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Tipos de depressão

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O que é depressão?

É muito comum atualmente que mesmo um paciente que vá ao médico com queixas orgânicas receba um diagnostico1 genérico de depressão e uma medicação psicotrópica antidepressiva. O Brasil é campeão nesse tipo de diagnóstico1 em toda a América Latina. No entanto, existem ainda muitos conceitos imprecisos sobre a depressão e um certo desconhecimento sobre os diversos tipos da doença.

De um modo geral, trata-se de uma condição psicológica que produz mudanças negativas no humor e tem a tristeza e o sentimento de desesperança como sentimentos cardinais. Mas, há uma diferença fundamental entre a tristeza patológica e uma outra, reacional e transitória. Todas as pessoas têm alguns momentos ruins e tristes ao longo da vida, desencadeados por situações difíceis, mas nesse caso pode até conseguir, momentaneamente, “deixá-los de lado” para viver momentos mais agradáveis. A depressão decorrente desses fatos é uma depressão reativa.

Ao contrário, quem tem uma depressão doentia vivencia os seus sintomas2 de uma maneira ininterrupta e profunda, mesmo que não haja uma causa aparente. Por isso, costuma-se dizer que as depressões ou são endógenas (vindas de dentro) ou reativas e exógenas (vindas de fora).

De um modo geral, ressalvadas as especificidades de cada tipo, os sintomas2 depressivos gerais constam de, pelo menos, alguns dos seguintes sintomas2:

  • tristeza;
  • lentificação psicomotora3;
  • pessimismo;
  • desesperança;
  • inquietação;
  • dificuldades de se concentrar;
  • sentimento de culpa;
  • baixa autoestima;
  • alteração de peso (perda ou ganho, conforme o caso);
  • distúrbios de sono;
  • fadiga4 e perda de energia;
  • alteração na libido5;
  • dores de cabeça6;
  • problemas digestivos;
  • falta de motivação.

Há também uma tendência a ficar mais doente que o normal, devido a uma imunidade7 rebaixada.

Deve-se atentar para o fato de que, principalmente nas depressões endógenas, há frequentemente uma ideação suicida e sua verdadeira execução é uma possibilidade. Isso, no entanto, deve ser diferenciado das ameaças de suicídio com fins de obter benefícios secundários, as quais quase nunca chagam a se realizar.

Leia sobre "Transtornos afetivos", "Transtorno bipolar do humor" e "Diferenças entre as depressões típica e atípica".

Quais são os tipos de depressão?

Tipos de depressão são as diferentes expressões clínicas que o distúrbio depressivo pode assumir, na dependência da sua etiologia8 (causa) ou de outras circunstâncias. É importante reconhecer o tipo de depressão porque cada um dos tipos tem uma tipicidade sintomática9, uma intensidade, durações diferentes e requerem tratamentos distintos.

1. Depressão Maior

A Depressão Maior constitui-se numa verdadeira doença depressiva. Ela ocorre sem motivo externo aparente, às vezes mesmo quando tudo parece “um céu de brigadeiro”. Ela tende a se repetir periodicamente e se alternar com quadro de excitação do humor. Pertence ao chamado Distúrbio Bipolar do Humor, antiga Psicose10 Maníaco-Depressiva.

Essa depressão se mostra profundamente corporalizada, com tristeza profunda, lentificação dos ritmos psicológicos e motores, pessimismo, desânimo, mudanças profundas no sono, do apetite e das demais funções fisiológicas11. Sua intensidade chega a ser tal que o paciente às vezes não consegue sair da cama. Além disso, a pessoa passa a não sentir mais prazer nas atividades de que antes gostava, como um esporte, diversão ou hobby. Há uma incapacidade radical de sentir alegria, mesmo por ocasião de situações ou eventos felizes.

2. Distimia ou Transtorno Depressivo Persistente

A Distimia ou Transtorno Depressivo Persistente é uma depressão crônica, caracterizada por irritabilidade, mau humor e pensamentos negativos. Trata-se de um transtorno mais leve, porém mais duradouro.

Apresenta sintomas2 semelhantes à depressão maior, porém menos severos e mais persistentes que ela, chegando a constituir um verdadeiro tipo psicológico. A pessoa com Distimia costuma estar sempre irritada, reclamando e enxergando somente o lado negativo das coisas, parecendo que esses sinais12 sejam características da sua personalidade e temperamento. Ela também pode apresentar alguns episódios transitórios de depressão mais graves.

3. Depressão Pós-Parto

A Depressão Pós-Parto ocorre algum tempo após a mulher dar a luz a um bebê. É comum que boa parte das mulheres sintam a tristeza pós-parto, sem normalmente, saberem explicar as causas da sua melancolia. Se esse estado mental desaparecer em poucos dias, não há razões para se preocupar. A tristeza pós-parto é praticamente fisiológica13 e costuma durar por volta de uma a duas semanas e desaparecer espontaneamente.

A depressão pós-parto, no entanto, é caracterizada por uma tristeza mais intensa, que surge algumas semanas depois do parto e vai se tornando cada vez mais acentuada. Como consequência da Depressão Pós-Parto, a mulher passa a ter dificuldades para executar até mesmo as tarefas mais simples da rotina do bebê e às vezes volta-se contra ele, com atitudes de verdadeira rejeição ao bebê, e chega mesmo a perder o interesse pela vida.

4. Depressão Psicótica

A Depressão Psicótica é uma das formas mais graves da doença. Trata-se de um subtipo da depressão maior em que além dos sintomas2 depressivos surgem, também, sintomas2 psicóticos, como alucinações14 e delírios. A pessoa pode ouvir vozes e acreditar que está sendo ameaçada e perseguida. Podem ocorrer também delírios de conteúdos depressivos.

5. Transtorno Afetivo Sazonal

O Transtorno Afetivo Sazonal é um transtorno que ocorre principalmente no inverno, quando há menor período de luz solar. É típico de quem mora em lugares em que o inverno dura muito tempo, como Suécia e Noruega, por exemplo, embora possa ocorrer em outros lugares menos frios.

Sintomas2 como tristeza, sono em excesso, dificuldade de concentração e aumento do apetite costumam melhorar conforme a estação muda e a quantidade de luz solar aumenta. Trata-se de um transtorno derivado da depressão, porém, é mais leve que ela. Também é importante pontuar que algumas pessoas desenvolvem os sintomas2 em períodos com excesso de luz natural, como o verão.

6. Transtorno Disfórico Pré-Menstrual

O Transtorno Disfórico Pré-Menstrual é uma condição com sintomas2 semelhantes à tensão pré-menstrual (TPM), que atinge boa parte das mulheres alguns dias antes de menstruar e entre cujos principais sintomas2 contam-se a mudança de humor, sentimentos repentinos de raiva15, tristeza, cansaço excessivo e ansiedade.

No Transtorno Disfórico Pré-Menstrual, porém, eles são mais severos que na TPM, capazes de levar a uma incapacitação temporária e afetar os relacionamentos e o trabalho. Entre os sinais12 e sintomas2 do Transtorno Disfórico Pré-Menstrual destacam-se o humor deprimido, mau humor extremo, alta irritabilidade, ansiedade em níveis graves e instabilidade emocional.

7. Transtorno Disruptivo da Regulação do Humor

O Transtorno Disruptivo da Regulação do Humor é caracterizado por uma irritação crônica grave, com explosões de raiva15 frequentes, caracterizadas por violência verbal ou física inusitadas e fracamente motivadas. As explosões costumam ter uma intensidade desproporcional aos seus motivos, são marcadas pela impulsividade e duram muito tempo.


Outros tipos são ainda citados, seja como denominações alternativas às aqui consideradas ou como superposições a elas: depressão atípica, depressão mista, depressão melancólica, depressão persistente, transtorno depressivo induzido por substância/medicamento, etc.

Veja também sobre "Depressão em crianças", "Depressão em mulheres", "Maneiras de lidar com o estresse" e "Prevenção ao suicídio".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da OPAS – Organização Pan Americana da Saúde e da Associação Brasileira de Psiquiatria.

ABCMED, 2022. Tipos de depressão. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1412285/tipos-de-depressao.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Psicomotora: Própria ou referente a qualquer resposta que envolva aspectos motores e psíquicos, tais como os movimentos corporais governados pela mente.
4 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
5 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
6 Cabeça:
7 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
8 Etiologia: 1. Ramo do conhecimento cujo objeto é a pesquisa e a determinação das causas e origens de um determinado fenômeno. 2. Estudo das causas das doenças.
9 Sintomática: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
10 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
11 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
12 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
13 Fisiológica: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
14 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
15 Raiva: 1. Doença infecciosa freqüentemente mortal, transmitida ao homem através da mordida de animais domésticos e selvagens infectados e que produz uma paralisia progressiva juntamente com um aumento de sensibilidade perante estímulos visuais ou sonoros mínimos. 2. Fúria, ódio.
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