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Estados maníacos - o que são? Quais as causas?

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O que são estados maníacos?

O estado maníaco é um episódio caracterizado por um período prolongado de humor anormalmente elevado ou irritável, energia intensa, pensamentos acelerados e suas consequências naturais.

Os sintomas1 da mania podem durar uma semana ou mais e os episódios maníacos podem ser intercalados irregularmente com períodos de depressão, durante os quais a pessoa pode sentir fadiga2, tristeza e desesperança. Embora os episódios maníacos sejam mais comuns em pessoas com transtorno bipolar, existem outras causas para essas mudanças extremas de comportamento e humor.

Quais são as causas dos estados maníacos?

A grande maioria dos episódios maníacos ocorrem nas pessoas que sofrem transtorno do humor, mas também podem ser causados por outros fatores e condições de saúde3, incluindo, entre outras causas, psicose4 pós-parto, lesão5 ou alteração cerebral, encefalites6, efeito colateral7 de medicação e uso indevido de drogas, etc.

Qual é o substrato fisiopatológico dos estados maníacos?

Estudos sobre a fisiopatologia8 dos estados maníacos ligados ao transtorno bipolar demonstraram que o distúrbio envolve regiões cerebrais específicas. No entanto, os mecanismos exatos envolvidos ainda não são desconhecidos. Sabe-se que pacientes com transtorno bipolar do humor apresentam alterações na amígdala9, hipocampo10, gânglios11 da base, córtex pré-frontal e cingulado anterior. Também se sabe que os neurotransmissores cerebrais estão envolvidos, embora não se conheça ainda a maneira precisa da atuação deles.

Leia sobre "Ninfomania", "Megalomania" e "Oniomania" e "Cleptomania".

Quais são as características clínicas dos estados maníacos?

Na maioria das vezes, um episódio maníaco segue ou precede um episódio depressivo em pessoas com transtorno bipolar. Quando os episódios maníacos e depressivos ocorrem em sequência, isso leva a uma instabilidade de humor intensa, que é difícil de enfrentar na vida diária.

Em geral, durante a vigência do estado maníaco, o paciente não tem consciência do anormal da sua condição, podendo reavaliar seu julgamento após a cessação do estado. Os sintomas1 significativos de um episódio maníaco incluem:

  • humor eufórico;
  • diminuição da necessidade de sono;
  • grandiosidade e autoestima exageradas;
  • envolvimento em muitas atividades ao mesmo tempo;
  • ser extremamente falador, falando alto e rápido;
  • ser facilmente distraível;
  • hipersexualidade;
  • envolvimento em comportamentos de risco;
  • pensamento rápido e fuga de ideias;
  • hostilidade e aumento da irritabilidade;
  • pensamentos de suicídio;
  • excessiva dedicação religiosa;
  • vestir-se com roupas brilhantes ou chamativas;
  • e outros comportamentos extremos e exagerados.
Esses sintomas1 intensos têm um grande impacto no funcionamento da pessoa, tanto no momento presente como futuro. As pessoas também podem ter psicose4, incluindo alucinações12 e delírios, que indicam uma separação da realidade.

Como o médico diagnostica os estados maníacos?

O diagnóstico13 de estado maníaco depende dos sinais14 e sintomas1 exibidos pelo paciente ou relatados pelos que lhe são próximos. Não há exame de laboratório específico que sele o diagnóstico13.

Como o médico trata os estados maníacos?

O tratamento deve ser feito com medicamentos e psicoterapia. De um modo geral, usa-se medicamentos nos estados agudos e a psicoterapia fica reservada para os períodos intercrises. Os medicamentos antipsicóticos e estabilizadores de humor tratam a mania com eficácia e podem trazer o humor de volta a uma faixa normal e estável. Há vários desses medicamentos e o psiquiatra pode prescrever os que melhor se adaptem às necessidades e sintomas1 dos pacientes.

Quando o paciente permite, alguma forma de psicoterapia pode ser iniciada, muitas vezes em combinação com medicamentos, ainda durante o estado maníaco. Os terapeutas ajudam o paciente a resolver as causas subjacentes das dificuldades e a aprender habilidades para lidar com os sintomas1. A terapia oferece um espaço seguro para expressar emoções, pensamentos e sentimentos enquanto trabalha para atingir seus objetivos.

Mudanças no estilo de vida, quando feitas em conjunto com medicamentos e psicoterapia, também podem ajudar. Um terapeuta licenciado pode ajudar o paciente a criar uma estratégia de quais opções de estilo de vida funcionarão para melhor gerenciar seus sintomas1.

Quando o estado maníaco se deve a uma condição conhecida de alteração cerebral, ela deve ser tratada paralelamente.

Como evoluem os estados maníacos?

Os estados maníacos do transtorno bipolar do humor tendem a ter uma duração espontânea de cerca de 3 a 4 meses, mas, devidamente medicados, podem ser abortados muito mais cedo. No entanto, têm uma quase absoluta tendência a se repetirem.

Como prevenir os estados maníacos?

Para episódios maníacos em particular, existem medicamentos que podem tratá-los e preveni-los, enquanto outros tipos de medicamentos funcionam apenas para prevenir a ocorrência deles, mas não funcionam para tratá-los. Alguns medicamentos usados ​​para tratar o transtorno bipolar também podem desencadear um episódio maníaco.

Quais são as complicações possíveis com os estados maníacos?

O paciente maníaco pode envolver-se em situações que colocam em risco sua segurança física, sua saúde3 e sua situação financeira, envolvendo-se em aventuras além de suas capacidades e habilidades, tendo práticas insalubres ou fazendo gastos ou assumindo compromissos além de suas possibilidades normais.

Ao sair do estado maníaco, o paciente em geral se arrepende de muitas de suas atitudes, a maioria das quais, contudo, é irreversível.

Veja informações sobre "Psicoterapia", "Considerações sobre o término da psicoterapia" e "Terapia cognitvo-comportamental".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites do NHS – National Health Service (UK) e do Science Direct.

ABCMED, 2021. Estados maníacos - o que são? Quais as causas?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1390595/estados-maniacos-o-que-sao-quais-as-causas.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
2 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Psicose: Grupo de doenças psiquiátricas caracterizadas pela incapacidade de avaliar corretamente a realidade. A pessoa psicótica reestrutura sua concepção de realidade em torno de uma idéia delirante, sem ter consciência de sua doença.
5 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
6 Encefalites: Inflamação do tecido encefálico produzida por uma infecção viral, bacteriana ou micótica (fungos).
7 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
8 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
9 Amígdala: Designação comum a vários agregados de tecido linfoide, especialmente o que se situa à entrada da garganta; tonsila.
10 Hipocampo: Elevação curva da substância cinzenta, que se estende ao longo de todo o assoalho no corno temporal do ventrículo lateral (Tradução livre de Córtex Entorrinal; Via Perfurante;
11 Gânglios: 1. Na anatomia geral, são corpos arredondados de tamanho e estrutura variáveis; nodos, nódulos. 2. Em patologia, são pequenos tumores císticos localizados em uma bainha tendinosa ou em uma cápsula articular, especialmente nas mãos, punhos e pés.
12 Alucinações: Perturbações mentais que se caracterizam pelo aparecimento de sensações (visuais, auditivas, etc.) atribuídas a causas objetivas que, na realidade, inexistem; sensações sem objeto. Impressões ou noções falsas, sem fundamento na realidade; devaneios, delírios, enganos, ilusões.
13 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
14 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
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