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Depressão reativa

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O que é depressão reativa?

A depressão reativa, também chamada de depressão situacional, é um conjunto de sintomas1 de depressão que ocorrem em resposta a um problema ou estressor externo. Ela descreve reações psicológicas adversas a situações e circunstâncias difíceis da vida. Há um amplo espectro de respostas a situações estressantes, porém as depressões reativas descrevem dificuldades emocionais que ultrapassam os limites das respostas consideradas “normais”.

Um contraponto que ajuda a melhor compreender o que seja a depressão reativa são as chamadas depressões endógenas. Elas são causadas por alterações na bioquímica cerebral e não precisam de gatilhos externos para serem desencadeadas. Inclusive, podem acontecer nos melhores momentos da vida, quando tudo parece ser um “céu de brigadeiro”.

Quais são as causas da depressão reativa?

Uma série muito grande e quase inabarcável de eventos traumáticos podem causar depressão reativa, como:

  • problemas no trabalho ou no estudo;
  • morte de um ente querido;
  • problemas nos relacionamentos pessoais;
  • perdas econômicas ou do trabalho;
  • acidente de carro;
  • experiências de rejeição;
  • sofrer um ataque pessoal;
  • passar por um desastre natural;
  • terminar um relacionamento significativo; etc.

Geralmente a depressão reativa cessa quando sua causa é eliminada. Contudo, em alguns casos os fatores estressantes podem ter uma duração indeterminada. Imagine-se, por exemplo, uma pessoa que esteja envolvida num casamento infeliz, outra que tenha que conviver com uma doença ou deficiência permanente, ou que tenha um emprego insatisfatório que não possa abandonar. Em casos como esses, a reação depressiva tende também a perdurar de maneira indefinida.

Veja também sobre "Depressão em crianças", "Depressão psicótica versus depressão maior" e "Distimia - quais são os sintomas1".

Qual é o substrato psicológico da depressão reativa?

A depressão reativa é um transtorno de adaptação. Os transtornos de adaptação são caracterizados por situações adversas que superam a capacidade da pessoa de lidar com o estresse de uma maneira saudável. A depressão reativa não é um diagnóstico2 formal, mas uma reação psicológica desencadeada por um evento ou situação estressante.

Em geral, as pessoas se adaptam a eventos estressantes em poucos meses, mas a depressão reativa não tratada também pode durar anos ou, inclusive, ser permanente. Em alguns casos, os sintomas1 desaparecem se a situação externa melhora, mas em outros casos não, e os sintomas1 podem persistir e progredir para um estado de depressão crônica.

As circunstâncias e eventos externos que podem causar depressão reativa nem sempre são negativos. Mesmo mudanças e transições positivas e desejadas na vida de uma pessoa podem ser experimentadas como estressantes o suficiente para ocasionar uma depressão reativa, ao impor sobre ela novas exigências.

Isto pode incluir, por exemplo, sair de casa para a faculdade, voltar para casa após uma longa ausência, engravidar, receber uma promoção, etc. Embora essas mudanças tragam emoções positivas, também podem trazer estresse e sentimentos conflitantes, como medo, insegurança, perda ou tristeza.

Quais são as características clínicas da depressão reativa?

Cada pessoa responde ao estresse de uma maneira diferente, mas alguns sintomas1 são comuns a todas elas. Os sintomas1 da depressão reativa incidem em três áreas da personalidade: (1) sintomas1 psicológicos, (2) sintomas1 físicos e (3) sintomas1 sociais.

Os sintomas1 psicológicos são caracterizados por:

  • uma constante baixa do estado de ânimo;
  • tristeza;
  • sentimentos de desesperança;
  • baixa autoestima;
  • choro fácil;
  • sentimento de culpa;
  • irritabilidade e intolerância para com as demais pessoas;
  • falta de motivação;
  • incapacidade de experimentar prazer em atividades antes realizadas com alegria;
  • pouco interesse pelas coisas;
  • dificuldades para focar a atenção e para tomar decisões;
  • pensamentos suicidas;
  • sentimentos de ansiedade ou medo;
  • e impulsos sexuais reduzidos.

Quanto a sintomas1 físicos, os mais comuns são:

Do ponto de vista social, ocorre:

  • um mau desempenho no estudo ou no trabalho;
  • evitação de participar em atividades sociais que impliquem em contato com pessoas;
  • interesse reduzido em hobbies e diversões;
  • e dificuldades na vida familiar.

Esses sintomas1 são acompanhados de um estado de permanente mau humor e interesse reduzido pelas pessoas, mudanças na rotina de higiene ou limpeza e mau desempenho no trabalho. Essas pessoas parecem nebulosas e ficam ruminando coisas do passado, de modo pessimista, e sustentam pensamentos de morte ou suicídio.

Podem acontecer também mudanças no estilo de vida, como passar a beber, fumar ou a adotar outras atividades pouco saudáveis. São comuns também as dores de cabeça4 ou dores musculares generalizadas e mudanças na aparência, com ganho ou perda de peso e aparência cansada ou de desânimo.

Como o médico trata a depressão reativa?

O tratamento da depressão reativa é feito do mesmo modo que o tratamento de qualquer outra depressão, envolvendo 3 tipos de providências: (1) psicoterapias, (2) tratamento medicamentoso e (3) grupos de ajuda.

As psicoterapias procuram ajudar as pessoas a desenvolver novas habilidades para lidar com o estresse e a ansiedade. Dentre elas, a psicoterapia cognitivo5-comportamental parece ser a que tem sucessos mais bem documentados no tratamento das depressões. Outras modalidades de psicoterapia também podem ser usadas no tratamento das depressões reativas.

A medicação psiquiátrica é um tratamento apenas sintomático6 e não causal. Os remédios utilizados atuam ao nível das substâncias neurotransmissoras do cérebro7, melhorando a regulação do humor. Eles devem ser utilizados em associação como outras formas de tratamento e nunca isoladamente.

Os grupos de apoio não são considerados um tratamento formal para a depressão reativa, mas podem ser uma ajuda muito útil ao permitirem discutir as questões causais da depressão.

Saiba mais sobre "Depressões", "Depressão maior" e "Depressão bipolar e unipolar".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site do NIH – National Institutes of Health.

ABCMED, 2022. Depressão reativa. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1428340/depressao-reativa.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
3 Constipação: Retardo ou dificuldade nas defecações, suficiente para causar desconforto significativo para a pessoa. Pode significar que as fezes são duras, difíceis de serem expelidas ou infreqüentes (evacuações inferiores a três vezes por semana), ou ainda a sensação de esvaziamento retal incompleto, após as defecações.
4 Cabeça:
5 Cognitivo: 1. Relativo ao conhecimento, à cognição. 2. Relativo ao processo mental de percepção, memória, juízo e/ou raciocínio. 3. Diz-se de estados e processos relativos à identificação de um saber dedutível e à resolução de tarefas e problemas determinados. 4. Diz-se dos princípios classificatórios derivados de constatações, percepções e/ou ações que norteiam a passagem das representações simbólicas à experiência, e também da organização hierárquica e da utilização no pensamento e linguagem daqueles mesmos princípios.
6 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
7 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
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