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Oligúria: o que é isso? Quais são as consequências de não tratá-la?

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O que é oligúria1?

Oligúria1 é uma redução importante do volume urinário, com produção ou excreção de apenas cerca de 400 mililitros, ou menos, de urina2 por dia, em um adulto. Em crianças este volume urinário é de cerca de 0,5 mililitro por quilo, por hora. Se o débito urinário3 chegar a apenas 100 ml por dia, ou menos, fala-se em anúria4 (ausência de urina2). A oligúria1 não é uma doença, mas um sintoma5 que pode acontecer em várias condições ou patologias orgânicas. É dita pré-renal6 quando tem causa anatomicamente anterior aos rins7, como hipovolemia8, sepse9 e insuficiência cardíaca10, intrínseca aos rins7 (dita renal6), por causas como doenças tubulares, intersticiais ou glomerulares ou oligúria1 pós-renal6, causada por obstruções das vias urinárias.

Quais são as causas da oligúria1?

A desidratação11 é uma causa frequente de oligúria1, porque o organismo tende a compensar a falta de água com uma menor produção de urina2. Por outro lado, a desidratação11 pode ser causada por diarreia12 e febre13, sobretudo em lactentes14 e crianças pequenas. Outras causas de oligúria1 podem ser obstruções das vias urinárias decorrentes de cálculos ou de uma próstata15 aumentada, queda grave da pressão arterial16 e insuficiência renal17. Sobretudo as oligúrias de instalação súbita são sugestivas de causas obstrutivas ou vasculares18. Determinados medicamentos podem causar lesão19 renal6, com consequente diminuição da produção de urina2. A oligúria1 também pode ser consequente a hemorragias20 intensas ou grandes queimaduras. Estados de aumento excessivo do volume urinário, como o diabetes insipidus21 e o diabetes mellitus22, podem causar posteriormente uma oligúria1 compensatória.

Quais são os demais sinais23 e sintomas24 que acompanham a oligúria1?

O sintoma5 comum e típico da oligúria1 é uma redução significativa do volume urinário. Outros sintomas24 acompanhantes dependem da causa e da gravidade da oligúria1 e também da idade do paciente e podem ser sede, palpitações25, aumento rápido da frequência cardíaca, fadiga26 e perda de peso. Dependendo das causas, pode ainda aparecer febre13. Casos mais graves podem apresentar tonturas27, vertigens28 e até perda de consciência, associadamente à diminuição da quantidade de urina2. A oligúria1 é um dos sinais23 mais importantes de insuficiência renal17.

Como o médico diagnostica a oligúria1?

O diagnóstico29 da oligúria1 pode ser feito pela medição da urina2, que geralmente indica redução acentuada do volume urinário, normalmente inferior a 500 ou 400 ml em 24 horas. O diagnóstico29 das causas associadas necessita de exames laboratoriais de sangue30 e urina2 e, eventualmente, exames de imagens, como radiografias, ultrassonografia31, tomografia computadorizada32 ou ressonância magnética33, para o esclarecimento do quadro.

A consulta médica deve procurar levantar eventos como diarreia12, vômito34 e baixa ingestão alimentar, particularmente em pacientes mais susceptíveis, como idosos, portadores de insuficiência cardíaca10 e doença hepática35 crônica. Em homens acima de 50 anos devem ser verificadas queixas de prostatismo36 e em todos os pacientes deve ser investigada história prévia de cálculos renais e uso recente de drogas potencialmente nefrotóxicas. O exame físico pode revelar sinais23 de desidratação11 ou de insuficiência cardíaca10. A palpação37 do abdome38 inferior pode verificar se a bexiga39 é ou não palpável, isto é, se está ou não repleta. O toque retal permite avaliar o estado da próstata15.

Como o médico trata a oligúria1?

O tratamento da oligúria1 deve ser individualizado de acordo com a idade do paciente, a gravidade do problema e principalmente do fator causal. Podem ser necessárias desde apenas medidas de hidratação até terapia de substituição renal6, como a hemodiálise40, por exemplo. Quando a perda de líquido é evidente, como na diarreia12, por exemplo, a reposição de líquidos deve ser prontamente adotada.

Como evolui a oligúria1?

Se não tratada adequadamente, quase todas as causas de oligúria1 podem levar à insuficiência renal17.

ABCMED, 2015. Oligúria: o que é isso? Quais são as consequências de não tratá-la?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/755827/oliguria-o-que-e-isso-quais-sao-as-consequencias-de-nao-trata-la.htm>. Acesso em: 20 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Oligúria: Clinicamente, a oligúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas ou menor de 30 ml/hora.
2 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
3 Débito urinário: É a quantidade de urina eliminada pelos rins em um dado período de tempo. Os rins recebem um fluxo sanguíneo de 1.100 ml/minuto, cerca de 23% do débito cardíaco. A diurese normal significa um débito urinário de 800 a 1.800 ml/24 horas.
4 Anúria: Clinicamente, a anúria é o débito urinário menor de 400 ml/24 horas.
5 Sintoma: Qualquer alteração da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. O sintoma é a queixa relatada pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Renal: Relacionado aos rins. Uma doença renal é uma doença dos rins. Insuficiência renal significa que os rins pararam de funcionar.
7 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
8 Hipovolemia: Diminuição do volume de sangue secundário a hemorragias, desidratação ou seqüestro de sangue para um terceiro espaço (p. ex. peritônio).
9 Sepse: Infecção produzida por um germe capaz de provocar uma resposta inflamatória em todo o organismo. Os sintomas associados a sepse são febre, hipotermia, taquicardia, taquipnéia e elevação na contagem de glóbulos brancos. Pode levar à morte, se não tratada a tempo e corretamente.
10 Insuficiência Cardíaca: É uma condição na qual a quantidade de sangue bombeada pelo coração a cada minuto (débito cardíaco) é insuficiente para suprir as demandas normais de oxigênio e de nutrientes do organismo. Refere-se à diminuição da capacidade do coração suportar a carga de trabalho.
11 Desidratação: Perda de líquidos do organismo pelo aumento importante da freqüência urinária, sudorese excessiva, diarréia ou vômito.
12 Diarréia: Aumento do volume, freqüência ou quantidade de líquido nas evacuações.Deve ser a manifestação mais freqüente de alteração da absorção ou transporte intestinal de substâncias, alterações estas que em geral são devidas a uma infecção bacteriana ou viral, a toxinas alimentares, etc.
13 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
14 Lactentes: Que ou aqueles que mamam, bebês. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
15 Próstata: Glândula que (nos machos) circunda o colo da BEXIGA e da URETRA. Secreta uma substância que liquefaz o sêmem coagulado. Está situada na cavidade pélvica (atrás da parte inferior da SÍNFISE PÚBICA, acima da camada profunda do ligamento triangular) e está assentada sobre o RETO.
16 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
17 Insuficiência renal: Condição crônica na qual o corpo retém líquido e excretas pois os rins não são mais capazes de trabalhar apropriadamente. Uma pessoa com insuficiência renal necessita de diálise ou transplante renal.
18 Vasculares: Relativo aos vasos sanguíneos do organismo.
19 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
20 Hemorragias: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
21 Diabetes insipidus: Condição caracterizada por micções freqüentes e volumosas, sede excessiva e sensação de fraqueza. Esta condição pode ser causada por um defeito na glândula pituitária ou no rim. Na diabetes insipidus os níveis de glicose estão normais.
22 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
23 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
25 Palpitações: Designa a sensação de consciência do batimento do coração, que habitualmente não se sente. As palpitações são detectadas usualmente após um exercício violento, em situações de tensão ou depois de um grande susto, quando o coração bate com mais força e/ou mais rapidez que o normal.
26 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
27 Tonturas: O indivíduo tem a sensação de desequilíbrio, de instabilidade, de pisar no vazio, de que vai cair.
28 Vertigens: O termo vem do latim “vertere” e quer dizer rodar. A definição clássica de vertigem é alucinação do movimento. O indivíduo vê os objetos do ambiente rodarem ao seu redor ou seu corpo rodar em relação ao ambiente.
29 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
30 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
31 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
32 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
33 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
34 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
35 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
36 Prostatismo: 1. Qualquer distúrbio da próstata. 2. Quadro geral produzido pela hipertrofia ou doença crônica da próstata. Estado orgânico daí decorrente, como obstrução das vias urinárias e consequente dificuldade de micção, ou o aumento da irritabilidade e da excitabilidade, especialmente em homens idosos.
37 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
38 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
39 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
40 Hemodiálise: Tipo de diálise que vai promover a retirada das substâncias tóxicas, água e sais minerais do organismo através da passagem do sangue por um filtro. A hemodiálise, em geral, é realizada 3 vezes por semana, em sessões com duração média de 3 a 4 horas, com o auxílio de uma máquina, dentro de clínicas especializadas neste tratamento. Para que o sangue passe pela máquina, é necessária a colocação de um catéter ou a confecção de uma fístula, que é um procedimento realizado mais comumente nas veias do braço, para permitir que estas fiquem mais calibrosas e, desta forma, forneçam o fluxo de sangue adequado para ser filtrado.
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