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Os perigos dos sucos em caixinhas

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A realidade atual dos sucos em caixinhas

Hoje em dia os sucos de frutas acondicionados em caixinhas (ou em garrafinhas plásticas) são muito populares. Grande número de pessoas recorre a eles em substituição aos refrigerantes, que consideram perniciosos para a saúde1. O marketing deste tipo de “suco” seduz as pessoas pela sua praticidade e pelo apelo de serem “naturais” e “saudáveis”. Mas apenas o suco natural de frutas frescas pode proporcionar o aproveitamento total dos nutrientes que as frutas contêm. E assim mesmo não estão isentos de problemas!

Além disso, o sabor dos sucos em caixinhas, quando comparado ao dos sucos naturais, deixa muito a desejar. Eles adquiriram a sua popularidade pela praticidade, porque dispensam o trabalho de espremer as frutas e são vendidos muitas vezes em dose única, acompanhados de “canudinhos”, o que facilita ainda mais a sua ingestão. Parecem ser ideais para piqueniques, merendas escolares, viagens, etc. Enfim, prometem facilidade, rapidez, praticidade... Mas, e o conteúdo?

Qual é o conteúdo dos “sucos” em caixinhas?

A maioria dos “sucos” de caixinha não é verdadeiramente suco integral de frutas. Muitos são néctares e, por lei, têm apenas 20% de polpa de fruta, mas os que estão no mercado muitas vezes têm até menos. O restante é constituído por açúcares e aditivos químicos (corantes, conservantes, aromatizantes, etc.). Para que seja chamado “suco” o produto tem que conter 100% de fruta. No mercado tanto há suco em caixinha quanto néctar, mas comumente ambos são referidos como “sucos”, embora a lei (nem sempre respeitada) obrigue os rótulos a registrar as características de cada um.

Os “sucos” (néctares) industrializados são diluições açucaradas de sucos concentrados e durante o processo de fabricação eliminam os nutrientes das frutas. As fibras, por exemplo, um componente natural das frutas e útil para o funcionamento orgânico, raramente se encontram neles. Além disso, muitos sucos de caixinha utilizam Xarope de Milho como adoçante, com alta concentração de frutose2, uma substância cujo excesso é nocivo, especialmente para o fígado3. Ademais, os “sucos” podem ser considerados como uma verdadeira bomba calórica. No entanto, não é necessário abolir completamente os sucos em caixinha da sua dieta. Em certas situações eles podem ser úteis. Mas sempre que possível, entre os dois, prefira o suco natural e não pense que o “suco” de caixinha é a mesma coisa que o suco da fruta fresca. Em resumo: “não compre gato por lebre”.

Que danos causam os “sucos” de caixinha?

Certamente, os sucos de caixinhas são piores que os naturais. Apenas para começar, não são frescos. Eles podem causar efeitos colaterais4, reações alérgicas e até doenças em pessoas predispostas. Alguns, como os de soja, por exemplo, por conter fitoestrógenos, podem ser danosos por si mesmos, se usados em excesso. Outros são maléficos pelos corantes, conservantes e aromatizantes ou açúcares que contêm e que podem causar perda da concentração e da paciência, agitação incomum e dificuldade para dormir nas crianças que os consomem, acentuando o distúrbio de hiperatividade e atenção.

Os açúcares, por seu turno, tomados em excesso, podem causar prisão de ventre e dificultar a digestão5, além de favorecer a obesidade6. Tente, pois, evitar os produtos (quase todos!) que contenham corantes artificiais, conservantes químicos, adoçantes, edulcorantes, adição de açúcares ou sal. Mesmo a ingestão excessiva de frutose2, o açúcar7 natural das frutas e sucos naturais, induz a um aumento do ácido úrico e a doenças cardíacas e renais. O aumento da insulina8 causado por esse tipo de açúcar7 produz um potencial inflamatório aumentado e agrava os casos de hiperuricemia, hipertensão arterial9 e aterosclerose10. Procure não adicionar açúcar7 mesmo aos sucos naturais. Se quiser melhorar o sabor, adicione uma tâmara ou algumas passas. Em última instância, um pouco de mel!

E a embalagem?

As embalagens dos sucos devem ser capazes de manter suas características originais desde sua fabricação até o final do seu prazo de validade. Essas propriedades podem ser alteradas por fatores mecânicos como o ar, a luz, o calor, a agitação, etc e agentes químicos e biológicos. As embalagens podem ser de plástico fosco ou transparente, de vidro, também transparente ou colorido, de alumínio, de papelão ou de outros materiais, tornando difícil saber qual é melhor para a conservação dos produtos que contêm. As embalagens dos sucos geralmente são caixinhas cartonadas compostas por papel, plástico e alumínio, as quais impedem a penetração da luz, do ar, da água e de micro-organismos.

Algumas visam à praticidade, outras à aparência e, em função disso, podem sacrificar sua função de conservar a integridade dos sucos que abrigam. A proteção contra a luz, por exemplo, é importante, pois ela pode destruir algumas vitaminas encontradas neles. Da mesma forma, o oxigênio presente no ar produz uma reação de oxidação que causa alterações de cor e sabor em alguns deles. Além disso, o ar pode também levar micro-organismos para dentro das embalagens.

Um primeiro cuidado deve ser não utilizar produtos que estejam com a embalagem danificada porque no momento em que ela se rompe o produto dentro dela entra em degradação. Procure verificar sempre a data de validade dos produtos e só aceite produtos que estejam dentro do prazo válido. Por outro lado, as embalagens devem também evitar a contaminação dos produtos por fungos ou bactérias. Como muitos sucos são apresentados em embalagens de alumínio, eles devem ser vistos com cuidado porque a absorção do alumínio pode desencadear doenças autoimunes11 ou acelerar a degeneração12 do sistema nervoso13, como na enfermidade de Alzheimer14, por exemplo, ou causar problemas intestinais, como a síndrome15 do intestino irritável ou o agravamento de hemorroidas16, inchaço17 abdominal, má digestão5, problemas de pele18, dores nas articulações19 e musculaturas, queda de cabelo20, perda de peso, dores musculares generalizadas, cansaço crônico21, entre outros sintomas22. O excesso de alumínio no organismo também pode provocar esclerose23 lateral amiotrófica, esclerose múltipla24, poliartrite, mal de Parkinson e mal de Alzheimer14.

ABCMED, 2015. Os perigos dos sucos em caixinhas. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/vida-saudavel/744037/os-perigos-dos-sucos-em-caixinhas.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
2 Frutose: Açúcar encontrado naturalmente em frutas e mel. A frutose encontrada em alimentos processados é derivada do milho. Contém quatro calorias por grama.
3 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
4 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
5 Digestão: Dá-se este nome a todo o conjunto de processos enzimáticos, motores e de transporte através dos quais os alimentos são degradados a compostos mais simples para permitir sua melhor absorção.
6 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
7 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
8 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
9 Hipertensão arterial: Aumento dos valores de pressão arterial acima dos valores considerados normais, que no adulto são de 140 milímetros de mercúrio de pressão sistólica e 85 milímetros de pressão diastólica.
10 Aterosclerose: Tipo de arteriosclerose caracterizado pela formação de placas de ateroma sobre a parede das artérias.
11 Autoimunes: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
12 Degeneração: 1. Ato ou efeito de degenerar (-se). 2. Perda ou alteração (no ser vivo) das qualidades de sua espécie; abastardamento. 3. Mudança para um estado pior; decaimento, declínio. 4. No sentido figurado, é o estado de depravação. 5. Degenerescência.
13 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
14 Alzheimer: Doença degenerativa crônica que produz uma deterioração insidiosa e progressiva das funções intelectuais superiores. É uma das causas mais freqüentes de demência. Geralmente começa a partir dos 50 anos de idade e tem incidência similar entre homens e mulheres.
15 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
16 Hemorróidas: Dilatações anormais das veias superficiais que se encontram na última porção do intestino grosso, reto e região perianal. Pode produzir sangramento junto com a defecação e dor.
17 Inchaço: Inchação, edema.
18 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
19 Articulações:
20 Cabelo: Estrutura filamentosa formada por uma haste que se projeta para a superfície da PELE a partir de uma raiz (mais macia que a haste) e se aloja na cavidade de um FOLÍCULO PILOSO. É encontrado em muitas áreas do corpo.
21 Crônico: Descreve algo que existe por longo período de tempo. O oposto de agudo.
22 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
23 Esclerose: 1. Em geriatria e reumatologia, é o aumento patológico de tecido conjuntivo em um órgão, que ocorre em várias estruturas como nervos, pulmões etc., devido à inflamação crônica ou por razões desconhecidas. 2. Em anatomia botânica, é o enrijecimento das paredes celulares das plantas, por espessamento e/ou pela deposição de lignina. 3. Em fitopatologia, é o endurecimento anormal de um tecido vegetal, especialemnte da polpa dos frutos.
24 Esclerose múltipla: Doença degenerativa que afeta o sistema nervoso, produzida pela alteração na camada de mielina. Caracteriza-se por alterações sensitivas e de motilidade que evoluem através do tempo produzindo dano neurológico progressivo.
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