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Dor nos pés? Pode ser fasceíte plantar.

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O que é fáscia plantar1?

A fáscia plantar1 é uma espessa faixa fibrosa que parte da tuberosidade do osso calcâneo2 e se estende por toda a sola do pé até se inserir na base dos dedos do pé.

O que é fasceíte plantar?

Fascite plantar ou fasceíte plantar é um distúrbio doloroso comum que acomete o calcanhar3 e a sola do pé, nos locais de inserção dos ligamentos4 nos ossos. Embora durante muito tempo se tenha pensado nela como um processo inflamatório simplesmente, hoje se pensa que ela envolve também alterações degenerativas5 e por isso a denominação "fasciose plantar" parece mais adequada, embora o nome antigo já tenha se consagrado.

Quais são as causas da fasceíte plantar?

As causas da fasceíte plantar ainda não estão totalmente esclarecidas, mas acredita-se que haja a participação de vários fatores. Ela parece resultar de microtraumas repetitivos. Geralmente ocorre em pessoas que ficam longos períodos na posição de pé, principalmente nas que têm pé chato ou que não são acostumadas com atividades físicas. Frequentemente ocorre em atletas, por causa de esforços físicos repetitivos da fáscia plantar1 e se intensifica com a idade. Correr, permanecer de pé por longos períodos, pé cavo, pé chato, diferença de tamanho das pernas e obesidade6 são fatores de risco para a fasceíte plantar.

Qual é a fisiopatologia7 da fasceíte plantar?

O exame microscópico8 da fáscia plantar1 frequentemente demonstra degeneração9 mixomatosa, depósito de cálcio no tecido conjuntivo10 e desorganização das fibras de colágeno11. Os movimentos mecânicos normais da fáscia plantar1, estando o indivíduo de pé ou caminhando, exercem tensão sobre o calcâneo12 e, assim, parecem contribuir para o desenvolvimento da fasceíte plantar. Alguns estudos sugerem que ela pode se tratar de uma lesão13 do tendão de Aquiles14, envolvendo o músculo flexor curto dos dedos, localizado imediatamente abaixo da fáscia plantar1. Em verdade, indivíduos com fasceíte plantar têm dificuldade de realizar a flexão dorsal (para cima) do pé, porque esse movimento retesa o músculo da panturrilha15 e o tendão de Aquiles14, conectado à fáscia plantar1. Enfim, os sinais16 e sintomas17 da fasceíte plantar devem-se à cicatrização, inflamação18 ou destruição da fáscia plantar1.

Quais são os principais sinais16 e sintomas17 da fasceíte plantar?

Um dos sintomas17 mais frequentes da fasceíte plantar é a dor no calcanhar3. Ela é geralmente sentida na parte de trás do calcanhar3 e é mais intensa durante os primeiros passos do dia. A dor da fasceíte plantar é unilateral, de tipo cortante, mais intensa durante os primeiros passos de uma caminhada e piora se o indivíduo carrega peso. Além disso, pode ocorrer redução da sensibilidade, dormência19, inchaço20 e dor irradiada, mas isso é raro. Se a fáscia plantar1 continuar a ser sobrecarregada, ela pode sofrer ruptura.

Como o médico diagnostica a fasceíte plantar?

O diagnóstico21 da fasceíte plantar é feito a partir da história clínica, dos fatores de risco e do exame físico. Geralmente há aumento da sensibilidade à palpação22 da sola do pé e a flexão dorsal do pé está diminuída e é dolorosa. Raramente são necessários exames de imagens, mas o médico pode solicitar radiografia, ultrassonografia23 ou ressonância magnética24, para excluir outras causas de dor no pé.

Como o médico trata a fasceíte plantar?

Em geral a fasceíte plantar é auto-limitada, ela melhora em seis meses com o tratamento conservador ou em um ano independentemente de qualquer tratamento. Muitas terapias foram propostas para a fasceíte plantar, mas há poucas evidências quanto à eficácia de qualquer uma delas. Os tratamentos conservadores incluem repouso, aquecimento antes dos exercícios, gelo após atividades físicas, exercícios para fortalecer a panturrilha15, técnicas de alongamento dos músculos25 da panturrilha15, do tendão de Aquiles14 e da fáscia plantar1, perda de peso e anti-inflamatórios. A injeção26 de corticoides é utilizada em algumas ocasiões, por exemplo nos casos de fasceíte plantar refratária a medidas conservadoras. Órteses27 personalizadas têm-se demonstrado um método eficiente para reduzir a dor da fasceíte plantar. Muitas outras terapias têm sido tentadas, algumas novas e inusitadas. A cirurgia é vista como último recurso e a disponibilidade dessas técnicas cirúrgicas é limitada.

Quais são as complicações possíveis da fasceíte plantar?

As complicações possíveis tanto das infiltrações de corticoides como da fasciotomia plantar incluem lesão13 de nervos, instabilidade do arco longitudinal do pé, fratura28 do calcâneo12, tempo de recuperação prolongado, infecção29, ruptura da fáscia plantar1 e falha no alívio da dor.

ABCMED, 2015. Dor nos pés? Pode ser fasceíte plantar.. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/740502/dor-nos-pes-pode-ser-fasceite-plantar.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Fáscia plantar: É uma estrutura de sustentação da sola do pé. A fáscia é uma lâmina de tecido conjuntivo que envolve cada músculo, ela tem a função de prender o músculo ao esqueleto para que este possa exercer eficientemente seu trabalho de tração ao se contrair e ela também permite o fácil deslizamento dos músculos entre si.
2 Osso Calcâneo: O maior OSSO DO TARSO que está situado na parte posterior e inferior do PÉ, formando o CALCANHAR.
3 Calcanhar:
4 Ligamentos: 1. Ato ou efeito de ligar(-se). Tudo o que serve para ligar ou unir. 2. Junção ou relação entre coisas ou pessoas; ligação, conexão, união, vínculo. 3. Na anatomia geral, é um feixe fibroso que liga entre si os ossos articulados ou mantém os órgãos nas respectivas posições. É uma expansão fibrosa ou aponeurótica de aparência ligamentosa. Ou também uma prega de peritônio que serve de apoio a qualquer das vísceras abdominais. 4. Vestígio de artéria fetal ou outra estrutura que perdeu sua luz original.
5 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
6 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
7 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
8 Microscópico: 1. Relativo à microscopia ou a microscópio. 2. Que se realiza com o auxílio do microscópio. 3. Visível somente por meio do microscópio. 4. Muito pequeno, minúsculo.
9 Degeneração: 1. Ato ou efeito de degenerar (-se). 2. Perda ou alteração (no ser vivo) das qualidades de sua espécie; abastardamento. 3. Mudança para um estado pior; decaimento, declínio. 4. No sentido figurado, é o estado de depravação. 5. Degenerescência.
10 Tecido conjuntivo: Tecido que sustenta e conecta outros tecidos. Consiste de CÉLULAS DO TECIDO CONJUNTIVO inseridas em uma grande quantidade de MATRIZ EXTRACELULAR.
11 Colágeno: Principal proteína fibrilar, de função estrutural, presente no tecido conjuntivo de animais.
12 Calcâneo: O maior OSSO DO TARSO que está situado na parte posterior e inferior do PÉ, formando o CALCANHAR.
13 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
14 Tendão de Aquiles:
15 Panturrilha: 1. Proeminência muscular, situada na face posterossuperior da perna, formada especialmente pelos músculos gastrocnêmio e sóleo; sura, barriga da perna. 2. Por extensão de sentido, enchimento usado por baixo das meias, para melhorar a aparência das pernas.
16 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
17 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
18 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
19 Dormência: 1. Estado ou característica de quem ou do que dorme. 2. No sentido figurado, inércia com relação a se fazer alguma coisa, a se tomar uma atitude, etc., resultando numa abulia ou falta de ação; entorpecimento, estagnação, marasmo. 3. Situação de total repouso; quietação. 4. No sentido figurado, insensibilidade espiritual de um ser diante do mundo. Sensação desagradável caracterizada por perda da sensibilidade e sensação de formigamento, e que geralmente ocorre nas extremidades dos membros. 5. Em biologia, é um período longo de inatividade, com metabolismo reduzido ou suspenso, geralmente associado a condições ambientais desfavoráveis; estivação.
20 Inchaço: Inchação, edema.
21 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
22 Palpação: Ato ou efeito de palpar. Toque, sensação ou percepção pelo tato. Em medicina, é o exame feito com os dedos ou com a mão inteira para explorar clinicamente os órgãos e determinar certas características, como temperatura, resistência, tamanho etc.
23 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
24 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
25 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
26 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
27 Órteses: Quaisquer aparelhos externos usados para imobilizar ou auxiliar os movimentos dos membros ou da coluna vertebral.
28 Fratura: Solução de continuidade de um osso. Em geral é produzida por um traumatismo, mesmo que possa ser produzida na ausência do mesmo (fratura patológica). Produz como sintomas dor, mobilidade anormal e ruídos (crepitação) na região afetada.
29 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
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