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Síndrome do ninho vazio

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O que é síndrome1 do ninho vazio?

A síndrome1 do “ninho vazio” corresponde às reações de sofrimento dos pais (da mãe, especialmente) à saída dos filhos de casa, restando o casal sozinho. Quase todos os pais desejam ver os filhos independentes e assumindo suas próprias vidas, mas sentem um certo pesar quando chega a hora deles deixarem a casa. Essa é uma situação pela qual quase todas as pessoas têm que passar, porque ela é uma decorrência normal da vida.

As manifestações a essa situação são extremamente variáveis porque dependem de múltiplos fatores:

  • concomitância de outros fatores estressantes;
  • hábitos culturais e sociais;
  • dinâmica familiar específica;
  • susceptibilidade2 dos pais quanto às separações;
  • motivações da saída dos filhos;
  • número de filhos e idades dos que deixam a casa;
  • idades dos pais;
  • tipos e formas do relacionamento posterior;
  • grau de interdependência pais-filhos;
  • padrão de reação dos pais aos eventos a que são submetidos;
  • estado de saúde3 física e psíquica dos pais;
  • etc.

Ademais, alguns fatores adventícios podem criar uma predisposição para reações mais acentuadas. Tais fatores incluem um casamento instável ou insatisfatório, um senso de identidade baseado principalmente na identidade do homem como pai ou da mulher como mãe, ou dificuldades em aceitar mudanças em geral.

Costuma acontecer que aquelas mulheres que até então foram mães em tempo integral, sem outras tarefas que também as ocupassem, sentem com maior intensidade as reações à saída dos filhos.

Leia sobre "Ansiedade de separação", "Ansiedade infantil" e "Depressão em mulheres".

Quais são as causas da síndrome1 do ninho vazio?

Os motivos e circunstâncias pelas quais os filhos deixam a casa dos pais interfere grandemente na configuração clínico-psicológica da síndrome1 do ninho vazio. Mais comumente, as razões de saída de casa são: casamento, estudo e/ou trabalho. A eventual separação por brigas ou desavenças, que ocorre menos frequentemente, torna a situação mais difícil e complicada.

Quais são as consequências, para os pais, da síndrome1 do ninho vazio?

O ato de deixar a casa dos pais é um passo decisivo no sentido da separação, da independência e do crescimento emocional dos filhos. Chega um momento em que eles desejam tomar as rédeas da sua própria rotina. A primeira e mais inevitável das consequências é uma mudança na dinâmica familiar, com repercussões nas atividades do dia a dia. Os pais já não mais estão informados sobre o dia a dia dos filhos, não conhecem grande parte de seus amigos e relações e já não têm mais como compartilhar com eles seus assuntos corriqueiros.

Por outro lado, os filhos representam um elo que liga os pais entre si e a presença deles constituía uma preocupação comum a ambos que, a partir da saída deles, passam a se relacionarem de forma íntima exclusivamente entre si. Novas tensões podem surgir entre eles, distanciando-os, embora em casos felizes possam renovar e reforçar os vínculos antes existentes.

Mesmo que a saída de casa seja entendida pela maioria dos pais como um importante passo no sentido do crescimento dos filhos, não deixa de ser algo sofrido, de algum modo. Os sentimentos podem variar de moderada angústia (“angústia de separação”) a sofrimentos intensos, passando por sentimentos de tristeza, abandono, solidão, doença física ou agravamento de doenças preexistentes.

Muitas vezes os pais se sentem como não tendo mais objetivos, como se seus únicos propósitos na vida fossem criar os filhos. Além disso, podem ocorrer distúrbios do sono, distúrbios alimentares, diminuição da libido4 e raiva5. No mínimo, haverá um descompasso psicológico.

Quando os filhos deixam a casa por razões que possam ser motivo de orgulho, os sentimentos paternos costumam ser um misto de júbilo e pesar. Essas reações durarão até que a vida se reorganize em um novo patamar, mas podem deixar sequelas6 de longa duração.

O que fazer para atravessar a fase da síndrome1 do ninho vazio?

Geralmente essa situação significa, também, a oportunidade para reorganizar a vida em novas bases. Embora sentindo falta de seus filhos, os pais podem experimentar uma sensação de alívio das responsabilidades diárias com eles e podem renovar sua própria identidade como indivíduos.

Para conseguir isso, eles devem pensar positivamente:

  • O momento em que os filhos saem de casa não é um fim, e sim o começo de uma nova etapa da vida, repleta de boas possibilidades.
  • É uma oportunidade de estabelecer uma nova rotina, que pode até ser favorecida pela ausência dos filhos.
  • Cria-se a chance de encontrar novas atividades de que se goste (cursos, hobbies, esportes, etc.).
  • É um bom momento para intensificar as amizades, muitas delas estabelecidas em função dos próprios filhos.

Do ponto de vista objetivo, “a casa ficou vazia”, e isso geralmente leva o casal de pais a mudar para uma residência menor ou a reformá-la. De qualquer maneira, devem redefinir a própria moradia, seja permanecendo ou mudando de casa, redecorando o ambiente, criando aquela oficina ou escritório há muito desejados, adaptando-a a pessoas de mais idade, etc.

Contudo, uma das maneiras mais fáceis de lidar com a síndrome1 do ninho vazio é manter contato com os filhos, no que são grandemente ajudados pelos modernos meios tecnológicos de comunicação. Visitá-los frequentemente é um outro recurso.

Como lidar com as reações mais intensas à síndrome1 do ninho vazio?

Em geral, o quadro é autorresolutivo dentro de algum tempo e os pais reorganizam a vida dentro de novos parâmetros, mas se um ou ambos os pais estão sofrendo de angústia prolongada relacionada à saída de um filho adulto de casa, os serviços de um profissional especializado podem ser úteis no sentido de encontrar estratégias de enfrentamento da situação.

A ajuda pode ser na forma de terapia individual, terapia de casais ou aconselhamento familiar. A terapia individual pode ajudar a obter uma melhor compreensão das razões subjacentes à angústia e a explorar novas maneiras de imaginar o futuro. A terapia de casal é adequada se ambos os pais estão lutando com um sofrimento significativo. Ela pode ser útil nas mesmas áreas que a terapia individual, com o benefício adicional de permitir que o casal trabalhe em conjunto para entender e apoiar melhor um ao outro e ajustar seu relacionamento, enquanto lidam com essa importante transição na vida familiar.

Quando a transição do ninho vazio está causando conflito prolongado entre um ou ambos os pais e um filho adulto, o aconselhamento familiar pode ser benéfico. Um profissional habilidoso pode ser um catalisador para ajudar os membros da família a encontrar maneiras respeitosas e adaptáveis ​​de gerenciar essa transição, mantendo e aprimorando os relacionamentos. No entanto, para que o aconselhamento familiar seja bem-sucedido, todos os indivíduos envolvidos devem estar dispostos a participar deste processo.

Veja também sobre "Isolamento social", "Ansiedade normal e patológica" e "Neurose7 de angústia".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Mayo Clinic.

ABCMED, 2022. Síndrome do ninho vazio. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1426775/sindrome-do-ninho-vazio.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
2 Susceptibilidade: 1. Ato, característica ou condição do que é suscetível. 2. Capacidade de receber as impressões que põem em exercício as ações orgânicas; sensibilidade. 3. Disposição ou tendência para se ofender e se ressentir com (algo, geralmente sem importância); delicadeza, melindre. 4. Em física, é o coeficiente de proporcionalidade entre o campo magnético aplicado a um material e a sua magnetização.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
5 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
6 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
7 Neurose: Doença psiquiátrica na qual existe consciência da doença. Caracteriza-se por ansiedade, angústia e transtornos na relação interpessoal. Apresenta diversas variantes segundo o tipo de neurose. Os tipos mais freqüentes são a neurose obsessiva, depressiva, maníaca, etc., podendo apresentar-se em combinação.
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