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Anticoncepção — métodos reversíveis e métodos irreversíveis

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O que é anticoncepção?

Chama-se anticoncepção a métodos usados para evitar a gravidez1 em um casal que mantenha relações sexuais. Esses métodos tanto podem envolver a mulher como o homem e serem transitórios e reversíveis ou definitivos e irreversíveis. Há diversos métodos anticonceptivos, a escolha de cada um deles depende das condições clínicas de cada pessoa e das preferências do casal. É importante consultar o médico antes de se fazer a opção, porque o profissional pode explicar o que decorrerá de cada método, bem como poderá avaliar suas eventuais inconveniências médicas.

Leia sobre "Teste de gravidez1", "Métodos contraceptivos", "Sintomas2 precoces de gravidez1" e "Motivos da menstruação3 atrasada".

Quais são os principais métodos reversíveis de anticoncepção?

Entre os métodos reversíveis contam-se:

1. Métodos comportamentais, que implicam na adoção de comportamentos que impeçam a concepção4. Os métodos comportamentais são os mais inseguros e os que comportam maiores índices de falha. Entre eles estão: abster-se de relações sexuais durante o período fértil do ciclo menstrual da mulher ("Tabelinha") e o chamado coito interrompido, que consiste em ejacular fora da vagina5.

As dificuldades principais estão em determinar com exatidão o período fértil da mulher, porque nem todas as mulheres têm ciclos menstruais regulares, além de que esses ciclos podem variar muito sob influência de fatores físicos ou emocionais, e, no coito interrompido pode ser difícil controlar a ejaculação6.

2. Métodos de barreiras, que implicam em anteparos que impedem o óvulo7 e o espermatozoide8 de se encontrarem e se fertilizarem. Os cremes, pomadas ou geleias espermicidas introduzidos na vagina5 cerca de meia hora antes de uma relação sexual cumprem esse objetivo imobilizando ou destruindo os espermatozoides9. Tal método, contudo, tem altas taxas de falha e deve ser usado associadamente com outro recurso anticonceptivo, como um Diafragma10, por exemplo. Não deve ser usado se um dos parceiros tem ou é suspeito de ter AIDS.

O preservativo masculino (camisinha) talvez seja o método de anticoncepção mais seguro utilizado em todo o mundo. Seu índice de eficácia aproxima-se muito dos 100%, desde que a “camisinha” seja de boa qualidade. O preservativo feminino, também chamado de “camisinha feminina” é um dispositivo a ser utilizado pela mulher e colocado na vagina5 de modo a envolver o pênis11. Tem uma extremidade fechada que bloqueia o colo do útero12 e, assim, tal como o preservativo masculino, retém a ejaculação6, que não tem contato com o corpo da mulher. Ambos os preservativos (masculino e feminino) devem ser descartados após o uso. Têm como vantagens significativas o fato de serem de baixo custo e de protegerem contra doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).

O diafragma10 é uma membrana côncava de látex de diâmetros variáveis, que é aplicado de modo o bloquear o colo do útero12 para que os espermatozoides9 não possam penetrar naquele órgão. O dispositivo deve permanecer no local por pelo menos seis horas depois da relação sexual e, depois de retirado, deve ser corretamente higienizado para ser reutilizado. O médico deve medir inicialmente o tamanho do dispositivo conveniente para cada mulher. Apesar de ser altamente eficaz, recomenda-se que seja associado a um espermicida, que maximiza sua eficácia.

Saiba mais sobre "Ovulação13", "Ciclo menstrual", "Ejaculação6", "Relação sexual", "AIDS" e "Doenças sexualmente transmissíveis".

3. Métodos hormonais de anticoncepção oral são os métodos contraceptivos mais utilizados em todo o mundo, por sua praticidade e eficácia. Eles geralmente são apresentados sob a forma de pílulas e utilizam uma combinação de estrogênios e progestágenos, ou são constituídos somente de progestágenos. Esses hormônios inibem a ovulação13 e alteram o muco cervical e o endométrio14, bem como a motilidade das tubas uterinas.

O uso da pílula anticoncepcional deve ser iniciado no primeiro dia do ciclo menstrual e prosseguir por 21 dias, sendo uma pílula por dia. Em seguida, deve ser feita uma pausa de uma semana, durante a qual deve ocorrer a menstruação3. Esses anticoncepcionais tanto têm efeitos benéficos, quanto outros prejudiciais sobre a saúde15 geral. Por isso, o médico deve ser consultado para explicar à paciente as vantagens e desvantagens desse método.

Os anticoncepcionais injetáveis são de uso mensal, combinam estrogênio e progestágenos e têm eficácia similar aos anticoncepcionais orais. Podem ser utilizados pelas pacientes que têm intolerância gastrointestinal aos hormônios. A medicação pode ser usada a cada três meses, sendo assim mesmo um dos métodos reversíveis mais eficaz. É muito utilizado por mulheres que estejam amamentando.

Outro método anticoncepcional hormonal é o implante16 subdérmico de um progestágeno que libera o hormônio17 lentamente por 5 anos, desde a sua inserção. O implante16 inibe a ovulação13, tem ação sobre o muco cervical e provoca atrofia18 de endométrio14.

4. Dispositivos intrauterinos (DIUs) são artefatos colocados dentro da cavidade uterina para impedir a gestação. Eles impedem o ovo19 de se aninhar no endométrio14. Em geral os dispositivos intrauterinos são feitos de polietileno, com ou sem adição de substâncias metálicas (cobre) ou hormonais (progesterona). Funcionam criando um ambiente hostil aos espermatozoides9, evitando a chegada deles até as trompas.

5. Anticoncepção de emergência20, popularmente conhecida como “pílula do dia seguinte”, consiste na tomada de pílula que contenha grandes dosagens de hormônio17 e que deverá ser tomada até 72 horas após a relação sexual desprotegida. Ela deve ser tomada em condições em que as relações sexuais deixaram de ser seguras, como, por exemplo, se a pessoa se esqueceu de tomar sua pílula anticoncepcional, se a camisinha se rompeu ou se o diafragma10 saiu do seu lugar. Também pode ser usada em situações em que a gravidez1 não seja desejável, como no caso de violência e abuso sexual. Ela impede a implantação do embrião no útero21. Não deve ser usada como método anticoncepcional regular, sendo um método emergencial.

Veja mais sobre "Pílulas anticoncepcionais", "Dispositivo intrauterino", "Pílula do dia seguinte", "Agressão sexual" e "Estupro".

Quais são os principais métodos irreversíveis de anticoncepção?

Os métodos irreversíveis são cirurgias que seccionam e interrompem as trompas tubárias (nas mulheres) ou os ductos espermáticos (nos homens). Embora considerados irreversíveis, num pequeno número de pacientes pode se dar uma recanalização tubária ou do ducto deferente22, restabelecendo suas funções. Estes métodos são reservados para casais que não mais desejam ter filhos, ou que tenham contraindicações a métodos reversíveis ou riscos importantes caso ocorra uma nova gestação.

A vasectomia (masculina) pode ser realizada com anestesia23 local e não implica em nenhuma alteração da função sexual. Tem um índice de falha em torno de 0,15%. A interrupção cirúrgica das trompas (femininas) pode ser realizada por laparotomia24 (pequena incisão25 no abdome26), com anestesia23 geral ou peridural27. Seu índice de falha é de 0,4%. No Brasil existe legislação específica quanto aos procedimentos de vasectomia e laqueadura tubária.

Leia também sobre "Ligadura das trompas", "Vasectomia", "Aborto" e "EVRA — novo conceito em anticoncepcionais".

 

ABCMED, 2018. Anticoncepção — métodos reversíveis e métodos irreversíveis. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1321903/anticoncepcao-metodos-reversiveis-e-metodos-irreversiveis.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
3 Menstruação: Sangramento cíclico através da vagina, que é produzido após um ciclo ovulatório normal e que corresponde à perda da camada mais superficial do endométrio uterino.
4 Concepção: O início da gravidez.
5 Vagina: Canal genital, na mulher, que se estende do ÚTERO à VULVA. (Tradução livre do original
6 Ejaculação: 1. Ato de ejacular. Expulsão vigorosa; forte derramamento (de líquido); jato. 2. Em fisiologia, emissão de esperma pela uretra no momento do orgasmo. 3. Por extensão de sentido, qualquer emissão. 4. No sentido figurado, fartura de palavras; arrazoado.
7 Óvulo: Célula germinativa feminina (haplóide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO.
8 Espermatozóide: Célula reprodutiva masculina.
9 Espermatozóides: Células reprodutivas masculinas.
10 Diafragma: 1. Na anatomia geral, é um feixe muscular e tendinoso que separa a cavidade torácica da cavidade abdominal. 2. Qualquer membrana ou placa que divide duas cavidades ou duas partes da mesma cavidade. 3. Em engenharia mecânica, em um veículo automotor, é uma membrana da bomba injetora de combustível. 4. Na física, é qualquer anteparo com um orifício ou fenda, ajustável ou não, que regule o fluxo de uma substância ou de um feixe de radiação. 5. Em ginecologia, é um método contraceptivo formado por uma membrana de material elástico que envolve um anel flexível, usado no fundo da vagina de modo a obstruir o colo do útero. 6. Em um sistema óptico, é uma abertura que controla a seção reta de um feixe luminoso que passa através desta, com a finalidade de regular a intensidade luminosa, reduzir a aberração ou aumentar a profundidade focal.
11 Pênis: Órgão reprodutor externo masculino. É composto por uma massa de tecido erétil encerrada em três compartimentos cilíndricos fibrosos. Dois destes compartimentos, os corpos cavernosos, ficam lado a lado ao longo da parte superior do órgão. O terceiro compartimento (na parte inferior), o corpo esponjoso, abriga a uretra.
12 Colo do útero: Porção compreendendo o pescoço do ÚTERO (entre o ístmo inferior e a VAGINA), que forma o canal cervical.
13 Ovulação: Ovocitação, oocitação ou ovulação nos seres humanos, bem como na maioria dos mamíferos, é o processo que libera o ovócito II em metáfase II do ovário. (Em outras espécies em vez desta célula é liberado o óvulo.) Nos dias anteriores à ovocitação, o folículo secundário cresce rapidamente, sob a influência do FSH e do LH. Ao mesmo tempo que há o desenvolvimento final do folículo, há um aumento abrupto de LH, fazendo com que o ovócito I no seu interior complete a meiose I, e o folículo passe ao estágio de pré-ovocitação. A meiose II também é iniciada, mas é interrompida em metáfase II aproximadamente 3 horas antes da ovocitação, caracterizando a formação do ovócito II. A elevada concentração de LH provoca a digestão das fibras colágenas em torno do folículo, e os níveis mais altos de prostaglandinas causam contrações na parede ovariana, que provocam a extrusão do ovócito II.
14 Endométrio: Membrana mucosa que reveste a cavidade uterina (responsável hormonalmente) durante o CICLO MENSTRUAL e GRAVIDEZ. O endométrio sofre transformações cíclicas que caracterizam a MENSTRUAÇÃO. Após FERTILIZAÇÃO bem sucedida, serve para sustentar o desenvolvimento do embrião.
15 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
16 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
17 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
18 Atrofia: 1. Em biologia, é a falta de desenvolvimento de corpo, órgão, tecido ou membro. 2. Em patologia, é a diminuição de peso e volume de órgão, tecido ou membro por nutrição insuficiente das células ou imobilização. 3. No sentido figurado, é uma debilitação ou perda de alguma faculdade mental ou de um dos sentidos, por exemplo, da memória em idosos.
19 Ovo: 1. Célula germinativa feminina (haploide e madura) expelida pelo OVÁRIO durante a OVULAÇÃO. 2. Em alguns animais, como aves, répteis e peixes, é a estrutura expelida do corpo da mãe, que consiste no óvulo fecundado, com as reservas alimentares e os envoltórios protetores.
20 Emergência: 1. Ato ou efeito de emergir. 2. Situação grave, perigosa, momento crítico ou fortuito. 3. Setor de uma instituição hospitalar onde são atendidos pacientes que requerem tratamento imediato; pronto-socorro. 4. Eclosão. 5. Qualquer excrescência especializada ou parcial em um ramo ou outro órgão, formada por tecido epidérmico (ou da camada cortical) e um ou mais estratos de tecido subepidérmico, e que pode originar nectários, acúleos, etc. ou não se desenvolver em um órgão definido.
21 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
22 Ducto deferente: Ducto deferente ou canal deferente é um canal muscular que conduz os espermatozóides a partir do epidídimo até a próstata.
23 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
24 Laparotomia: Incisão cirúrgica da parede abdominal utilizada com fins exploratórios ou terapêuticos.
25 Incisão: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
26 Abdome: Região do corpo que se localiza entre o TÓRAX e a PELVE.
27 Peridural: Mesmo que epidural. Localizado entre a dura-máter e a vértebra (diz-se do espaço do canal raquidiano). Na anatomia geral e na anestesiologia, é o que se localiza ou que se faz em torno da dura-máter.
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