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Miopia degenerativa

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O que é miopia1?

Uma visão2 normal depende, dentre outros fatores, de que as estruturas do olho3 façam os raios luminosos captados no exterior convergirem exatamente sobre os pontos sensíveis da retina4. A miopia1 (ou hipometropia) faz com que a imagem dos objetos focalizados seja formada à frente da retina4, seja por uma menor distância focal do cristalino5, seja por um alongamento anormal do olho3 ou por uma curvatura anormal da córnea6.

Isso faz com que a pessoa míope veja os objetos distantes como se estivessem borrados (desfocados), embora os mais próximos possam ser vistos com melhor nitidez. Por isso, é comum que ela procure aproximar dos olhos7 aqueles objetos que deseja visualizar ou contraia os olhos7 na tentativa de ver com mais clareza.

A alta miopia1 é definida como erro refrativo de pelo menos -6,00D ou um comprimento axial do olho3 de 26,5mm ou mais.

O que é miopia1 degenerativa8?

A miopia1 degenerativa8, também chamada miopia1 patológica ou maligna, é uma forma grave de miopia1, acompanhada por alterações degenerativas9 que ocorrem maiormente no segmento posterior do globo ocular10, causando danos à retina4.

Em estudos iniciais, a definição de miopia1 degenerativa8 (patológica) girava em torno de uma combinação de erro refrativo e comprimento axial do olho3, o que pode simplesmente refletir alto grau de miopia1. Além disso, os valores de corte escolhidos não contavam com uma aceitação generalizada.

Nos últimos anos, a definição de miopia1 patológica mudou para “a presença de maculopatia míope igual ou mais grave do que a atrofia11 coriorretiniana difusa”. Segundo a American Academy of Ophthalmology, a miopia1 degenerativa8 é um tipo raro de alta miopia1 que afeta cerca de 3% da população mundial.

Leia também sobre "Astigmatismo12", "Presbiopia13 ou vista cansada" e "Hipermetropia14". 

Quais são as causas da miopia1 degenerativa8?

A miopia1 degenerativa8 comumente é hereditária e ocorre mais frequentemente em indivíduos de ascendência chinesa, japonesa ou judaica. Fatores ambientais também desempenham um papel no desenvolvimento da miopia1. Os papéis das variantes genéticas conhecidas, associadas à miopia1, ainda não foram bem estabelecidas no desenvolvimento da miopia1 degenerativa8.

Os fatores de risco primários para miopia1 degenerativa8 incluem idade avançada, comprimento axial do olho3 maior que o normal e uma história familiar de miopia1. No momento, o papel do nível de educação no desenvolvimento da miopia1 degenerativa8 não está claro.

Qual é o substrato fisiopatológico da miopia1 degenerativa8?

A miopia1 degenerativa8 está associada a diversas alterações degenerativas9 na parte posterior do olho3. Entre elas estão o crescimento anormal de vasos sanguíneos15 na coroide16, o descolamento da retina4, a catarata17 e o glaucoma18. Portanto, além da dificuldade de enxergar objetos que estão distantes, outros sintomas19 como distorção de linhas retas ou pontos cegos na visão2 comumente estão relacionados com a miopia1 degenerativa8 e outras alterações degenerativas9.

Quais são as características clínicas da miopia1 degenerativa8?

A miopia1 degenerativa8 começa na infância e se torna mais grave à medida que o globo ocular10 cresce, mas como a criança passa a maior parte do tempo exercendo sua visão2 para perto, ela não chega a acusar um distúrbio visual. Já na adolescência ou no início da idade adulta, ajudada pela progressão da doença, a pessoa acusa um comprometimento severo da visão2. Essa perda da visão2, além de ser progressiva, é irreversível e afeta os indivíduos nos anos mais produtivos de suas vidas.

A diminuição da visão2 e a fadiga20 ocular são alguns dos sintomas19 mais comuns associados à miopia1 degenerativa8. Esses sintomas19 podem aparecer especialmente durante atividades que exigem foco visual constante, como dirigir ou praticar um esporte específico. Outros sinais21 e sintomas19 comuns de miopia1 degenerativa8 incluem visão2 embaçada, dores de cabeça22 e sensibilidade à luz. Se ocorrer descolamento da retina4, o paciente pode ter sintomas19 relacionados à retina4, como moscas volantes e flashes luminosos.

Como o médico diagnostica a miopia1 degenerativa8?

A miopia1 degenerativa8 é diagnosticada através de um exame oftalmológico de rotina. Se for detectada miopia1 grave, o médico provavelmente também realizará um exame da retina4. Como a miopia1 degenerativa8 começa na primeira infância, é provável que o diagnóstico23 da condição seja feito antes do início da idade adulta.

Como o médico trata a miopia1 degenerativa8?

A miopia1 degenerativa8 não tem cura. O tratamento possível inclui a correção da miopia1 com vários recursos para melhorar a visão2 à distância e para monitorar as alterações na retina4. Para ajudar a melhorar a qualidade da visão2, existem diferentes opções de tratamento que o oftalmologista24 considerará, juntamente ao paciente. Ele poderá:

  • fazer uma prescrição de óculos de lentes grossas, sendo que algumas pessoas podem usar lentes de contato em vez de óculos;
  • implantar lentes intraoculares que podem substituir as lentes naturais dos olhos7;
  • receitar medicamentos que impedem a formação de novos vasos sanguíneos15 na retina4, o que pode causar degeneração macular25;
  • indicar uma vitrectomia, que remove parte ou todo o gel vítreo26 de dentro do olho3.

Apesar de não ter cura, o tratamento com óculos ou lentes é capaz de barrar a progressão da miopia1 patológica e, em alguns casos, até recuperar parte da visão2 perdida. O oftalmologista24 deve discutir com o paciente sobre essas ou outras opções de tratamentos disponíveis e sobre a necessidade de cuidados de acompanhamento.

Quais são as complicações possíveis da miopia1 degenerativa8?

Uma das complicações mais graves da miopia1 degenerativa8 é o descolamento de retina4, que pode ocorrer quando o erro refrativo é muito alto.

Veja sobre "Descolamento de retina4", "Fotofobia27" e "Deficiência visual".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do sites do NIH – National Institutes of Health.

ABCMED, 2022. Miopia degenerativa. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1414615/miopia-degenerativa.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Miopia: Incapacidade para ver de forma clara objetos que se encontram distantes do olho.Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais, e mais recentemente com o uso de cirurgia a laser.
2 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
3 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
4 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
5 Cristalino: 1. Lente gelatinosa, elástica e convergente que focaliza a luz que entra no olho, formando imagens na retina. A distância focal do cristalino é modificada pelo movimento dos músculos ciliares, permitindo ajustar a visão para objetos próximos ou distantes. Isso se chama de acomodação do olho à distância do objeto. 2. Diz-se do grupo de cristais cujos eixos cristalográficos são iguais nas suas relações angulares gerais constantes 3. Diz-se de rocha constituída quase que totalmente por cristais ou fragmentos de cristais 4. Diz-se do que permite que passem os raios de luz e em consequência que se veja através dele; transparente. 5. Límpido, claro como o cristal.
6 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
7 Olhos:
8 Degenerativa: Relativa a ou que provoca degeneração.
9 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
10 Globo ocular: O globo ocular recebe este nome por ter a forma de um globo, que por sua vez fica acondicionado dentro de uma cavidade óssea e protegido pelas pálpebras. Ele possui em seu exterior seis músculos, que são responsáveis pelos movimentos oculares, e por três camadas concêntricas aderidas entre si com a função de visão, nutrição e proteção. A camada externa (protetora) é constituída pela córnea e a esclera. A camada média (vascular) é formada pela íris, a coroide e o corpo ciliar. A camada interna (nervosa) é constituída pela retina.
11 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
12 Astigmatismo: Defeito de curvatura nas superfícies de refração do olho que produz transtornos de acuidade visual.
13 Presbiopia: Alteração da visão associada ao envelhecimento. Neste distúrbio existe uma maior rigidez do cristalino (órgão do olho que é responsável pela acomodação visual, ou seja, a propriedade que nos permite enxergar objetos próximos e distantes), que produz dificuldade para ver objetos próximos.
14 Hipermetropia: Transtorno ocular em que existe uma dificuldade para ver objetos de perto. Origina-se de uma alteração dos meios de refração do olho, alteração esta que pode ser corrigida com o uso de lentes especiais e, mais recentemente, com o uso de cirurgia a laser.
15 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
16 Coroide: 1. Que se assemelha a qualquer membrana e especialmente ao cório. 2. Na oftalmologia, diz-se de ou membrana que envolve o olho, situada entre a esclera e a retina.
17 Catarata: Opacificação das lentes dos olhos (opacificação do cristalino).
18 Glaucoma: É quando há aumento da pressão intra-ocular e danos ao nervo óptico decorrentes desse aumento de pressão. Esses danos se expressam no exame de fundo de olho e por alterações no campo de visão.
19 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
20 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
21 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
22 Cabeça:
23 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
24 Oftalmologista: Médico especializado em diagnosticar e tratar as doenças que acometem os olhos. Podem prescrever óculos de grau e lentes de contato.
25 Degeneração macular: A degeneração macular destrói gradualmente a visão central, afetando a mácula, parte do olho que permite enxergar detalhes finos necessários para realizar tarefas diárias tais como ler e dirigir. Existem duas formas - úmida e seca. Na forma úmida, há crescimento anormal de vasos sanguíneos no fundo do olho, podendo extravasar fluidos que prejudicam a visão central. Na forma seca, que é a mais comum e menos grave, há acúmulo de resíduos do metabolismo celular da retina, aliado a graus variáveis de atrofia do tecido retiniano, causando uma perda visual central, de progressão lenta, podendo dificultar a realização de algumas atividades como ler e escrever ou a identificação de traços de fisionomia.
26 Vítreo: 1. Substância gelatinosa e transparente que preenche o espaço interno do olho. 2. Com a transparência do vidro; claro, límpido, translúcido. 3. Relativo a ou próprio de vidro.
27 Fotofobia: Dor ocular ou cefaléia produzida perante estímulos visuais. É um sintoma freqüente na meningite, hemorragia subaracnóidea, enxaqueca, etc.
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