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Meios de cultura e antibiograma

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O que são meios de cultura?

Os meios de culturas, também denominados Ágar, são preparações químicas que incluem nutrientes necessários para que microrganismos presentes em determinada amostra biológica cresçam e se multipliquem. Há meios de cultura especiais para o crescimento de alguns microrganismos específicos que sejam suspeitados na infecção1. Se não houver crescimento de microrganismos, diz-se que a cultura foi negativa.

Além disso, o antibiograma, realizado a partir dos meios de cultura, permite conhecer os melhores medicamentos para combater os microrganismos detectados.

O que é antibiograma?

O antibiograma, também chamado teste de sensibilidade aos antimicrobianos (TSA), é um teste laboratorial que usa técnicas específicas para verificar a que medicamentos o microrganismo hospedado no paciente (geralmente uma bactéria2) é sensível ou resistente.

Mais comumente, um antibiograma é o resultado de um exame laboratorial para a sensibilidade de uma bactéria2 isolada a diferentes antibióticos. Com isso, o tratamento torna-se mais eficiente e rápido. Para se realizar o antibiograma é preciso que os microrganismos tenham se desenvolvido previamente num meio de cultura.

Os materiais orgânicos a partir dos quais se pode fazer um antibiograma são saliva, sangue3, urina4, fezes, tecidos ou material de expectoração5.

Saiba mais sobre "O que são bactérias" e "Bactérias Gram-positivas e Gram-negativas".

Como funcionam os meios de cultura?

Em geral, o meio de cultura é colocado na Placa6 de Petri, uma placa6 de acrílico de formato redondo que deve conter nutrientes fundamentais para que microrganismos existentes em determinada amostra biológica cresçam e se multipliquem.

Os principais componentes de um meio de cultura são fontes de carbono, açúcares, nitrogênio, fósforo e sais minerais. Além desses, diversos outros componentes podem ser usados para a feitura dos meios de cultura específicos para determinados organismos. Alguns meios de cultura geralmente são indicados para nutrir e estimular o crescimento, enquanto outros visam inibir determinado organismo.

Além de meios seletivos existem também meios que permitem diferenciar os microrganismos entre si.

Como é feito o antibiograma?

Nem toda bactéria2 é sensível a um mesmo antibiótico. Algumas não respondem ou são resistentes a um produto determinado. Diante de um quadro infeccioso, geralmente o médico receita empiricamente um antibiótico, baseando-se no conhecimento que tem da prevalência7 de determinados agentes patogênicos em cada tipo de tecido8 ou de infecção1.

Veja as "Diferenças entre inflamação9 e infecção1".

Isso, no entanto, nem sempre funciona. O antibiograma permite ao médico escolher com maior acerto a medicação específica para cada caso. Uma vez feita a cultura, há duas formas de se obter um antibiograma:

(1) Um método semi-quantitativo, em que pequenos discos de papel impregnados de diferentes antibióticos são espalhados por diferentes zonas da placa6 contendo meio de cultura. O antibiótico se difunde na área ao redor de cada disco e um halo de lise10 bacteriana se torna visível. O diâmetro do halo é sugestivo da concentração do antibiótico e pode indicar, dessa forma, a Concentração Inibitória Mínima (CIM). Esse costuma ser chamado método da difusão.

(2) Um método que consiste na aplicação à cultura de uma série de recipientes com diluições de antibiótico progressivamente menores. O recipiente em que a bactéria2 não conseguir se multiplicar contém a Concentração Inibitória Mínima. Esse é o método chamado de diluição.

A informação fornecida pelo antibiograma é muito útil para o médico, que pode modificar o tratamento empírico para um tratamento mais específico, direcionado apenas à bactéria2 envolvida na infecção1.

Alguns dos meios de cultura existentes

Há um grande número de meios de cultura, cada um dos quais destinado ao desenvolvimento de certos microrganismos ou de materiais orgânicos específicos. Os mais conhecidos, citados aqui apenas a título de exemplos, são:

  • Ágar nutriente: utilizado como meio para cultivo na análise de água, alimentos e leite. Permite o isolamento de organismos para culturas puras.
  • Ágar Salmonella-Shigella: permite selecionar e isolar espécies de Salmonella e Shigella em amostras de fezes, alimentos e água.
  • Ágar chocolate: utilizado para o cultivo de microrganismos considerados exigentes, embora quase todos os tipos de organismos também cresçam nesse meio de cultura de coloração castanha.

Qual é a finalidade dos meios de cultura?

Os meios de cultura são usados nos laboratórios para verificar a presença ou ausência de microrganismos nas amostras de material biológico encaminhadas a eles e para testar medicamentos (principalmente antibióticos) para verificar a qual deles os microrganismos cultivados são sensíveis.

Isto porque, na maior parte das vezes, o estudo da morfologia, arranjo e a interpretação das propriedades de coloração são insuficientes para a identificação do agente bacteriano. Recorre-se então à cultura para se conseguir um elevado número de microrganismos, para estudar as características culturais do microrganismo (principalmente bactérias), como a capacidade de crescer em meio seletivo e o aspecto das colônias.

Através da cultura em meios sólidos, pode-se também quantificar a presença bacteriana no material analisado, obter colônias para a realização de testes de identificação, bem como obter material para a realização de antibiograma.

Leia também sobre "Urocultura", "Benefícios dos probióticos11" e "Agentes infecciosos".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites U.S. National Library of Medicine - National Institutes of HealthNature - Scientific Reports e American College of Healthcare Sciences.

ABCMED, 2017. Meios de cultura e antibiograma. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1301998/meios-de-cultura-e-antibiograma.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
2 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
3 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
4 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
5 Expectoração: Ato ou efeito de expectorar. Em patologia, é a expulsão, por meio da tosse, de secreções provenientes da traqueia, brônquios e pulmões; escarro.
6 Placa: 1. Lesão achatada, semelhante à pápula, mas com diâmetro superior a um centímetro. 2. Folha de material resistente (metal, vidro, plástico etc.), mais ou menos espessa. 3. Objeto com formato de tabuleta, geralmente de bronze, mármore ou granito, com inscrição comemorativa ou indicativa. 4. Chapa que serve de suporte a um aparelho de iluminação que se fixa em uma superfície vertical ou sobre uma peça de mobiliário, etc. 5. Placa de metal que, colocada na dianteira e na traseira de um veículo automotor, registra o número de licenciamento do veículo. 6. Chapa que, emitida pela administração pública, representa sinal oficial de concessão de certas licenças e autorizações. 7. Lâmina metálica, polida, usualmente como forma em processos de gravura. 8. Área ou zona que difere do resto de uma superfície, ordinariamente pela cor. 9. Mancha mais ou menos espessa na pele, como resultado de doença, escoriação, etc. 10. Em anatomia geral, estrutura ou órgão chato e em forma de placa, como uma escama ou lamela. 11. Em informática, suporte plano, retangular, de fibra de vidro, em que se gravam chips e outros componentes eletrônicos do computador. 12. Em odontologia, camada aderente de bactérias que se forma nos dentes.
7 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
8 Tecido: Conjunto de células de características semelhantes, organizadas em estruturas complexas para cumprir uma determinada função. Exemplo de tecido: o tecido ósseo encontra-se formado por osteócitos dispostos em uma matriz mineral para cumprir funções de sustentação.
9 Inflamação: Conjunto de processos que se desenvolvem em um tecido em resposta a uma agressão externa. Incluem fenômenos vasculares como vasodilatação, edema, desencadeamento da resposta imunológica, ativação do sistema de coagulação, etc.Quando se produz em um tecido superficial (pele, tecido celular subcutâneo) pode apresentar tumefação, aumento da temperatura local, coloração avermelhada e dor (tétrade de Celso, o cientista que primeiro descreveu as características clínicas da inflamação).
10 Lise: 1. Em medicina, é o declínio gradual dos sintomas de uma moléstia, especialmente de doenças agudas. Por exemplo, queda gradual de febre. 2. Afrouxamento, deslocamento, destruição de aderências de um órgão. 3. Em biologia, desintegração ou dissolução de elementos orgânicos (tecidos, células, bactérias, microrganismos) por agentes físicos, químicos ou enzimáticos.
11 Probióticos: Suplemento alimentar, rico em micro-organismos vivos, que afeta de forma benéfica seu consumidor, através da melhoria do balanço microbiano intestinal.
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