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Gravidez precoce: quais são as consequências? Como preveni-la? Como encará-la de maneira positiva?

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O que é uma gravidez1 precoce?

A gravidez1 precoce é muitas vezes referida como gravidez1 na adolescência. Não há uma linha divisória que demarque claramente que abaixo dela se deva dizer que a gravidez1 é precoce, mas como é somente aos 20 ou 22 anos que o organismo humano está plenamente desenvolvido e apto para executar todas as suas funções, toda gravidez1 abaixo dessa idade pode ser considerada precoce. Antes dessa idade, o corpo ainda não está integralmente constituído (nem estrutural, nem funcionalmente) e a mulher não tem ainda as condições anatômicas e fisiológicas2 plenas de que necessitará para gerar um filho.

A Organização Mundial de Saúde3 considera precoce a gravidez1 que ocorre entre os 10 e os 19 anos. Estima-se que, no Brasil, mais de um milhão de bebês4 nascidos a cada ano (20% do total de nascimentos) procedem de mães com idade entre 10 e 19 anos. A gravidez1 precoce pode ocorrer em todas as camadas sociais, mas, no Brasil, o maior índice delas ocorre em classes sociais mais pobres.

Quais são as consequências e riscos de uma gravidez1 precoce?

A gravidez1 precoce, especialmente antes dos 16 anos de idade, pode apresentar altos riscos físicos, psicológicos e sociais. Do ponto de vista físico, as mulheres que gestam precocemente têm maior probabilidade de dar à luz a filhos prematuros, fazendo com que seus bebês4 corram um risco elevado de problemas de saúde3, aborto espontâneo, parto prematuro, diminuição do peso e malformações5. As mães podem ainda ter rompimento precoce da bolsa d’água, mais complicações durante o parto, maior risco de toxemia6 gravídica, pré-eclâmpsia7, anemia8, desproporção céfalo-pélvica9, hemorragia10, parto prolongado e morte.

A mortalidade11 materna e fetal é tanto maior quanto menor for a idade da grávida. A probabilidade das mães adolescentes morrerem devido a complicações durante a gravidez1 é o dobro daquela das demais mulheres. Além disso, as mães muito jovens geralmente não têm bons hábitos alimentares, muitas vezes fumam, bebem ou consomem drogas. Ainda devido às situações extraordinárias em que acontecem essas gravidezes, elas nem sempre são seguidas por exames pré-natais regulares e as gestantes podem incorrer em anemia8, pressão arterial12 elevada e outros transtornos orgânicos, bem como não serem aconselhadas adequadamente sobres os cuidados que devem observar durante a gravidez1 ou ainda manterem ativas as doenças sexualmente transmissíveis que por ventura tenham adquirido em suas atividades sexuais. Algumas dessas doenças podem inclusive ser transmitidas ao filho, como, por exemplo, a sífilis13.

Do ponto de vista psicológico, essas gravidezes quase sempre se desenvolvem num clima muito desfavorável de ansiedade, depressão ou revolta. Frequentemente essas gravidezes não são desejadas e muitas vezes contam com a reprovação hostil das pessoas próximas à gestante. A revelação delas pode ser difícil e podem ter sido escondidas por um bom tempo.

Socialmente, a gravidez1 precoce interfere negativamente na formação escolar ou profissional da mulher, perturba suas relações com a família e com as demais pessoas e impõe-lhe responsabilidades laborais e econômicas para as quais ela ainda não está preparada. Muitas vezes o bebê recém-nascido acaba rejeitado ou sob o comando de outros diferentes dos pais da criança. Como muitas dessas gravidezes acontecem a mulheres ainda não casadas, pode haver um aumento da pressão para realizar um casamento, muitas vezes não desejado por ambas as partes.

Devido a todas essas implicações, a gravidez1 precoce deve ser considerada como uma gravidez1 de alto risco e deve ser acompanhada por profissionais de saúde3 qualificados.

Como encarar positivamente uma gravidez1 precoce?

Depois de confirmada uma gravidez1 indesejada, a revolta da adolescente ou de seus pais só piora as coisas. A questão de como encarar positivamente a gravidez1 pode ser considerada do ponto de vista da jovem grávida e de sua família. Do ponto de vista da jovem, o ideal teria sido tomar cuidados para evitar a gravidez1 não desejada, mas, uma vez confirmada, a gestação deve ser encarada com responsabilidade perante si e perante a sociedade em geral.

Do ponto de vista da sua família, diante da gravidez1 já consumada a atitude mais adequada é de apoio e aconselhamento para que a gestante tenha o acompanhamento médico adequado durante o pré-natal e após o nascimento do bebê. No entanto, apoio não deve significar transferência de responsabilidades. Ou seja, é a adolescente quem tem de cuidar da criança, bem como tornar-se responsável pelo sustento financeiro dela e o ideal é que isso seja feito em comum acordo com o pai da criança, caso o mesmo assuma a paternidade.

O aborto só deve ser pensado nas condições previstas na lei, todavia, o número de abortos clandestinos é alarmante e crescente, já alcançando mais de um milhão de procedimentos por ano no país.

Como prevenir a gravidez1 precoce?

A melhor maneira de prevenir a gravidez1 precoce indesejada é instruir as jovens sobre o uso dos métodos contraceptivos, que muitas vezes estão disponíveis, mas a jovem pode não saber como usás-lo corretamente. Meninas muito novas e ainda sem um conhecimento completo da sexualidade, mas que já tenham uma vida sexual ativa, devem ser advertidas quanto aos perigos da gravidez1.

ABCMED, 2015. Gravidez precoce: quais são as consequências? Como preveni-la? Como encará-la de maneira positiva?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/794884/gravidez-precoce-quais-sao-as-consequencias-como-preveni-la-como-encara-la-de-maneira-positiva.htm>. Acesso em: 18 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
2 Fisiológicas: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
3 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
4 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
5 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
6 Toxemia: Intoxicação resultante do acúmulo excessivo de toxinas endógenas ou exógenas no sangue, em virtude de insuficiência relativa ou absoluta dos órgãos excretores (rins, fígado, etc.).
7 Pré-eclâmpsia: É caracterizada por hipertensão, edema (retenção de líquidos) e proteinúria (presença de proteína na urina). Manifesta-se na segunda metade da gravidez (após a 20a semana de gestação) e pode evoluir para convulsão e coma, mas essas condições melhoram com a saída do feto e da placenta. No meio médico, o termo usado é Moléstia Hipertensiva Específica da Gravidez. É a principal causa de morte materna no Brasil atualmente.
8 Anemia: Condição na qual o número de células vermelhas do sangue está abaixo do considerado normal para a idade, resultando em menor oxigenação para as células do organismo.
9 Pélvica: Relativo a ou próprio de pelve. A pelve é a cavidade no extremo inferior do tronco, formada pelos dois ossos do quadril (ilíacos), sacro e cóccix; bacia. Ou também é qualquer cavidade em forma de bacia ou taça (por exemplo, a pelve renal).
10 Hemorragia: Saída de sangue dos vasos sanguíneos ou do coração para o exterior, para o interstício ou para cavidades pré-formadas do organismo.
11 Mortalidade: A taxa de mortalidade ou coeficiente de mortalidade é um dado demográfico do número de óbitos, geralmente para cada mil habitantes em uma dada região, em um determinado período de tempo.
12 Pressão arterial: A relação que define a pressão arterial é o produto do fluxo sanguíneo pela resistência. Considerando-se a circulação como um todo, o fluxo total é denominado débito cardíaco, enquanto a resistência é denominada de resistência vascular periférica total.
13 Sífilis: Doença transmitida pelo contato sexual, causada por uma bactéria de forma espiralada chamada Treponema pallidum. Produz diferentes sintomas de acordo com a etapa da doença. Primeiro surge uma úlcera na zona de contato com inflamação dos gânglios linfáticos regionais. Após um período a lesão inicial cura-se espontaneamente e aparecem lesões secundárias (rash cutâneo, goma sifilítica, etc.). Em suas fases tardias pode causar transtorno neurológico sério e irreversível, que felizmente após o advento do tratamento com antibióticos tem se tornado de ocorrência rara. Pode ser causa de infertilidade e abortos espontâneos repetidos.
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