho. Está situado entre o cristalino e a retina.
10 Miopia: Incapacidade para ver de forma clara objetos que se encontram distantes do olho.Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais, e mais recentemente com o uso de cirurgia a laser.
11 Degenerativa: Relativa a ou que provoca degeneração.
12 Hipermetropia: Transtorno ocular em que existe uma dificuldade para ver objetos de perto. Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais e, mais recentemente, com o uso de cirurgia a laser.
13 Astigmatismo: Defeito de curvatura nas superfícies de refração do olho que produz transtornos de acuidade visual.
14 Presbiopia: Alteração da visão associada ao envelhecimento. Neste distúrbio existe uma maior rigidez do cristalino (órgão do olho que é responsável pela acomodação visual, ou seja, a propriedade que nos permite enxergar objetos próximos e distantes), que produz dificuldade para ver objetos próximos.
15 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
16 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
17 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
18 Cabeça:
19 Estrabismo: Desvio da posição de um ou ambos os globos oculares, secundária a uma alteração no sistema de músculos, tendões e nervos encarregados de dar aos olhos o movimento normal.
20 Globo ocular: O globo ocular recebe este nome por ter a forma de um globo, que por sua vez fica acondicionado dentro de uma cavidade óssea e protegido pelas pálpebras. Ele possui em seu exterior seis músculos, que são responsáveis pelos movimentos oculares, e por três camadas concêntricas aderidas entre si com a função de visão, nutrição e proteção. A camada externa (protetora) é constituída pela córnea e a esclera. A camada média (vascular) é formada pela íris, a coroide e o corpo ciliar. A camada interna (nervosa) é constituída pela retina.
21 Elasticidade: 1. Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração, e retornar parcial ou totalmente à forma original. 2. Flexibilidade, agilidade física. 3. Ausência de senso moral.
22 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
23 Oftalmologista: Médico especializado em diagnosticar e tratar as doenças que acometem os olhos. Podem prescrever óculos de grau e lentes de contato.
24 Degeneração macular: A degeneração macular destrói gradualmente a visão central, afetando a mácula, parte do olho que permite enxergar detalhes finos necessários para realizar tarefas diárias tais como ler e dirigir. Existem duas formas - úmida e seca. Na forma úmida, há crescimento anormal de vasos sanguíneos no fundo do olho, podendo extravasar fluidos que prejudicam a visão central. Na forma seca, que é a mais comum e menos grave, há acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina, aliado a graus variáveis de atrofia do tecido retiniano, causando uma perda visual central, de progressão lenta, podendo dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever ou a identificação de traços de fisionomia.
25 Fotofobia: Dor ocular ou cefaléia produzida perante estímulos visuais. É um sintoma freqüente na meningite, hemorragia subaracnóidea, enxaqueca, etc.
26 Retinografia: É uma fotografia da retina ou do nervo óptico que é feita com auxílio do retinógrafo. As principais indicações são para diagnóstico e acompanhamento das doenças vítreo retinianas, glaucoma e doenças do nervo óptico. O exame deve ser feito com a pupila dilatada e demora cerca de 5 a 10 minutos.
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