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Dentes de leite. Como cuidar bem deles e por que?

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Como é a nossa dentição1?

A dentição1 humana é feita em duas etapas. A primeira dura até os 6-7 anos, quando os dentes deciduais (também chamados “dentes de leite”) começam a ser substituídos pelos dentes permanentes. Esse processo se completa aos 11-12 anos, mas os terceiros molares (sisos), que não existem na primeira dentição1, podem aparecer apenas depois dos 18 anos de idade.

Os dentes de leite “amolecem” e caem espontaneamente, empurrados pelos dentes definitivos que vêm aparecendo. Entre as duas dentições há diferenças importantes. Em primeiro lugar, os “dentes de leite” são em número de 20 e os definitivos em número de 32. Em média, os primeiros dentes dessa dentição1 inicial começam a irromper aos seis meses e aos 30 meses já estão completos.

Os cuidados com os dentes de leite só começam após o seu nascimento?

Não. Desde antes do nascimento dos dentinhos, os pais devem tomar alguns cuidados. Em primeiro lugar, quando eles estão ameaçando emergir, o bebê apresenta um aumento de salivação, fica mais irritado e experimenta um desconforto gengival que o incomoda. Nessa fase, o bebê pode aumentar sua tendência a chupar o dedo e é importante providenciar algum objeto ou brinquedo macio, geralmente de borracha ou de plástico, para que o bebê possa morder. Isso alivia seu desconforto e o deixa mais calmo. Existem mordedores que podem ser colocados na geladeira e, oferecidos ao bebê, ajudam a reduzir o desconforto por causarem certa anestesia2 local.

E depois que eles nasceram?

Uma vez surgida a dentição1, é importante cuidar dela desde cedo, porque ela também está ameaçada pelas cáries3 e pelos problemas periodontais4. Os pais devem higienizar a cavidade bucal do bebê logo que apareçam os primeiros dentes. Para tal, existem dedeiras ou escovas dentárias especiais para bebês5. Pastas de dente6 sem flúor também estão disponíveis.

Quando a criança já é mais crescida, os pais devem incentivá-la ao hábito de usar o fio dental e escovar os dentes, supervisionando-a em tais atos e instruindo-as quanto às maneiras corretas de realizá-los.

Os “dentes de leite” devem ser examinados periodicamente por um dentista e tratados quando necessário. Como ocorre com os dentes permanentes, “dentes de leite” estragados também doem e prejudicam a mastigação e a digestão7 dos alimentos. Alguns deles permanecerão na boca8 por mais de 10 anos! Além disso, haverá um tempo em que esses dentes conviverão com dentes permanentes e podem transmitir a eles suas cáries3 e infecções9. Maus “dentes de leite” levam a maus dentes permanentes.

Quais são os sintomas10 do nascimento de novos dentes?

São sinais11 e sintomas10 da pré-dentição1 e do afloramento dos dentes:

  • Levar os dedos e mãos12 à boca8 com muita frequência.
  • Manifestação de desejo irrefreável de morder, para pressionar as gengivas.
  • Baba mais abundante, resultando em estímulo à salivação.
  • Maior irritabilidade que o normal.
  • Diminuição do apetite e maior dificuldade para mamar, devido ao aumento da dor.
  • Febre13 baixa.
  • Inflamação14 das gengivas.

Quais são as medidas que podem aliviar o mal-estar do bebê durante o surgimento dos dentes?

  • Uso de mordedores de borracha ou de plástico. Melhor ainda são os brinquedos com um líquido (geralmente água) dentro que podem ser colocados na geladeira. A baixa temperatura promove certo grau de anestesia2, fazendo a criança sentir grande alívio.
  • Esfregar suavemente a gengiva com um dedo previamente mergulhado em água fria.
  • Oferecer alimentos e líquidos frios.
  • Usar analgésicos15, anti-inflamatórios ou gel frio, aconselhados pelo pediatra.

Como é a troca dos dentes deciduais pelos permanentes?

A natureza programou para que essa troca se dê na criança, entre os 6 e os 12 anos, mais ou menos. Nessa faixa etária os dentes permanentes começam a emergir e “sugam” o cálcio da raiz dos “dentes de leite” que então amolecem e, sem raízes, tendem a cair. Geralmente eles podem ser retirados facilmente, às vezes pela própria criança ou por seus pais. Se esse amolecimento e queda durar mais que o esperado, a criança deve ser levada a um dentista, que completará o processo que, em geral, é indolor e não sangra ou sangra muito pouco.

Uma tabela mostrando a ordem em que os dentes permanentes emergem na boca8 representa apenas uma tendência dominante e comporta muitas exceções. Afinal, também nessa matéria cada indivíduo é diferente de outro. Em geral, os dentes permanentes surgem na seguinte sequência:

  1. Primeiros molares, aos 6 anos.
  2. Incisivos centrais inferiores, aos 6-7anos.
  3. Incisivos laterais inferiores, simultaneamente ou pouco depois.
  4. Incisivos centrais superiores, poucos meses após.
  5. Incisivos laterais superiores, cerca de um ano mais tarde.
  6. Pré-molares, aos 10 anos.
  7. Caninos inferiores, também aos 10 anos.
  8. Segundos pré-molares, no ano seguinte.
  9. Caninos superiores, no ano seguinte.
  10. Molares, aos 12 anos.

Os terceiros molares, também chamados “dentes do siso” (siso = juízo), não surgem antes dos 17 anos. Em algumas pessoas ele nunca chega a despontar e permanece incluso no osso da mandíbula16. Outras vezes, quando cria problemas, é extraído pelo dentista, sem maior prejuízo funcional.

Alguns conselhos para evitar cáries3:

  • Escovar os dentes após as refeições, para evitar a conservação de resíduos alimentares entre os dentes ou na superfície deles, porque tais resíduos favorecem a proliferação dos germes que ocasionam as cáries3.
  • Evitar doces, balas ou outros alimentos que contenham açúcares, se não puder escovar os dentes logo em seguida. O açúcar17 é o grande vilão das cáries3.
  • Usar o fio dental.
  • Se nascerem dentes permanentes tortos ou fora do lugar, fazer correção ortodôntica. Alinhar corretamente os dentes não tem só um efeito estético. Melhora a mastigação, previne cáries3 e os problemas de gengivas e facilita a respiração.
ABCMED, 2012. Dentes de leite. Como cuidar bem deles e por que?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/saude-bucal/302945/dentes-de-leite-como-cuidar-bem-deles-e-por-que.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Dentição: Os dentes conjuntamente na arcada dentária. Normalmente, a dentição se refere aos dentes naturais posicionados em seus alvéolos. A dentição referente aos dentes decíduos é a DENTIÇÃO PRIMÁRIA; e a referente aos dentes permanentes é a DENTIÇÃO PERMANENTE.
2 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
3 Cáries: Destruição do esmalte dental produzida pela proliferação de bactérias na cavidade oral.
4 Periodontais: Relativo ao ou próprio do tecido em torno dos dentes, o periodonto. O periodonto é o tecido conjuntivo que fixa o dente no alvéolo.
5 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
6 Dente: Uma das estruturas cônicas duras situadas nos alvéolos da maxila e mandíbula, utilizadas na mastigação e que auxiliam a articulação. O dente é uma estrutura dérmica composta de dentina e revestida por cemento na raiz anatômica e por esmalte na coroa anatômica. Consiste numa raiz mergulhada no alvéolo, um colo recoberto pela gengiva e uma coroa, a parte exposta. No centro encontra-se a cavidade bulbar preenchida com retículo de tecido conjuntivo contendo uma substância gelatinosa (polpa do dente) e vasos sangüíneos e nervos que penetram através de uma abertura ou aberturas no ápice da raiz. Os 20 dentes decíduos ou dentes primários surgem entre o sexto e o nono e o vigésimo quarto mês de vida; sofrem esfoliação e são substituídos pelos 32 dentes permanentes, que aparecem entre o quinto e sétimo e entre o décimo sétimo e vigésimo terceiro anos. Existem quatro tipos de dentes
7 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
8 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
11 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
12 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
13 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
14 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
15 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
16 Mandíbula: O maior (e o mais forte) osso da FACE; constitui o maxilar inferior, que sustenta os dentes inferiores. Sinônimos: Forame Mandibular; Forame Mentoniano; Sulco Miloióideo; Maxilar Inferior
17 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
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