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Cirurgia da próstata: quando ela deve ser feita?

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O que é a próstata1?

A próstata1 é uma glândula2 reprodutiva masculina que produz o fluido que carrega o esperma3, situada na base da bexiga4. Ela envolve a uretra5, tubo final de excreção da urina6, que passa por dentro dela. A próstata1 cresce bastante com o passar da idade, podendo atingir várias vezes seu tamanho inicial. Esse crescimento geralmente causa problemas urinários aos idosos. Quando essa glândula2 apenas cresce e não sofre mutação7 nas suas células8 fala-se de hiperplasia9 benigna da próstata1. Se a próstata1 cresce para fora, sem comprimir a uretra5, não gera sintomas10. A glândula2 também cresce no câncer11 da próstata1, mas nestes casos formam-se nódulos que podem ser notados pelo urologista12 por meio do toque retal. A incidência13 do câncer11 de próstata1 aumenta muito com a progressão da idade (13% aos 60 anos, 45% aos 80 anos e 100% aos 100 anos).

Quando se deve fazer a cirurgia da próstata1?

Consideremos um paciente com hiperplasia9 benigna da próstata1. Nesses casos, a opinião do paciente é muito importante porque ela não ameaça a sua vida, mas o seu conforto, e só exige cirurgia quando as consequências que acarreta se tornam muito incomodativas ou comprometem demais a qualidade de vida da pessoa. A principal consequência dela é que aumenta muito a frequência com que a pessoa tem de urinar, ocasiona alguma dificuldade de urinar, diminui muito a força do jato urinário e a quantidade de urina6 eliminada a cada vez. Esses sintomas10 são muito incomodativos, sobretudo à noite, acordando o paciente por diversas vezes durante o sono. Enquanto os sintomas10 forem menos intensos e não forem sentidos como um incômodo muito grande, a cirurgia não deve ser feita. Algumas medicações, como a finasterida, por exemplo, podem diminuir um pouco o tamanho da próstata1. Os bloqueadores alfa-adrenérgicos14 podem abrir o canal da uretra5 e por vezes aliviar os sintomas10, fazendo com que os pacientes passem a urinar melhor.

Como se processa a cirurgia da próstata1?

Nos casos de hiperplasia9 benigna da próstata1 a cirurgia é feita por via uretral15 e chamada de ressecção transuretral16 de próstata1. O cirurgião introduz através da uretra5 um endoscópio (fino tubo contendo uma câmera de TV na sua extremidade) e retira a porção do tecido17 prostático que a esteja comprimido. O paciente pode deixar o hospital depois de dois dias, após retirar a sonda que foi colocada na sua uretra5, mas no mesmo dia já pode assentar-se e ver televisão, por exemplo. Os receios dos pacientes de que essa cirurgia possa causar impotência18 sexual e incontinência urinária19 não têm muito fundamento e ela, na verdade, quase nunca chega a prejudicar a função sexual nem a micção20. Recentemente, têm sido tentados outros métodos alternativos para solucionar os problemas causados pela hiperplasia9 benigna da próstata1, como a crioterapia21, a aplicação de raios laser e a infiltração da glândula2 com álcool absoluto, etc., mas essas técnicas ainda não têm um uso extensivo.

Nos casos de câncer11 de próstata1, deve-se procurar saber se o tumor22 se localiza dentro ou fora da glândula2, porque isso fará diferença no tratamento. Se ele é interno pode-se fazer cirurgia, radioterapia23 ou braquiterapia24. Se externo, pode ser tratado com hormônios e optar-se por fazer ou não cirurgia e radioterapia23. A cirurgia para o caso - prostatectomia aberta - pode ser feita com anestesia25 geral ou espinhal e consiste da retirada da próstata1, e com ela, do tumor22, por meio de uma incisão26 feita abaixo do umbigo27 ou no períneo28. Nesse caso, o paciente permanece no hospital por quatro ou cinco dias, pelo menos. A radioterapia23 consiste na aplicação diária, durante seis a sete semanas, de um feixe concentrado de irradiação. É um tratamento mais simples do que a cirurgia, mas os resultados podem não ser tão radicais. A braquiterapia24 é uma modalidade de radioterapia23. Consiste na colocação de agulhas na próstata1 do paciente, através das quais são implantadas sementes radioativas dentro da glândula2.

Como evolui a cirurgia da próstata1?

A cirurgia de hiperplasia9 benigna da próstata1 geralmente é bem sucedida e definitiva e quase nunca ocorrem complicações.

As recidivas29 e a necessidade de uma nova cirurgia apenas ocorrem em 4 a 5% dos casos.

A cirurgia de hiperplasia9 benigna da próstata1 é segura.

No caso de câncer11 da próstata1, a cirurgia é o método que oferece melhores porcentagens de cura, apesar do risco maior de impotência18 sexual e de perda involuntária30 de urina6.

Quais são as medidas que em alguns casos podem dispensar ou protelar a cirurgia da próstata1?

  • Urine prontamente, assim que sentir vontade.
  • Programe suas micções31 com menores intervalos de tempo, mesmo que não sinta necessidade de urinar.
  • Urine sempre antes de dormir.
  • Evite o álcool e a cafeína, sobretudo à noite. Essas substâncias excitam a bexiga4.
  • Divida os líquidos ao longo do dia e não beba uma grande quantidade de uma vez.
  • Evite tomar líquidos antes de dormir.
  • Procure reduzir o estresse, porque ele pode levar a uma micção20 mais frequente.
  • Use medicamentos, conforme orientação médica. 
ABCMED, 2013. Cirurgia da próstata: quando ela deve ser feita?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-do-homem/512889/cirurgia-da-prostata-quando-ela-deve-ser-feita.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
2 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
3 Esperma: Esperma ou sêmen. Líquido denso, gelatinoso, branco acinzentado e opaco, que contém espermatozoides e que serve para conduzi-los até o óvulo. O esperma é o líquido da ejaculação. Ele é composto de plasma seminal e espermatozoides. Este plasma contém nutrientes que alimentam e protegem os espermatozoides.
4 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
5 Uretra: É um órgão túbulo-muscular que serve para eliminação da urina.
6 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
7 Mutação: 1. Ato ou efeito de mudar ou mudar-se. Alteração, modificação, inconstância. Tendência, facilidade para mudar de ideia, atitude etc. 2. Em genética, é uma alteração súbita no genótipo de um indivíduo, sem relação com os ascendentes, mas passível de ser herdada pelos descendentes.
8 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
9 Hiperplasia: Aumento do número de células de um tecido. Pode ser conseqüência de um estímulo hormonal fisiológico ou não, anomalias genéticas no tecido de origem, etc.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
12 Urologista: Médico especializado em tratar pessoas com problemas no trato urinário e homens com problemas nos órgãos genitais, como impotência.
13 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
14 Adrenérgicos: Que agem sobre certos receptores específicos do sistema simpático, como o faz a adrenalina.
15 Uretral: Relativo ou pertencente à uretra.
16 Transuretral: Que se situa ou se realiza através da uretra.
17 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
18 Impotência: Incapacidade para ter ou manter a ereção para atividades sexuais. Também chamada de disfunção erétil.
19 Incontinência urinária: Perda do controle da bexiga que provoca a passagem involuntária de urina através da uretra. Existem diversas causas e tipos de incontinência e muitas opções terapêuticas. Estas vão desde simples exercícios de fisioterapia até complicadas cirurgias. As mulheres são mais freqüentemente acometidas por este problema.
20 Micção: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
21 Crioterapia: Processo terapêutico baseado em aplicações de gelo, neve carbônica e outros veículos de frio intenso.
22 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
23 Radioterapia: Método que utiliza diversos tipos de radiação ionizante para tratamento de doenças oncológicas.
24 Braquiterapia: Modalidade de Radioterapia na qual o elemento radioativo é colocado em proximidade ou dentro do órgão a ser tratado. Para isto são utilizados elementos radioativos específicos, de pequeno tamanho e formas variadas, que são colocados na posição de tratamento através de guias chamados cateteres ou sondas.
25 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
26 Incisão: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
27 Umbigo: Depressão no centro da PAREDE ABDOMINAL, marcando o ponto onde o CORDÃO UMBILICAL entrava no feto. OMPHALO- (navel)
28 Períneo: Região que constitui a base do púbis, onde estão situados os órgãos genitais e o ânus.
29 Recidivas: 1. Em medicina, é o reaparecimento de uma doença ou de um sintoma, após período de cura mais ou menos longo; recorrência. 2. Em direito penal, significa recaída na mesma falta, no mesmo crime; reincidência.
30 Involuntária: 1.    Que se realiza sem intervenção da vontade ou que foge ao controle desta, automática, inconsciente, espontânea. 2.    Que se encontra em uma dada situação sem o desejar, forçada, obrigada.
31 Micções: Emissão natural de urina por esvaziamento da bexiga.
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Comentários

20/02/2015 - Comentário feito por Vicente
No final do mês de Janeiro fiz uma "...
No final do mês de Janeiro fiz uma "Biopsia da próstata" a pedido médico. Apos o carnaval peguei o resultado que indica: "Hiperplasia benigna da próstata" fiquei mais tranquilo ao ver o significado e tratamento, ou cirurgia, apos pesquisar e encontrar este site www.abc.med.br. Minha consulta sera´no final de Fevereiro, mas já estou preparado e orientado para falar com meu Médico. Grato

03/11/2014 - Comentário feito por Lula
A minha nota para todo o artigo é a m&aa...
A minha nota para todo o artigo é a máxima. Passarei essa semana por uma intervenção cirúrgica, HPB e estava ancioso, agora sendo orientado estou mais tranquilo. Obrigado.

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