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Espondilose cervical: o que é? Quais as causas? Existe prevenção?

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O que é espondilose cervical?

A espondilose cervical é constituída por alterações degenerativas1 inespecíficas da coluna cervical2. Essas alterações podem ocorrer no corpo da vértebra, no disco intervertebral3 ou nas articulações4 entre as vértebras. Elas são, quase sempre, neoformações5 ósseas, chamadas de osteófitos6 (“bicos de papagaio”), que podem levar a estreitamento dos foramens7 neurais, e causar compressões das raízes nervosas8 periféricas que emergem da coluna cervical2 e seus correspondentes sintomas9.

Quais são as causas da espondilose cervical?

As causas da espondilose ainda não foram completamente estabelecidas, mas sabe-se que seguramente a idade é o principal fator de risco10. Com o avançar dos anos, os discos intervertebrais da região cervical perdem a elasticidade11 e diminuem sua resistência e altura, tornando-se mais vulneráveis a rupturas e degenerações. Secundariamente, ocorrem reações das vértebras adjacentes, levando à formação de osteófitos6 (calos ósseos popularmente chamados de “bicos de papagaio”). O conjunto desses fatos pode levar à redução dos foramens7 ou do canal vertebral12 e suas respectivas consequências.

Existem diversas condições que sabidamente contribuem para a espondilose cervical: fatores genéticos, pequenos traumatismos, tabagismo, etc.

Quais são os sintomas9 da espondilose cervical?

A espondilose cervical geralmente afeta as três vértebras inferiores do pescoço13. Nos estágios iniciais ela quase sempre é assintomática. Quando há sintomas9, pode ocorrer dor cervical, dor referida na região occipital, retro-orbital, temporal, nos ombros ou nos braços, limitação dos movimentos dos braços e outras alterações neurológicas menores. Se houver herniação14 do disco intervertebral3, os sintomas9 podem ser mais intensos e se desenvolverem de forma aguda. Neste caso, quase sempre ocorrem parestesias15 ou formigamentos ao longo da distribuição da raiz nervosa. Quando ocorre a compressão da medula16 (mielopatia17) há perda progressiva dos movimentos dos membros, que normalmente se inicia por dificuldade para caminhar, com sensação de enrijecimento dos músculos dos membros inferiores18 e perda da capacidade de comandar as pernas.

Como o médico diagnostica a espondilose cervical?

As radiografias da coluna podem mostrar, além das alterações degenerativas1, perda da lordose19 natural da coluna, entretanto, os achados radiológicos não se correlacionam linearmente com a sintomatologia clínica. Assim, há pacientes assintomáticos que portam grandes alterações radiológicas e outros que experimentam grandes sintomas9 com alterações radiológicas mínimas. A ressonância magnética20 e a tomografia computadorizada21 complementam o diagnóstico22. Através delas pode-se observar o estreitamento do canal vertebral12, a presença de osteófitos6, o eventual comprometimento do disco intervertebral3 e se há ou não a compressão das raízes nervosas8. Em todos os casos deve ser feito um diagnóstico22 diferencial com outras dores cervicais, como lesões23 mecânicas da coluna, doenças inflamatórias, doenças metabólicas, infecções24, neoplasias25, etc.

Como o médico trata a espondilose cervical?

A fisioterapia26 é a principal forma de tratamento da espondilose cervical. Fora dela, o tratamento é basicamente sintomático27, com analgésicos28 e anti-inflamatórios. A utilização de relaxantes musculares, antidepressivos tricíclicos, benzodiazepínicos, opiáceos e medidas não medicamentosas (orientação postural, exercícios, alongamentos e aplicação de calor local) podem representar uma ajuda de caráter genérico, mas não têm sua utilidade demonstrada cientificamente. Trações mecânicas da coluna cervical2 e um colete que mantenha a coluna cervical2 alongada podem ser utilizados. Se houver mielopatia17 progressiva, o tratamento deve ser cirúrgico, com descompressão29 da medula16.

Como prevenir a espondilose cervical?

  • Evitar traumas contra a cabeça30, o pescoço13 e o ombro, sobretudo se repetitivos.
  • Evitar má postura ao dormir (usar travesseiro muito mole, deitar lendo ou assistindo TV, posicionar a cabeça30 apoiada no braço do sofá, etc.).
  • Evitar posições viciosas do pescoço13, como pescoço13 muito fletido, torcicolos, encolhimento dos ombros em demasia, que levam à fadiga31 crônica e, posteriormente, à espondilose cervical.

Como evolui a espondilose cervical?

As medidas terapêuticas conservadoras conseguem reverter os sintomas9 na maioria dos casos.

Nos casos resistentes ou em que há mielopatia17 progressiva, o tratamento cirúrgico pode ser impositivo.

A existência ou não de dor não tem relação com a melhora neurológica.

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites do Australian Government – Department of Veterans’ Affairs, Mayo Clinic e da American Academy of Orthopaedic Surgeons – Orthoinfo.

ABCMED, 2012. Espondilose cervical: o que é? Quais as causas? Existe prevenção?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/324785/espondilose-cervical-o-que-e-quais-as-causas-existe-prevencao.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Degenerativas: Relativas a ou que provocam degeneração.
2 Coluna cervical: A coluna cervical localiza-se no pescoço entre a parte inferior do crânio e a superior do tronco no nível dos ombros. Ela é composta por sete vértebras cervicais unidas por ligamentos, músculos e por elementos que preenchem o espaço entre elas, os discos intervertebrais. No interior da coluna cervical está o canal vertebral por onde passa a medula espinhal, que comanda todos os nossos movimentos e sensações. Nesta região, a medula emite oito raízes nervosas que se ramificam para a cabeça, pescoço, membros superiores, ombros e parte anterossuperior do tórax.
3 Disco intervertebral: É um disco de cartilagem fibrosa presente entre os corpos das vértebras, nas articulações intervertebrais. São estruturas cartilaginosas que possuem o mesmo formato do corpo da vértebra. Ele é formado por um anel fibroso e um núcleo pulposo, o que garante a absorção de impactos e certa mobilidade entre as vértebras.
4 Articulações:
5 Neoformações: 1. Em biologia, é a formação de tecido novo que restaura ou substitui o tecido lesado por feridas ou traumatismos. 2. Em oncologia, é um termo usado usualmente para designar o processo de regeneração, ou uma parte ou um tecido regenerado. 3. Neoplasia.
6 Osteófitos: Desenvolvimentos patológicos de tecido ósseo em torno de uma articulação, cuja cartilagem está alterada pela artrose.
7 Foramens: Mesmo que forâmenes. Aberturas, buracos, furos, covas. Na anatomia geral, são orifícios, aberturas ou perfurações através de um osso ou estrutura membranosa.
8 Raízes nervosas:
9 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
10 Fator de risco: Qualquer coisa que aumente a chance de uma pessoa desenvolver uma doença.
11 Elasticidade: 1. Propriedade de um corpo sofrer deformação, quando submetido à tração, e retornar parcial ou totalmente à forma original. 2. Flexibilidade, agilidade física. 3. Ausência de senso moral.
12 Canal vertebral: Numa imagem de uma vértebra há um “buraco“ separando o corpo de sua extremidade. Esse buraco é o forame vertebral. O encaixe entre as vértebras da coluna é mais ou menos simétrico e isso forma um canal, que é conhecido como o canal vertebral. É por ele que passam a medula espinhal. O canal vertebral segue as diferentes curvas da coluna vertebral. É grande e triangular nas regiões onde a coluna possui maior mobilidade (cervical e lombar) e é pequeno e redondo na região que não possui muita mobilidade (torácica).
13 Pescoço:
14 Herniação: Formação de uma protrusão, de uma hérnia. Também conhecida como herniamento.
15 Parestesias: São sensações cutâneas subjetivas (ex.: frio, calor, formigamento, pressão, etc.) que são vivenciadas espontaneamente na ausência de estimulação.
16 Medula: Tecido mole que preenche as cavidades dos ossos. A medula óssea apresenta-se de dois tipos, amarela e vermelha. A medula amarela é encontrada em cavidades grandes de ossos grandes e consiste em sua grande maioria de células adiposas e umas poucas células sangüíneas primitivas. A medula vermelha é um tecido hematopoiético e é o sítio de produção de eritrócitos e leucócitos granulares. A medula óssea é constituída de um rede, em forma de treliça, de tecido conjuntivo, contendo fibras ramificadas e preenchida por células medulares.
17 Mielopatia: Qualquer distúrbio ou doença que afeta a medula óssea ou a medula espinhal.
18 Músculos dos membros inferiores:
19 Lordose: 1. Convexidade anterior, normal, da coluna vertebral na região lombar. 2. Na ortopedia, é uma acentuação excessiva de tal convexidade.
20 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
21 Tomografia computadorizada: Exame capaz de obter imagens em tons de cinza de “fatias†de partes do corpo ou de órgãos selecionados, as quais são geradas pelo processamento por um computador de uma sucessão de imagens de raios X de alta resolução em diversos segmentos sucessivos de partes do corpo ou de órgãos.
22 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
23 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
24 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
25 Neoplasias: Termo que denomina um conjunto de doenças caracterizadas pelo crescimento anormal e em certas situações pela invasão de órgãos à distância (metástases). As neoplasias mais frequentes são as de mama, cólon, pele e pulmões.
26 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
27 Sintomático: 1. Relativo a ou que constitui sintoma. 2. Que é efeito de alguma doença. 3. Por extensão de sentido, é o que indica um particular estado de coisas, de espírito; revelador, significativo.
28 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
29 Descompressão: Ato ou efeito de descomprimir, de aliviar o que está sob efeito de pressão ou de compressão.
30 Cabeça:
31 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
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Comentários

04/04/2016 - Comentário feito por Maria
Muito didático e conciso.
Grata pel...
Muito didático e conciso.
Grata pela ajuda.

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