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O que é Kwashiorkor?

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O que é Kwashiorkor1?

Kwashiorkor1 é a condição causada no indivíduo pela deficiência severa de proteínas2. A doença foi primeiramente reconhecida pelo pediatra jamaicano Cicely Williams e esse nome foi dado a partir de um dos dialetos de Gana, que descreve a condição nutricional em que a criança mais velha é retirada do peito3 quando nasce um irmão mais novo.

Quais são as causas do Kwashiorkor1?

O Kwashiorkor1 é causado por uma deficiência de proteína na dieta alimentar. É a mais grave e a mais comum das deficiências nutricionais nos países subdesenvolvidos e em áreas ou situações de fome prolongadas. Muitas vezes o Kwashiorkor1 ocorre em famílias miseráveis de países muito pobres, quando nasce um segundo filho e a mãe necessita dar todo o seu leite a ele, em prejuízo do anterior. Com isto a primeira criança passa a ter uma alimentação de baixa qualidade nutricional, com pouca proteína e predomínio de carboidratos. O Kwashiorkor1 pode ocorrer em qualquer lugar, apesar de ser mais comum em locais como a África rural, o Caribe e o Sudeste da Ásia.

Qual é a fisiopatologia4 do Kwashiorkor1?

A falta extrema de proteínas2 provoca um desequilíbrio osmótico5 no sistema gastrointestinal causando edema6 e retenção de água. A retenção de fluidos observada em indivíduos que sofrem de Kwashiorkor1 é resultado direto de mau funcionamento do sistema linfático7 e das trocas capilares8. O sistema linfático7 serve a três propósitos principais: (1) recuperação de fluidos, realizada pela reabsorção de água e proteínas2; (2) imunidade9 e (3) absorção de lipídios.

As vítimas de Kwashiorkor1 comumente apresentam deficiência nessas três atividades, resultando num estado de desnutrição10 grave. A troca capilar11 entre o sistema linfático7 e a circulação12 sanguínea é atrofiada devido à incapacidade do corpo para superar de forma eficaz o gradiente de pressão hidrostática13. As proteínas2, principalmente albumina14, são responsáveis por criar a pressão osmótica coloidal15 que faz a recuperação de fluidos. A pressão oncótica16 opõe-se à pressão hidrostática13 e tende a retirar água de volta para os capilares8, mas devido à falta de proteínas2 não há pressão suficiente para extrair fluidos dos tecidos e isso causa inchaço17 e distensão do abdome18.

Quais são os principais sinais19 e sintomas20 do Kwashiorkor1?

A doença afeta principalmente as crianças. Os sinais19 e sintomas20 do Kwashiorkor1 são edema6 dos pés e tornozelos, abdômen distendido, queda de cabelo21, perda de dentes, despigmentação da pele22, irritabilidade, anorexia23 e aumento do fígado24 com infiltrados gordos. Outro sintoma25 da desnutrição10 é a caquexia26, embora ela seja muitas vezes causada por doenças subjacentes.

A baixa ingestão de proteína leva ainda a outros sinais19 específicos como uma erupção27 descamativa e descoloração do cabelo21. A distensão abdominal deve-se a uma ascite28, por causa de hipoalbuminemia29, e ao aumento de volume do fígado24. Em geral, as crianças com Kwashiorkor1 mostram cabelos brancos ou avermelhados, pele22 ressecada, inflamada e despigmentada, profunda apatia30, fraqueza, tristeza, olhos31 avermelhados e abdômen distendido.

As vítimas de Kwashiorkor1 não produzem anticorpos32 após a vacinação contra as doenças. Em climas secos, o marasmo33 é a doença mais frequentemente associada à desnutrição10.

Como o médico diagnostica o Kwashiorkor1?

O diagnóstico34 do Kwashiorkor1 não é complicado, já que as manifestações clínicas são evidentes. Além disso, o médico se valerá também do histórico médico da pessoa.

Como o médico trata o Kwashiorkor1?

De um modo geral, o Kwashiorkor1 pode ser tratado através da adição de proteína na dieta. Uma dieta balanceada permitirá ao indivíduo ir se reabilitando progressivamente. Entretanto, é normal muitas crianças morrerem devido às complicações da subnutrição. Juntamente à melhora na alimentação é necessário que outras possíveis doenças provenientes da condição sejam tratadas pelos meios próprios.

Como prevenir o Kwashiorkor1?

O Kwashiorkor1 pode ser prevenido através de uma dieta que contenha proteínas2.

Como evolui o Kwashiorkor1?

Quando detectado precocemente o Kwashiorkor1 possui um prognóstico35 positivo. No entanto, pode causar um retardo no desenvolvimento físico e mental de uma criança, às vezes muito significativo, além de uma série de infecções36, de doenças cardíacas e em casos graves e continuados pode levar à morte. O prejuízo mental pode ser sanado quando detectado a tempo.

Quais são as complicações possíveis do Kwashiorkor1?

O crescimento fica prejudicado, assim com a imunidade9, a cicatrização, a produção de hormônios e de enzimas.

ABCMED, 2015. O que é Kwashiorkor?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/808624/o-que-e-kwashiorkor.htm>. Acesso em: 16 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Kwashiorkor: Variedade de desnutrição infantil, caracterizada por uma carência absoluta ou relativa do aporte de proteínas, em presença de oferta (ainda que pequena) de carboidratos. É caracterizada por lesões de pele e edema generalizado, fazendo com que a criança “não pareça desnutrida” devido a seu peso falseado pela presença do líquido de edema.
2 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
3 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
4 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
5 Osmótico: Relativo à osmose, ou seja, ao fluxo do solvente de uma solução pouco concentrada, em direção a outra mais concentrada, que se dá através de uma membrana semipermeável.
6 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
7 Sistema Linfático: Um sistema de órgãos e tecidos que processa e transporta células imunes e LINFA.
8 Capilares: Minúsculos vasos que conectam as arteríolas e vênulas.
9 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
10 Desnutrição: Estado carencial produzido por ingestão insuficiente de calorias, proteínas ou ambos. Manifesta-se por distúrbios do desenvolvimento (na infância), atrofia de tecidos músculo-esqueléticos e caquexia.
11 Capilar: 1. Na medicina, diz-se de ou tubo endotelial muito fino que liga a circulação arterial à venosa. Qualquer vaso. 2. Na física, diz-se de ou tubo, em geral de vidro, cujo diâmetro interno é diminuto. 3. Relativo a cabelo, fino como fio de cabelo.
12 Circulação: 1. Ato ou efeito de circular. 2. Facilidade de se mover usando as vias de comunicação; giro, curso, trânsito. 3. Movimento do sangue, fluxo de sangue através dos vasos sanguíneos do corpo e do coração.
13 Hidrostática: Parte da física que estuda os líquidos e os gases em repouso, sob ação de um campo gravitacional constante, como ocorre quando estamos na superfície da Terra.
14 Albumina: Proteína encontrada no plasma, com importantes funções, como equilíbrio osmótico, transporte de substâncias, etc.
15 Pressão osmótica coloidal: É a pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo, também conhecida como pressão oncótica. No plasma sanguíneo, os componentes dissolvidos possuem uma pressão osmótica. A diferença entre a pressão osmótica exercida pelas proteínas plasmáticas (pressão osmótica coloidal) no plasma sanguíneo e a pressão exercida pelas proteínas fluidas no tecido é chamada de pressão oncótica.
16 Pressão oncótica: É a pressão osmótica gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo. No plasma sanguíneo, os componentes dissolvidos possuem uma pressão osmótica. A diferença entre a pressão osmótica exercida pelas proteínas plasmáticas (pressão osmótica coloidal) no plasma sanguíneo e a pressão exercida pelas proteínas fluidas no tecido é chamada de pressão oncótica.
17 Inchaço: Inchação, edema.
18 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
19 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
20 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
21 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
22 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
23 Anorexia: Perda do apetite ou do desejo de ingerir alimentos.
24 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
25 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
26 Caquexia: Estado de involução geral caracterizado por perda de peso, astenia e incapacidade de desempenhar atividades mínimas. Pode acompanhar estados terminais das doenças crônicas (SIDA, insuficiência cardíaca, insuficiência respiratória). Também se pode aplicar este termo a um órgão determinado, quando o mesmo se encontra afetado por um transtorno incapacitante terminal (caquexia cardíaca).
27 Erupção: 1. Ato, processo ou efeito de irromper. 2. Aumento rápido do brilho de uma estrela ou de pequena região da atmosfera solar. 3. Aparecimento de lesões de natureza inflamatória ou infecciosa, geralmente múltiplas, na pele e mucosas, provocadas por vírus, bactérias, intoxicações, etc. 4. Emissão de materiais magmáticos por um vulcão (lava, cinzas etc.).
28 Ascite: Acúmulo anormal de líquido na cavidade peritoneal. Pode estar associada a diferentes doenças como cirrose, insuficiência cardíaca, câncer de ovário, esquistossomose, etc.
29 Hipoalbuminemia: Queda da albumina no sangue.
30 Apatia: 1. Em filosofia, para os céticos e os estoicos, é um estado de insensibilidade emocional ou esmaecimento de todos os sentimentos, alcançado mediante o alargamento da compreensão filosófica. 2. Estado de alma não suscetível de comoção ou interesse; insensibilidade, indiferença. 3. Em psicopatologia, é o estado caracterizado por indiferença, ausência de sentimentos, falta de atividade e de interesse. 4. Por extensão de sentido, é a falta de energia (física e moral), falta de ânimo; abatimento, indolência, moleza.
31 Olhos:
32 Anticorpos: Proteínas produzidas pelo organismo para se proteger de substâncias estranhas como bactérias ou vírus. As pessoas que têm diabetes tipo 1 produzem anticorpos que destroem as células beta produtoras de insulina do próprio organismo.
33 Marasmo: 1. Em patologia, é a atrofia progressiva dos órgãos e magreza excessiva que se sucedem a uma longa enfermidade. 2. Na pediatria, é o estado de apatia; abatimento moral; falta de coragem; prostração. 3. Período de inatividade; ausência de realizações ou de acontecimentos dignos de nota; estagnação, paralisação.
34 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
35 Prognóstico: 1. Juízo médico, baseado no diagnóstico e nas possibilidades terapêuticas, em relação à duração, à evolução e ao termo de uma doença. Em medicina, predição do curso ou do resultado provável de uma doença; prognose. 2. Predição, presságio, profecia relativos a qualquer assunto. 3. Relativo a prognose. 4. Que traça o provável desenvolvimento futuro ou o resultado de um processo. 5. Que pode indicar acontecimentos futuros (diz-se de sinal, sintoma, indício, etc.). 6. No uso pejorativo, pernóstico, doutoral, professoral; prognóstico.
36 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.

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