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Minha boca não abre. Pode ser trismo!

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O que é o trismo?

O trismo (do grego: trismos = moagem áspera ou ranger) é a dificuldade ou impossibilidade temporária ou permanente de abertura das maxilas, causada por espasmos1 dos músculos2 da mastigação. Mais frequentemente, refere-se a uma limitação da abertura da boca3 por qualquer causa. Nesse sentido, o trismo pode ser classificado em intra-articular (fatores dentro da articulação temporomandibular4) e extra-articular (fatores fora da articulação temporomandibular4). O trismo é um problema que tem uma variedade de causas e pode interferir na aparência facial, alimentação, fala e higiene oral.

Quais são as causas do trismo?

O trismo pode ser causado por danos nos músculos2 e/ou nos nervos responsáveis pela abertura e fechamento da boca3 para a mastigação e pode ser intra-articular ou extra-articular.

Dentre outras, as causas intra-articulares do trismo podem envolver:

  • Desarranjo interno ou luxação5 da articulação temporomandibular4.
  • Fratura6 intracapsular.
  • Sinovite7 traumática.
  • Artrite8 inflamatória séptica.
  • Osteoartrite9.
  • Anquilose10.
  • Formação de osteófitos11.

E as causas extra-articulares principais podem ser:

  • Traumas ou fraturas de ossos da face12.
  • Edema13 pós-cirúrgico, após o bloqueio nervoso para tratamento dentário.
  • Hematoma14.
  • Infecções15 agudas dos tecidos orais.
  • Parotidite16 aguda.
  • Tétano17.
  • Malignidade local.
  • Radiação.
  • Anquilose10.

O trismo também pode ser resultado de efeito colateral18 de certos medicamentos. Os danos aos nervos ou músculos2 responsáveis por abrir e fechar a boca3, na paralisia19 facial, ocorrem como resultado de cirurgia para a cabeça20, pescoço21, mandíbula22 ou face23, radiação para tratamento de câncer24 de cabeça20 e pescoço21 e procedimentos cirúrgicos na face23.

Qual é a fisiopatologia25 do trismo?

Uma das formas mais frequentes de trismo é devida a um espasmo26 tônico dos músculos2 da mastigação ou do ramo motor do nervo trigêmeo27. Normalmente a abertura da boca3 varia entre 35 a 45 milímetros nas mulheres e 40 a 60 milímetros nos homens. Alguns trismos leves permitem aberturas de 20 a 30 milímetros, mas os mais graves apenas permitem uma abertura de 10 milímetros ou menos. Essas medidas são tomadas na parte frontal da boca3, desde a extremidade dos dentes inferiores até a extremidade dos dentes superiores.

Quais são os principais sinais28 e sintomas29 que acompanham o trismo?

O trismo pode ser angustiante e doloroso e limitar ou impedir o acesso à cavidade oral30. Em geral, ele causa dificuldade de abrir a boca3, comer ou mastigar, dor ou rigidez da mandíbula22, dificuldade para escovar os dentes e para falar.

Como o médico diagnostica o trismo?

Uma boa história clínica e um bom exame físico do paciente são de suma importância para o diagnóstico31 clínico.

Como o médico trata o trismo?

O tratamento do trismo depende de suas causas. Muitas vezes pode ser feito com medicações (antibióticos, analgésicos32, anti-inflamatórios, miorrelaxantes), tratamento dentário, aparelhos, aplicação de calor ou mesmo cirurgias. Quando possível, o tratamento visa eliminar o agente etiológico33 da condição causal, reduzir ou eliminar os sintomas29 e corrigir mecanicamente o funcionamento da articulação temporomandibular4. O tratamento do trismo também pode incluir fisioterapia34. Muitas vezes o principal tratamento é constituído por exercícios para ajudar a melhorar a abertura da boca3.

Quais são as complicações possíveis do trismo?

O trismo pode provocar um aumento do risco de aspiração.

ABCMED, 2015. Minha boca não abre. Pode ser trismo!. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/811659/minha-boca-nao-abre-pode-ser-trismo.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Espasmos: 1. Contrações involuntárias, não ritmadas, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosas ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
2 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
3 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
4 Articulação Temporomandibular: Articulação entre o côndilo da mandíbula e o tubérculo articular do osso temporal. Relação Central;
5 Luxação: É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação.
6 Fratura: Solução de continuidade de um osso. Em geral é produzida por um traumatismo, mesmo que possa ser produzida na ausência do mesmo (fratura patológica). Produz como sintomas dor, mobilidade anormal e ruídos (crepitação) na região afetada.
7 Sinovite: Inflamação da membrana sinovial, uma fina camada de tecido conjuntivo que reveste estruturas como tendões musculares, cápsulas articulares e bolsas sinoviais.
8 Artrite: Inflamação de uma articulação, caracterizada por dor, aumento da temperatura, dificuldade de movimentação, inchaço e vermelhidão da área afetada.
9 Osteoartrite: Termo geral que se emprega para referir-se ao processo degenerativo da cartilagem articular, manifestado por dor ao movimento, derrame articular, etc. Também denominado artrose.
10 Anquilose: Anquilose ou ancilose é a imobilidade e a consolidação de uma articulação.
11 Osteófitos: Desenvolvimentos patológicos de tecido ósseo em torno de uma articulação, cuja cartilagem está alterada pela artrose.
12 Ossos da Face: Esqueleto facial, constituído pelos ossos situados entre a base do crânio e a região mandibular. Alguns consideram que dos ossos faciais devem fazer parte os ossos hióide (OSSO HIÓIDE), palatino (PALATO DURO) zigomático (ZIGOMA), a MANDÍBULA e a MAXILA. Embora excluindo o hióide, outros incluem os ossos nasais e lacrimais, a concha nasal inferior e o vômer. (Tradução livre de
13 Edema: 1. Inchaço causado pelo excesso de fluidos no organismo. 2. Acúmulo anormal de líquido nos tecidos do organismo, especialmente no tecido conjuntivo.
14 Hematoma: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia.
15 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
16 Parotidite: Inflamação da glândula parótida.
17 Tétano: Toxinfecção produzida por uma bactéria chamada Clostridium tetani. Esta, ao infectar uma ferida cutânea, produz uma toxina (tetanospasmina) altamente nociva para o sistema nervoso que produz espasmos e paralisia dos nervos afetados. Pode ser fatal. Existe vacina contra o tétano (antitetânica) que deve ser tomada sempre que acontecer um traumatismo em que se suspeita da contaminação por esta bactéria. Se a contaminação for confirmada, ou se a pessoa nunca recebeu uma dose da vacina anteriormente, pode ser necessário administrar anticorpos exógenos (de soro de cavalo) contra esta toxina.
18 Efeito colateral: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
19 Paralisia: Perda total da força muscular que produz incapacidade para realizar movimentos nos setores afetados. Pode ser produzida por doença neurológica, muscular, tóxica, metabólica ou ser uma combinação das mesmas.
20 Cabeça:
21 Pescoço:
22 Mandíbula: O maior (e o mais forte) osso da FACE; constitui o maxilar inferior, que sustenta os dentes inferiores. Sinônimos: Forame Mandibular; Forame Mentoniano; Sulco Miloióideo; Maxilar Inferior
23 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
24 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
25 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
26 Espasmo: 1. Contração involuntária, não ritmada, de um ou vários músculos, podendo ocorrer isolada ou continuamente, sendo dolorosa ou não. 2. Qualquer contração muscular anormal. 3. Sentido figurado: arrebatamento, exaltação, espanto.
27 Nervo Trigêmeo: O quinto e maior nervo craniano. O nervo trigêmeo é um nervo misto, composto de uma parte motora e sensitiva. A parte sensitiva, maior, forma os nervos oftálmico, mandibular e maxilar que transportam fibras aferentes sensitivas de estímulos internos e externos provenientes da pele, músculos e junturas da face e boca, e dentes. A maioria destas fibras se originam de células do gânglio trigeminal e projetam para o núcleo do trigêmeo no tronco encefálico. A parte motora, menor, nasce do núcleo motor do trigêmeo no tronco encefálico e inerva os músculos da mastigação. Sinônimos: V Nervo Craniano; V Par Craniano; Nervo Craniano V; Quinto Nervo Craniano
28 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
29 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
30 Cavidade Oral: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
31 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
32 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
33 Etiológico: Relativo à etiologia; que investiga a causa e origem de algo.
34 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
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