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Transmissão vertical

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O que é transmissão vertical?

A transmissão vertical é a passagem de uma infecção1 ou doença da mãe para o seu bebê. Nesse sentido, este contágio2 pode acontecer:

  1. Durante a gestação (transmissão intrauterina)
  2. Durante o trabalho de parto, pelo contato pele3-a-pele3 ou com as secreções cérvico-vaginais ou sangue4 materno
  3. Através da amamentação5

A contaminação do feto6 ou do recém-nascido pela mãe pode ser causada por vírus7, bactérias, protozoários8, autoanticorpos, drogas, medicamentos e hormônios capazes de atravessar as barreiras placentária, do sangue4 e/ou do leite materno.

A transmissão vertical é um pré-requisito para o desenvolvimento de infecção1 invasiva de início precoce. Evidências sugerem que aproximadamente 50% das infecções9 de início tardio também ocorrem após a transmissão vertical.

Quais são as causas da transmissão vertical?

O grau de colonização de microrganismos da mãe ajuda a determinar a doença infantil; mães fortemente colonizadas são mais propensas a ter bebês10 com infecção1 invasiva. Outros fatores maternos associados ao desenvolvimento de doença de início precoce incluem parto antes de 37 semanas de gestação, ruptura prematura de membranas (ruptura de membranas antes do início do trabalho de parto) ou ruptura de membranas mais de 18 horas antes do parto.

Outros fatores maternos associados a um aumento da taxa de infecção1 precoce são a etnia afro-americana, idade inferior a 20 anos, história de perda fetal prévia, história de infecção1 do trato urinário11 com estreptococos do grupo B e primiparidade. Irmãos de bebês10 infectados que são o produto de uma gravidez12 múltipla (gêmeos, trigêmeos, etc.) têm risco aumentado para o desenvolvimento de doenças precoces e tardias.

Veja mais sobre "Pré-natal", "Ultrassonografia13 na gravidez12" e "Ácido fólico - como e por que usar".

Quais doenças podem ser transmitidas por transmissão vertical?

Várias doenças podem ser transmitidas da mãe para o bebê através de transmissão vertical. Dentre elas, contam-se:

» A rubéola14, que é uma infecção1 contagiosa15 causada por vírus7. Se a gestante contrair a doença no primeiro trimestre da gravidez12, as chances do feto6 ser atingido são grandes, com graves repercussões sobre o bebê: surdez, retardo do crescimento intrauterino, problemas cardíacos e problemas oculares. Além disso, as grávidas correm maior risco de sofrerem abortos e terem partos prematuros. Contudo, a rubéola14 pode ser evitada através de vacinação.

» A toxoplasmose16, que é uma doença infecciosa provocada pelo protozoário17 Toxoplasma gondii, que tem os gatos como hospedeiros. A gestante com toxoplasmose16 tem 4% de chance de contaminar o bebê. As consequências são problemas cardíacos, cerebrais, visuais, hepáticos e no desenvolvimento fetal. A criança pode apresentar retardo mental, surdez e cegueira ao longo da vida.

» O lúpus18, que é uma doença inflamatória autoimune19 que pode afetar muitos órgãos. Durante a gestação de uma mãe que tem lúpus18, pode ocorrer a passagem de autoanticorpos positivos pela placenta e provocar alterações no coração20 ou na pele3 do feto6. Os filhos de mães com lúpus18 não terão necessariamente a doença autoimune19, mas há chances de que isso aconteça na vida adulta.

» O herpes genital, que é uma doença sexualmente transmissível de alta prevalência21, causada pelo vírus7 do herpes simples. Na maioria dos casos, esse vírus7 afeta pele3, olhos22 e boca23, e se não for imediata e devidamente tratado, o quadro se agrava, podendo comprometer cérebro24, músculos25, fígado26 e sangue4.

» O papilomavírus humano, que é um vírus7 que pode ser transmitido ao bebê durante a gestação ou no momento do parto. Quando o bebê contrai o vírus7, ele tem chances de apresentar defeitos renais e na parede abdominal27, na inserção do cordão umbilical28, além de lábio leporino29

» A AIDS. O risco de uma mãe portadora de HIV30 infectar o bebê durante a gravidez12 é de 25%. No entanto, com o uso dos medicamentos antivirais e acompanhamento médico, a chance cai para 1%. As mães portadoras da doença devem ficar atentas ao tratamento, já que contágio2 pode acontecer também por meio da amamentação5.

» A sífilis31, que é uma infecção1 sexualmente transmissível, facilmente curável, causada pela bactéria32 Treponema pallidum. As grávidas com sífilis31 estão sujeitas a terem fetos com malformações33, gerando surdez, hidrocefalia34, anomalias nos dentes e ossos, além do aumento do risco de parto prematuro ou abortamento35. A doença é fatal para cerca de 40% dos fetos infectados, que morrem ainda no útero36. Nos recém-nascidos, a saúde37 do bebê é gravemente prejudicada, podendo levar ao óbito38

» A hepatite39 B, que é uma doença infecciosa, causada pelo vírus7 HBV. As grávidas portadoras desse vírus7 apresentam risco de 50% de transmissão para o feto6 durante a gravidez12, mas a transmissão ao bebê pode ocorrer também durante o parto. A doença, porém, pode ser evitada através da vacinação.

Como evitar a transmissão vertical?

A melhor maneira de evitar a transmissão vertical é a mãe estar inteiramente sadia. Alguns cuidados podem ajudar nesse objetivo. Nos casos de infecções9 sexualmente transmissíveis, a melhor forma de prevenção é o uso da camisinha, para que a gestante não se contamine. Nas doenças para as quais existem vacinas, é importante estar com elas em dia.

As grávidas também devem tomar cuidado com a higiene dos alimentos, fator fundamental para prevenir doenças como a toxoplasmose16, entre outras, e evitar carne mal passada, ovos crus e leite não pasteurizado.

O acompanhamento das gestantes (e dos seus parceiros sexuais) durante o pré-natal contribui para o controle de doenças passíveis de transmissão vertical.

Leia sobre "Hepatites40", "Transmissão de doenças" e "Como evitar as DSTs".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente do site da Secretaria de Saúde do Rio Grande do Sul.

ABCMED, 2022. Transmissão vertical. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/gravidez/1410275/transmissao-vertical.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
2 Contágio: 1. Em infectologia, é a transmissão de doença de uma pessoa a outra, por contato direto ou indireto. 2. Na história da medicina, aplica-se a qualquer doença contagiosa. 3. No sentido figurado, é a transmissão de características negativas, de vícios, etc. ou então a reprodução involuntária de reação alheia.
3 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Amamentação: Ato da nutriz dar o peito e o lactente mamá-lo diretamente. É um fenômeno psico-sócio-cultural. Dar de mamar a; criar ao peito; aleitar; lactar... A amamentação é uma forma de aleitamento, mas há outras formas.
6 Feto: Filhote por nascer de um mamífero vivíparo no período pós-embrionário, depois que as principais estruturas foram delineadas. Em humanos, do filhote por nascer vai do final da oitava semana após a CONCEPÇÃO até o NASCIMENTO, diferente do EMBRIÃO DE MAMÍFERO prematuro.
7 Vírus: Pequeno microorganismo capaz de infectar uma célula de um organismo superior e replicar-se utilizando os elementos celulares do hospedeiro. São capazes de causar múltiplas doenças, desde um resfriado comum até a AIDS.
8 Protozoários: Filo do reino animal, de classificação suplantada, que reunia uma grande parcela dos seres unicelulares que possuem organelas celulares envolvidas por membrana. Atualmente, este grupo consiste em muitos e diferentes filos unicelulares incorporados pelo reino protista.
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Bebês: Lactentes. Inclui o período neonatal e se estende até 1 ano de idade (12 meses).
11 Trato Urinário:
12 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
13 Ultrassonografia: Ultrassonografia ou ecografia é um exame complementar que usa o eco produzido pelo som para observar em tempo real as reflexões produzidas pelas estruturas internas do organismo (órgãos internos). Os aparelhos de ultrassonografia utilizam uma frequência variada, indo de 2 até 14 MHz, emitindo através de uma fonte de cristal que fica em contato com a pele e recebendo os ecos gerados, os quais são interpretados através de computação gráfica.
14 Rubéola: Doença infecciosa imunoprevenível de transmissão respiratória. Causada pelo vírus da rubéola. Resulta em manifestações discretas ou é assintomática. Quando ocorrem, as manifestações clínicas mais comuns são febre baixa, aumento dos gânglios do pescoço, manchas avermelhadas na pele, 70% das mulheres apresentam artralgia e artrite. Geralmente tem evolução benigna, é mais comum em crianças e resulta em imunidade permanente. Durante a gravidez, a infecção pelo vírus da rubéola pode resultar em aborto, parto prematuro e mal-formações congênitas.
15 Contagiosa: 1. Que é transmitida por contato ou contágio. 2. Que constitui veículo para o contágio. 3. Que se transmite pela intensidade, pela influência, etc.; contagiante.
16 Toxoplasmose: Infecção produzida por um parasita unicelular denominado Toxoplasma gondii. Este parasita cumpre um primeiro ciclo no interior do tubo digestivo de certos animais domésticos como o gato. A infecção é produzida ao ingerir alimentos contaminados e pode ocasionar graves transtornos durante a gestação e em pessoas imunossuprimidas.
17 Protozoário: Filo do reino animal, de classificação suplantada, que reunia uma grande parcela dos seres unicelulares que possuem organelas celulares envolvidas por membrana. Atualmente, este grupo consiste em muitos e diferentes filos unicelulares incorporados pelo reino protista.
18 Lúpus: 1. É uma inflamação crônica da pele, caracterizada por ulcerações ou manchas, conforme o tipo específico. 2. Doença autoimune rara, mais frequente nas mulheres, provocada por um desequilíbrio do sistema imunológico. Nesta patologia, a defesa imunológica do indivíduo se vira contra os tecidos do próprio organismo como pele, articulações, fígado, coração, pulmão, rins e cérebro. Essas múltiplas formas de manifestação clínica, às vezes, podem confundir e retardar o diagnóstico. Lúpus exige tratamento cuidadoso por médicos especializados no assunto.
19 Autoimune: 1. Relativo à autoimunidade (estado patológico de um organismo atingido por suas próprias defesas imunitárias). 2. Produzido por autoimunidade. 3. Autoalergia.
20 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
21 Prevalência: Número de pessoas em determinado grupo ou população que são portadores de uma doença. Número de casos novos e antigos desta doença.
22 Olhos:
23 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
24 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
25 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
26 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
27 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
28 Cordão Umbilical: Estrutura flexível semelhante a corda, que conecta um FETO em desenvolvimento à PLACENTA, em mamíferos. O cordão contém vasos sanguíneos que transportam oxigênio e nutrientes da mãe ao feto e resíduos para longe do feto.
29 Lábio leporino: Alteração congênita na qual existe uma solução de continuidade no palato (céu da boca), que comunica a cavidade oral à nasal. Pode ser total (quando o palato duro, que é ósseo, está envolvido) ou parcial (quando apenas as partes moles, como lábios, gengiva, mucosas estão envolvidas).
30 HIV: Abreviatura em inglês do vírus da imunodeficiência humana. É o agente causador da AIDS.
31 Sífilis: Doença transmitida pelo contato sexual, causada por uma bactéria de forma espiralada chamada Treponema pallidum. Produz diferentes sintomas de acordo com a etapa da doença. Primeiro surge uma úlcera na zona de contato com inflamação dos gânglios linfáticos regionais. Após um período a lesão inicial cura-se espontaneamente e aparecem lesões secundárias (rash cutâneo, goma sifilítica, etc.). Em suas fases tardias pode causar transtorno neurológico sério e irreversível, que felizmente após o advento do tratamento com antibióticos tem se tornado de ocorrência rara. Pode ser causa de infertilidade e abortos espontâneos repetidos.
32 Bactéria: Organismo unicelular, capaz de auto-reproduzir-se. Existem diferentes tipos de bactérias, classificadas segundo suas características de crescimento (aeróbicas ou anaeróbicas, etc.), sua capacidade de absorver corantes especiais (Gram positivas, Gram negativas), segundo sua forma (bacilos, cocos, espiroquetas, etc.). Algumas produzem infecções no ser humano, que podem ser bastante graves.
33 Malformações: 1. Defeito na forma ou na formação; anomalia, aberração, deformação. 2. Em patologia, é vício de conformação de uma parte do corpo, de origem congênita ou hereditária, geralmente curável por cirurgia. Ela é diferente da deformação (que é adquirida) e da monstruosidade (que é incurável).
34 Hidrocefalia: Doença produzida pelo aumento do conteúdo de Líquido Cefalorraquidiano. Nas crianças pequenas, manifesta-se pelo aumento da cabeça, e nos adultos, pelo aumento da pressão interna do cérebro, causando dores de cabeça e outros sintomas neurológicos, a depender da gravidade. Pode ser devido a um defeito de escoamento natural do líquido ou por um aumento primário na sua produção.
35 Abortamento: Interrupção precoce da gravidez, espontânea ou induzida, seguida pela expulsão do produto gestacional pelo canal vaginal (Aborto). Pode ser precedido por perdas sangüíneas através da vagina.
36 Útero: Orgão muscular oco (de paredes espessas), na pelve feminina. Constituído pelo fundo (corpo), local de IMPLANTAÇÃO DO EMBRIÃO e DESENVOLVIMENTO FETAL. Além do istmo (na extremidade perineal do fundo), encontra-se o COLO DO ÚTERO (pescoço), que se abre para a VAGINA. Além dos istmos (na extremidade abdominal superior do fundo), encontram-se as TUBAS UTERINAS.
37 Saúde: 1. Estado de equilíbrio dinâmico entre o organismo e o seu ambiente, o qual mantém as características estruturais e funcionais do organismo dentro dos limites normais para sua forma de vida e para a sua fase do ciclo vital. 2. Estado de boa disposição física e psíquica; bem-estar. 3. Brinde, saudação que se faz bebendo à saúde de alguém. 4. Força física; robustez, vigor, energia.
38 Óbito: Morte de pessoa; passamento, falecimento.
39 Hepatite: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
40 Hepatites: Inflamação do fígado, caracterizada por coloração amarela da pele e mucosas (icterícia), dor na região superior direita do abdome, cansaço generalizado, aumento do tamanho do fígado, etc. Pode ser produzida por múltiplas causas como infecções virais, toxicidade por drogas, doenças imunológicas, etc.
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