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O que é pé torto congênito? Quais as causas e os tipos? Como é o tratamento e a evolução?

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O que é pé torto congênito1?

O pé torto congênito1 é uma deformidade congênita2 que envolve ossos, músculos3, tendões4 e vasos sanguíneos5. Existem vários tipos de pés tortos congênitos6, com diferentes graus de deformidade e diferentes mecanismos de correção e cura. É uma condição de baixa incidência7 (um para cada cerca de mil bebês8 nascidos vivos), duas vezes maior em meninos que em meninas e que pode afetar um ou ambos os pés.

Quais são as causas do pé torto congênito1?

Não se conhece exatamente as causas do pé torto congênito1, mas como ele é mais comum em determinadas famílias, talvez sofra a influência de um fator hereditário, embora fatores ambientais também possam estar implicados. A importância de um fator hereditário é ainda acentuada pelo fato de que se uma criança nasce com a deformidade, a probabilidade de um irmão posterior nascer com a mesma condição é muito alta (1 a cada 35 nascimentos). A frequência com que essa condição ocorre em diferentes raças e culturas também é muito variável, indo de um caso para cada 1.000 crianças caucasianas; metade disso entre japoneses; três vezes maior na raça negra e até seis vezes maior nos povos polinésios.

O adjetivo “congênito” quer dizer que ele já está presente no momento do nascimento. Os pais não precisam se considerar culpados pela ocorrência da anormalidade, porque ela não se deve a nada que eles tenham feito ou deixado de fazer durante a gravidez9.

Quais são os principais sinais10 e sintomas11 gerados pelo pé torto congênito1?

Existem várias modalidades de pés tortos congênitos6:

  • Pés equinovaros: a região posterior do pé mostra-se em acentuada flexão e inclinação interna, o meio do pé está rodado internamente e exibe um arqueamento intenso. Sua porção anterior está inclinada internamente.
  • Pés metatarsos varos12: apenas a parte anterior do pé está desviada internamente com relação ao restante do pé. Trata-se de uma deformidade um tanto mais benigna que se resolve frequentemente com o tratamento com gessos e cunhas.
  • Pé plano valgo13: nessa patologia14, o talo (osso do pé que se articula com a perna) encontra-se em franca flexão plantar e há uma luxação15 fixa, rígida, do osso navicular do tarso16 sobre o colo17 do talo, que impede a redução da deformidade principal. O formato do pé é de um mata-borrão com a sola convexa e o calcâneo18 fazendo protrusão para trás.
  • calcâneo18 valgo13: é a mais benigna das formas de pés tortos congênitos6. Nela, observa-se o pé totalmente fletido no sentido dorsal.

O pé torto congênito1 pode vir associado com outros problemas ortopédicos como dedos extranumerários, por exemplo, ou frouxidão dos ligamentos19.

Como o médico diagnostica o pé torto congênito1?

A anomalia pode ser diagnosticada ainda antes do nascimento, através da ultrassonografia20, desde que o feto21 exiba adequadamente seus pezinhos. Em geral, o pé torto congênito1 é facilmente reconhecido pelos pais e pelo pediatra depois do nascimento, pois chama muito a atenção.

Como o médico trata o pé torto congênito1?

O ideal é que o tratamento seja iniciado nas primeiras semanas após o nascimento e que o defeito esteja corrigido antes que a criança inicie o seu andar, com manipulação ativa dos pés e o uso de aparelhos gessados, trocados periodicamente. Nessa fase, uma pequena cirurgia pode ser necessária para alongar o tendão de Aquiles22. Se, apesar desses tratamentos iniciais a deformidade não for corrigida totalmente, uma cirurgia complementar deve ser realizada. Essa cirurgia, no entanto, não é um recurso curativo, mas melhora a aparência do pé, embora diminua a força dos músculos3 e, em longo prazo, possa causar uma rigidez dos pés e estes podem tornar-se doloridos. Por um tempo mais longo (2 a 3 anos) a criança deve usar uma órtese23 que consolide a correção, na frequência recomendada pelo médico (geralmente 23 horas por dia nos três meses seguintes à cirurgia e, em seguida, ao dormir). Essa órtese23 consiste numa barra de metal posicionada horizontalmente, que fixa na posição adequada as botas da criança.

Como evolui o pé torto congênito1?

Se a criança for tratada de maneira correta, apresentará resultados funcionais próximos ao normal. Entretanto alguns estigmas da doença persistirão: o tamanho final do pé e a circunferência da panturrilha24 serão sempre menores que o normal, mas em geral estas crianças não terão dificuldades para participar de atividades físicas regulares no futuro.

A deformidade pode recidivar. As recidivas25 estão intimamente relacionadas ao uso incorreto da órtese23

ABCMED, 2013. O que é pé torto congênito? Quais as causas e os tipos? Como é o tratamento e a evolução?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-da-crianca/373950/o-que-e-pe-torto-congenito-quais-as-causas-e-os-tipos-como-e-o-tratamento-e-a-evolucao.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
2 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
3 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
4 Tendões: Tecidos fibrosos pelos quais um músculo se prende a um osso.
5 Vasos Sanguíneos: Qualquer vaso tubular que transporta o sangue (artérias, arteríolas, capilares, vênulas e veias).
6 Congênitos: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
7 Incidência: Medida da freqüência em que uma doença ocorre. Número de casos novos de uma doença em um certo grupo de pessoas por um certo período de tempo.
8 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
9 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
10 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
11 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
12 Varos: Que se desvia para dentro, em relação ao eixo do corpo (diz-se de membro ou segmento de membro).
13 Valgo: Que se desvia para fora, em relação ao eixo do corpo (diz-se de membro ou segmento de membro).
14 Patologia: 1. Especialidade médica que estuda as doenças e as alterações que estas provocam no organismo. 2. Qualquer desvio anatômico e/ou fisiológico, em relação à normalidade, que constitua uma doença ou caracterize determinada doença. 3. Por extensão de sentido, é o desvio em relação ao que é próprio ou adequado ou em relação ao que é considerado como o estado normal de uma coisa inanimada ou imaterial.
15 Luxação: É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação.
16 Tarso: A região do membro inferior entre o PÉ e a PERNA.
17 Colo: O segmento do INTESTINO GROSSO entre o CECO e o RETO. Inclui o COLO ASCENDENTE; o COLO TRANSVERSO; o COLO DESCENDENTE e o COLO SIGMÓIDE.
18 Calcâneo: O maior OSSO DO TARSO que está situado na parte posterior e inferior do PÉ, formando o CALCANHAR.
19 Ligamentos: 1. Ato ou efeito de ligar(-se). Tudo o que serve para ligar ou unir. 2. Junção ou relação entre coisas ou pessoas; ligação, conexão, união, vínculo. 3. Na anatomia geral, é um feixe fibroso que liga entre si os ossos articulados ou mantém os órgãos nas respectivas posições. É uma expansão fibrosa ou aponeurótica de aparência ligamentosa. Ou também uma prega de peritônio que serve de apoio a qualquer das vísceras abdominais. 4. Vestígio de artéria fetal ou outra estrutura que perdeu sua luz original.
20 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
21 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
22 Tendão de Aquiles:
23 Órtese: Qualquer aparelho externo usado para imobilizar ou auxiliar os movimentos dos membros ou da coluna vertebral.
24 Panturrilha: 1. Proeminência muscular, situada na face posterossuperior da perna, formada especialmente pelos músculos gastrocnêmio e sóleo; sura, barriga da perna. 2. Por extensão de sentido, enchimento usado por baixo das meias, para melhorar a aparência das pernas.
25 Recidivas: 1. Em medicina, é o reaparecimento de uma doença ou de um sintoma, após período de cura mais ou menos longo; recorrência. 2. Em direito penal, significa recaída na mesma falta, no mesmo crime; reincidência.
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Comentários

01/05/2015 - Comentário feito por Thiago
Olá,

Eu nasci com essa defici...
Olá,

Eu nasci com essa deficiência. Mais especificamente, com os pés equinovaros. Queria deixar um recado pros pais que estão preocupados com seus bebês. Eu fiz o tratamento das botinhas e realizei uma cirurgia pra soltar o tendao, isso logo bebê.
Hoje eu tenho 22 anos e desde criança sempre fiz tudo normalmente: correr, nadar, jogar bola, pular, qualquer coisa como uma pessoa normal..Quando era criança e hoje em dia mais raramente, quando eu ficava muito tempo caminhando minhas panturrilhas comecavam a se cansar um pouco e precisava de um minutinho pra descansar, mas nada fora do normal...
Eu tenho as pernas mais finas que o normal como o artigo citou, mas isso nao me impede de fazer nada. Levo uma vida normal desde crianca.

Só queria deixar minha mensagem pros pais mesmo.. Não fiquem preocupados nem se sintam culpados, procurem um medico ortopedista. Seu filho vai ter uma vida normal como qualquer pessoa.
abraço!!!

14/11/2014 - Comentário feito por Rosana
Pessoal, meu filho nasceu com o pé torto...
Pessoal, meu filho nasceu com o pé torto congênito fez duas cirurgias e está ótimo!!!! Existe realmente a pequena diferença na panturrilha e no tamanho do pé, mas que não faz DIFERENÇA nenhuma para a vida social dele. Qdo ele ficou maior me perguntou o que tinha acontecido e nós falamos que ele tinha nascido com o pé torto e que o Doutor tinha feito a cirurgia para deixar o pézinho normal e foi a melhor coisa que fizemos pois ele não se preocupou mais.... Primeiramente agradeço a Deus por tudo, depois ao Doutor abençoado que cuida dele até hoje, pois ele faz acompanhamento até o término do crescimento. O Pedro tem 11 anos e é um menino lindo.... joga futebol, corre, brinca normalmente e é muito feliz.... fiquem tranquilos fazendo o tratamento certinho não tem erro e mães não se culpem... pq me culpei durante muitos anos até saber que não tinha feito nada de errado. Nossos filhos são perfeitos, são benção de Deus.

17/07/2014 - Comentário feito por elisangela
Meu bb nasceu com essa deformidade e ja fez o t...
Meu bb nasceu com essa deformidade e ja fez o tratamento com os medicos da AACD da Santa Casa de Santos efez os gessos foram 6 gessos trocados toda semana e agora dia 11/07 fez a cirurgia do tendao e colocou mais um gesso essse o qual ele passara 3 semanas e dia 31/07 ele retornara ao medico para colocar a ortose ja ate encomendei essa ortose na qual ele passara 3 meses 23 horas por dia tirando so pro banho e Graças a Deus tem dado tudo certo ,espero ter ajudado ;)

20/06/2014 - Comentário feito por Daniele
meu filho nasceu com esse problema nos dois p&e...
meu filho nasceu com esse problema nos dois pés,e ainda não consegui marcar um ortopedista pra começar o tratamento.mais gostei muito dessa informação,tirou minhas duvidas e sei que vai me ajudar muito.

17/05/2014 - Comentário feito por IVANILOPPES
Meu bebe nasceu com o pé torto congenito...
Meu bebe nasceu com o pé torto congenito preciso que alguen me indique um especialista no es

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