Artrodese: quando deve ser feita? Como o procedimento é realizado?
O que é artrodese?
A artrodese, também chamada anquilose1 artificial, é a indução artificial da ossificação de uma articulação2 entre dois ossos através de cirurgia, causando uma imobilização da articulação2, destinada a aliviar a dor intratável por medicação, talas ou por quaisquer outros meios terapêuticos. A artrodese elimina o movimento da articulação2. Há mais de um século, Albee e Hibbs realizaram as primeiras artrodeses na coluna para o tratamento das alterações vertebrais ocasionadas pela tuberculose3 vertebral.
Em que articulações4 se pode realizar a artrodese?
A artrodese pode ser realizada em quase toda articulação2, mas é mais comumente realizada em articulações4 da coluna vertebral5, mãos6, tornozelos e pés. Antigamente as artrodeses dos joelhos e quadris também eram realizadas como procedimentos para aliviar a dor, porém com a evolução da artroplastia dessas articulações4 a artrodese deixou de ser comumente usada como procedimento preliminar e só é feita quando as artroplastias falham.
Por que fazer uma artrodese?
As causas típicas das dores que levam uma pessoa à artrodese são as fraturas, entorses7 e artrites severas. Além de aliviar a dor, o procedimento é também usado para proporcionar estabilidade, corrigir deformidades e para deter o avanço de uma doença. Na coluna vertebral5, o procedimento tem sido utilizado no tratamento da instabilidade, alterações degenerativas8, hérnias9 de disco, degeneração10 fascetária, espondilolistese, estenose11 de canal vertebral12 e deformidades tais como escoliose13 idiopática14, além de uma variedade de outras enfermidades da coluna.
A instabilidade da articulação2 devido a uma doença ou por perda traumática dos ligamentos15 necessita de artrodese, que pode ser o único tratamento bem sucedido. Doenças como a artrite16 séptica, a doença articular degenerativa17 e a artrite reumatoide18 também podem resultar em instabilidade articular, dor ou ambos e, quando meios conservadores se revelam infrutíferos, a artrodese passa a ser a solução. No entanto, se os problemas comprometem várias articulações4, a artrodese não é aplicável.
Como o médico realiza a artrodese?
A artrodese deve ser precedida de uma otimização das condições do paciente antes do procedimento. A pessoa deve ser saudável, não possuir doenças que possam significar um alto risco cirúrgico e não ter problemas localizados sobre o local da cirurgia, como dermatite19 bacteriana, feridas abertas ou infecção20 da articulação2 envolvida.
A técnica destinada à soldagem óssea apresenta os mesmos artifícios utilizados no processo de consolidação de fraturas. No caso das artrodeses pode ser utilizado osso do próprio paciente (autólogo) ou de cadáver (heterólogo) e enxertos biológicos, minerais ou sintéticos para estimular o crescimento ósseo. Pode-se utilizar também próteses ou parafusos para manter os ossos unidos até que o crescimento ósseo seja completo. Ao acessar cirurgicamente a articulação2 em que a artrodese deve ser realizada, o cirurgião deve lidar com todos os tecidos moles circundantes de forma cuidadosa. Os tendões21 abrangendo o conjunto devem continuar a funcionar normalmente, uma vez que as juntas abaixo da artrodese terão de funcionar tão bem quanto possível, para compensar a perda de movimento no local do procedimento. É imperativo que a cirurgia não danifique os tendões21 ou músculos22 necessários para permitir que essas articulações4 funcionem.
Sempre que possível, as superfícies dos ossos a serem fusionados devem ser cortadas de modo a torná-las planas para garantir o contato ósseo ideal. Articulações4 com contornos profundos podem ser debridadas (debridar23 = retirar os tecidos mortos ou danificados) de suas cartilagens24 e permanecerem com sua forma natural. Após a conclusão da cirurgia, o membro deve receber uma fixação rígida externa até a consolidação óssea, que é determinada pela opacificação do enxerto25 ósseo. Esse processo inicia-se normalmente entre seis e doze semanas após a cirurgia e pode demorar até um ano ou mais para se completar.
A perda da capacidade de movimentação funcional do paciente como um todo é praticamente nula, na grande maioria dos casos de artrodese. As radiografias dinâmicas, em flexão e extensão, fornecem informações importantes na avaliação do status da fusão, pois mostram se há ou não ausência de movimentação no nível operado. Caso ainda haja mobilidade, o diagnóstico26 provável é de uma falha da artrodese. Nesses casos, existe a possibilidade de cirurgia de revisão para realização de uma nova artrodese. A tomografia computadorizada27 é o exame principal para o diagnóstico26 do crescimento e fusão óssea. Alguns indicadores de que a fusão está em curso são a presença de trabeculações ósseas28 no nível operado, inexistência de sinais29 de separação no enxerto25 ou junção vertebral, ausência de afundamento ou soltura dos elementos implantados. Existe também uma forma de pseudoartrodese, em que é feita uma fixação de uma articulação2 sem a remoção da cartilagem articular30 ou a adição de enxerto25 ósseo. A fixação da articulação2 na artrodese, como nos demais casos, pode ser feita por placas31 e parafusos metálicos.
E depois da artrodese?
Um membro com uma junta que tenha sofrido uma artrodese está mais propenso a lesões32 do que um membro normal. As demais articulações4 devem compensar, provavelmente pelo aumento da amplitude de movimento, a articulação2 fixada e são submetidas a maiores desgastes, ficando mais propensas à artrite16 degenerativa17. Os ossos são mais sujeitos a fraturas porque falta a capacidade de absorção dos choques pela articulação2 fixada. A infecção20 do sítio cirúrgico pode resultar em destruição óssea, soltura do implante33 e insuficiência34 da artrodese.
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites do Australian Government – Department of Veterans’ Affairs, Mayo Clinic e da American Academy of Orthopaedic Surgeons – Orthoinfo.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.