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Transtorno do desejo sexual hipoativo

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O que é transtorno do desejo sexual hipoativo?

Transtorno de desejo sexual hipoativo (TDSH) é considerado uma disfunção sexual e é caracterizado como falta ou ausência de fantasias, desejos ou atividades sexuais. Para que isso seja considerado um distúrbio, ele deve causar acentuado sofrimento ou dificuldades interpessoais e não ser melhor explicado por outro transtorno mental ou físico, uso de uma droga, legal ou ilegal, alguma outra condição médica ou assexualidade.

Simplesmente ter menos desejo do que o parceiro não é suficiente para um diagnóstico1 de TDSH. Um desejo sexual constitucionalmente baixo por si só não equivale ao TDSH.

Existem vários subtipos desse transtorno: falta de desejo em geral (falta total e generalizada de desejo sexual) ou circunstancial (falta seletiva de desejo sexual, por exemplo, pelo parceiro atual). Esse transtorno pode, também, ser adquirido (iniciado após um período de funcionamento sexual normal) ou congênito2 (a pessoa sempre teve um baixo desejo sexual ou não chegou a tê-lo de todo).

Leia sobre "Relação sexual", "Afrodisíacos, desejo e excitabilidade sexual" e "Queda da libido3".

Quais são as causas do transtorno do desejo sexual hipoativo?

É difícil dizer exatamente o que causa o TDSH. É mais fácil descrever, em vez disso, algumas das causas do baixo desejo sexual.

Nos homens, embora existam teoricamente mais tipos de baixo desejo sexual, tipicamente eles são diagnosticados apenas com um dos três subtipos seguintes: (1) generalizado, inato; (2) generalizado, adquirido e (3) seletivo, adquirido. No caso do TDSH generalizado inato, a causa é desconhecida; no caso do TDSH generalizado adquirido, as possíveis causas incluem problemas médicos ou psiquiátricos, baixos níveis de testosterona ou altos níveis de prolactina4, e no caso do TDSH seletivo adquirido, as possíveis causas incluem dificuldade de intimidade, problemas de relacionamento, dependência sexual e doença crônica do parceiro.

As evidências para estas causas, contudo, têm sido questionadas. Algumas delas são baseadas em evidências empíricas e outras meramente em observações clínicas. Em muitos casos concretos, a causa do TDSH simplesmente permanece desconhecida.

Existem alguns fatores que se acredita serem possíveis causas de TDSH em mulheres. Tal como acontece com os homens, vários problemas médicos, problemas psiquiátricos ou quantidades aumentadas de prolactina4 podem causar o problema. Outros hormônios também podem estar envolvidos. Acredita-se que fatores como problemas de relacionamento ou estresse sejam possíveis causas de redução do desejo sexual em mulheres.

Qual é o mecanismo físico-fisiológico5 do transtorno do desejo sexual hipoativo?

Uma teoria sugere que o desejo sexual é controlado por um equilíbrio entre fatores químicos inibitórios e excitatórios. Acredita-se que isso seja expresso por via dos neurotransmissores em áreas cerebrais determinadas. Uma diminuição no desejo sexual pode, portanto, ser devida a um desequilíbrio entre neurotransmissores com atividade excitatória, como dopamina6 e norepinefrina, e neurotransmissores com atividade inibitória, como a serotonina.

O baixo desejo sexual também pode ser um efeito colateral7 de vários medicamentos que agem sobre os neurotransmissores cerebrais, como algumas substâncias psicotrópicas.

Sintomas8 / diagnóstico1 do transtorno do desejo sexual hipoativo

O diagnóstico1 é feito clinicamente a partir dos sintomas8. Segundo o DSM-5 (5ª Versão do Manual de Doenças e Estatísticas da American Psychiatric Association), o distúrbio de desejo sexual hipoativo masculino é caracterizado por pensamentos, fantasias ou desejo sexuais deficientes ou ausentes de maneira persistente ou recorrentemente, levando-se em consideração a idade e o contexto cultural do paciente. O menor interesse sexual feminino é definido como uma falta de interesse sexual ou excitação significativamente reduzida, manifestando-se pelo menos com os seguintes sintomas8:

  1. Pouco ou nenhum interesse em atividade sexual.
  2. Nenhum ou poucos pensamentos sexuais.
  3. Nenhuma ou poucas tentativas de iniciar atividade sexual.
  4. Nenhum ou pouco prazer sexual.
Saiba mais sobre "Orgasmo", "Impotência9 sexual" e "Frigidez feminina".

Como fazer o tratamento do transtorno do desejo sexual hipoativo?

O TDSH, como outras disfunções sexuais, é algo que deve ser tratado no contexto de um relacionamento interpessoal. Portanto, é comum que ambos os parceiros sejam envolvidos na terapia. Normalmente, o terapeuta tenta encontrar uma causa psicológica ou biológica do TDSH. Se constatar que o problema seja causado organicamente, o paciente deve ser encaminhado ao clínico. Se for enraizado em um problema psicológico, a psicoterapia é recomendável. Não sendo qualquer dos casos, a educação sobre sexualidade e sobre a intimidade não sexual podem ser partes possíveis do tratamento.

No caso de pessoas com TDSH generalizado inato é improvável qualquer modificação. Em vez disso, o foco pode estar em ajudar o casal a se adaptar à situação. No caso de TDSH adquirido generalizado, o clínico pode tentar solucionar o problema. No caso de TDSH adquirido específico, alguma forma de psicoterapia pode ser usada.

No que se refere a medicações, o flibanserin é a substância aprovada para o tratamento de TDSH em mulheres pré-menopáusicas. Alguns estudos sugerem que a bupropiona pode melhorar a função sexual em mulheres não deprimidas com TDSH. A suplementação10 de testosterona tem sido tentada, mas só parece ser eficaz a curto prazo.

Veja também sobre "Hipersexualidade", "Dor na relação sexual" e "Vaginismo".

 

ABCMED, 2019. Transtorno do desejo sexual hipoativo. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/psicologia-e-psiquiatria/1337068/transtorno-do-desejo-sexual-hipoativo.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
2 Congênito: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
3 Libido: Desejo. Procura instintiva do prazer sexual.
4 Prolactina: Hormônio secretado pela adeno-hipófise. Estimula a produção de leite pelas glândulas mamárias. O aumento de produção da prolactina provoca a hiperprolactinemia, podendo causar alteração menstrual e infertilidade nas mulheres. No homem, gera impotência sexual (por prejudicar a produção de testosterona) e ginecomastia (aumento das mamas).
5 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
6 Dopamina: É um mediador químico presente nas glândulas suprarrenais, indispensável para a atividade normal do cérebro.
7 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
8 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
9 Impotência: Incapacidade para ter ou manter a ereção para atividades sexuais. Também chamada de disfunção erétil.
10 Suplementação: Que serve de suplemento para suprir o que falta, que completa ou amplia.
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