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Entrópio e Ectrópio

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O que são entrópio1 e ectrópio2?

O entrópio1 é uma condição na qual a pálpebra se volta para dentro, de modo que os cílios3 e a pele4 se atritam contra a superfície do olho5. Ao inverso, no ectrópio2 a pálpebra se volta para fora, deixando sua superfície interna exposta e propensa à irritação.

Quais são a causas do entrópio1 e do ectrópio2?

O entrópio1 pode ser causado por:

  1. fraqueza muscular, à medida que a pessoa envelhece;
  2. cicatrizes6 ou cirurgias anteriores;
  3. inflamações7;
  4. complicação do desenvolvimento (entrópio1 congênito8);
  5. queimaduras e traumas.

O ectrópio2, por sua vez, pode ser causado por alguns fatores identificáveis:

  1. à medida que a pessoa envelhece, os músculos9 sob os olhos10 tendem a enfraquecer e os tendões11 se esticam, favorecendo a eversão da pálpebra;
  2. paralisia12 facial, que pode paralisar os nervos que controlam as pálpebras13;
  3. cicatrizes6 ou cirurgias anteriores;
  4. queimaduras ou traumas;
  5. blefaroplastia14 (cirurgia da pálpebra);
  6. crescimento benigno ou cancerígeno na pálpebra;
  7. distúrbios genéticos (ectrópio2 congênito8).
Leia sobre "Tumores palpebrais", "Ptose15 palpebral", "Blefarite16" e "Terçol ou hordéolo".

Qual é o mecanismo fisiológico17 do entrópio1 e do ectrópio2?

Normalmente, quando uma pessoa pisca, suas pálpebras13 distribuem as lágrimas uniformemente sobre a superfície dos olhos10, mantendo-os lubrificados. Em seguida, essas lágrimas são drenadas para a cavidade nasal18 por pequenas aberturas na parte interna das pálpebras13. Se a pessoa tiver entrópio1 ou ectrópio2, a pálpebra se afasta do olho5, fazendo com que as lágrimas não escoem adequadamente e escorram pelo rosto.

Quais são as principais características clínicas do entrópio1 e do ectrópio2?

O entrópio1 pode acontecer de maneira continuada, o tempo todo, ou apenas quando a pessoa pisca forte ou fecha os olhos10. Em ambos os casos, causa irritação dos olhos10 e desconforto. O entrópio1 é mais comum em idosos e geralmente afeta apenas a pálpebra inferior.

Os sinais19 e sintomas20 resultam do atrito dos cílios3 e/ou da pálpebra externa contra a superfície do olho5. O paciente experimenta sensação de ter um corpo estranho em seu olho5, vermelhidão, irritação, dor nos olhos10, sensibilidade à luz e ao vento, olhos10 lacrimejantes, secreção mucosa21 e crostas nas pálpebras13.

O ectrópio2 também é mais comum em idosos e também afeta apenas a pálpebra inferior. Em ectrópios graves, a pálpebra é afetada em toda a sua extensão. Nos casos menos graves, apenas um segmento da pálpebra afasta-se do olho5.

Os sinais19 e sintomas20 do ectrópio2 também incluem olhos10 lacrimejantes, além de sensação de secura excessiva, aridez e areia nos olhos10, irritação nos olhos10, sensação de ardor22 e vermelhidão nas pálpebras13 e no branco dos olhos10 e maior sensibilidade à luz.

Como o médico diagnostica o entrópio1 e o ectrópio2?

O entrópio1 pode ser diagnosticado num exame oftalmológico e físico de rotina. Num exame físico, o médico pode pedir que a pessoa pisque ou feche os olhos10 com força, porque isso ajudará a avaliar a posição da pálpebra no olho5, o tônus muscular23 e o fechamento dos olhos10. O médico poderá, então, avaliar o tônus muscular23 da pálpebra.

O ectrópio2, tal como o entrópio1, pode ser facilmente reconhecido num exame físico e oftalmológico.

Como o médico trata o entrópio1 e ectrópio2?

O tratamento do entrópio1 depende da sua causa. Tratamentos não-cirúrgicos visam aliviar os sintomas20 e proteger os olhos10 de maiores danos. Lágrimas artificiais e pomadas lubrificantes podem ajudar a aliviar os sintomas20 do entrópio1, mas, em muitos casos, a cirurgia é necessária para corrigir completamente a condição.

O tratamento correto do ectrópio2 e a técnica cirúrgica adequada dependem das suas causas. Também aqui as lágrimas artificiais e as pomadas lubrificantes podem ajudar a aliviar os sintomas20, mas muitos pacientes necessitam da cirurgia para corrigir em definitivo a condição.

Se houver sangramento após a cirurgia, deve-se usar uma compressa de gelo por 15 minutos e repetir essa prática se o sangramento continuar.

Quais são as complicações possíveis do entrópio1 e do ectrópio2?

Se não for tratado, o entrópio1 pode causar danos à córnea24, infecções25 oculares, danos e perda de visão26. O ectrópio2 deixa a córnea24 irritada e exposta, tornando-a mais suscetível à secagem. O resultado pode ser escoriações27 e úlceras28 na córnea24, o que pode ameaçar a visão26.

A cirurgia para corrigir o ectrópio2 é geralmente muito bem sucedida, mas pode comportar algumas complicações. Algumas pessoas podem exigir um segundo procedimento, se a cirurgia inicial não corrigir completamente a posição da pálpebra ou se o ectrópio2 ocorrer novamente, o que, no entanto, é raro.

Veja também sobre "Perda súbita da visão26", "Enoftalmia e exoftalmia", "Pálpebras13 inchadas" e "Lagoftalmo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites da Mayo Clinic e da Cleveland Clinic.

ABCMED, 2022. Entrópio e Ectrópio. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-dos-olhos/1410620/entropio-e-ectropio.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Entrópio: Em medicina, é a inversão ou reviramento para dentro de uma parte anatômica. Na oftalmologia, é o reviramento, para o globo ocular, da borda interna de uma pálpebra.
2 Ectrópio: Reviramento da pálpebra; ectrópion.
3 Cílios: Populações de processos móveis e delgados que são encontrados revestindo a superfície dos ciliados (CILIÓFOROS) ou a superfície livre das células e que constroem o EPITÉLIO ciliado. Cada cílio nasce de um grânulo básico na camada superficial do CITOPLASMA. O movimento dos cílios propele os ciliados através do líquido no qual vivem. O movimento dos cílios em um epitélio ciliado serve para propelir uma camada superficial de muco ou fluido.
4 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
5 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
6 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
7 Inflamações: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc. Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
8 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
9 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
10 Olhos:
11 Tendões: Tecidos fibrosos pelos quais um músculo se prende a um osso.
12 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
13 Pálpebras:
14 Blefaroplastia: Cirurgia plástica ou estética para corrigir as deformidades causadas pelo excesso de pele e de bolsas de gordura nas pálpebras superiores e/ou inferiores.
15 Ptose: Literalmente significa “queda” e aplica-se em distintas situações para significar uma localização inferior de um órgão ou parte dele (ptose renal, ptose palpebral, etc.).
16 Blefarite: Inflamação do bordo externo das pálpebras ou pestanas. Também conhecida como palpebrite, sapiranga, sapiroca ou tarsite.
17 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
18 Cavidade Nasal: Porção proximal da passagem respiratória em cada lado do septo nasal, revestida por uma mucosa ciliada extendendo-se das narinas até a faringe.
19 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
22 Ardor: 1. Calor forte, intenso. 2. Mesmo que ardência. 3. Qualidade daquilo que fulge, que brilha. 4. Amor intenso, desejo concupiscente, paixão.
23 Tônus muscular: Estado de tensão elástica (contração ligeira) que o músculo apresenta em repouso e que lhe permite iniciar a contração imediatamente depois de receber o impulso dos centros nervosos. Num estado de relaxamento completo (sem tônus), o músculo levaria mais tempo para iniciar a contração.
24 Córnea: Membrana fibrosa e transparente presa à esclera, constituindo a parte anterior do olho.
25 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
26 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
27 Escoriações: Ato ou efeito de escoriar-se; esfolar-se, ferir-se.
28 Úlceras: Feridas superficiais em tecido cutâneo ou mucoso que podem ocorrer em diversas partes do organismo. Uma afta é, por exemplo, uma úlcera na boca. A úlcera péptica ocorre no estômago ou no duodeno (mais freqüente). Pessoas que sofrem de estresse são mais susceptíveis a úlcera.
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