Como é a ninfoplastia?
O que é ninfoplastia?
A ninfoplastia ou labioplastia é um procedimento cirúrgico para corrigir a hipertrofia1 dos pequenos lábios da vulva2, ou seja, um tamanho excessivo dos pequenos lábios, particularmente em relação aos grandes lábios, os quais eles poderão ultrapassar em tamanho. Esse tamanho excessivo não é uma doença, mas apenas uma variação tipológica, apesar de que pode causar grandes incômodos.
Anatomia da vulva2
A vulva2 se localiza abaixo do ventre e é constituída pelos lábios maiores, lábios menores, clitóris e vagina3. Os lábios maiores, também chamados de grandes lábios, e os lábios menores, também chamados de pequenos lábios, são dobras de pele4 e mucosa5 que têm a função de proteger a abertura da vagina3 e da uretra6.
Acima da abertura da uretra6 encontra-se o clitóris, que é um pequeno órgão formado pela união das partes superiores dos pequenos lábios. Ele é constituído por tecido7 erétil que se enche de sangue8 e incha durante a excitação sexual, e possui inúmeras terminações nervosas, sendo extremamente sensível a estímulos.
A vagina3 é um canal fibromuscular distendido entre a vulva2 e o útero9, que se dilata durante a excitação sexual e ainda mais por ocasião do parto, se houver. Em mulheres que ainda não tiveram relações sexuais, o orifício da vagina3 é semiocluído por uma membrana chamada de hímen10, que se rompe por ocasião do primeiro ato sexual. Ainda não se sabe exatamente a função do hímen10.
Leia sobre "Conhecimentos básicos sobre relação sexual", "Cefaleia11 orgástica" e "Dor na relação sexual".
Por que fazer uma ninfoplastia?
Uma correção cirúrgica pode (e deve) ser feita naqueles casos em que os pequenos lábios ultrapassam os grandes lábios. Essa anormalidade geralmente se torna mais perceptível na puberdade, embora possa se manifestar desde o nascimento ou somente na menopausa12, mas em qualquer caso pode ser corrigida com a ressecção do excesso de membrana mucosa13.
As pacientes que se decidem por uma ninfoplastia frequentemente o fazem por razões funcionais e/ou estéticas, mas este procedimento também tem um impacto benéfico no bem-estar pessoal, no comportamento e no desenvolvimento da paciente, pois ela é liberada de seu complexo.
A fricção dos pequenos lábios hipertrofiados (que se projetam para além da fenda vulvar e dos grandes lábios) contra a roupa pode gerar desconforto e causar hiperpigmentação, além de criar uma incapacidade de usar roupas íntimas tipo tangas. Problemas de higiene e dor durante a penetração vaginal, causados pela invaginação da pele4 e tecido7 protuberantes, também podem ocorrer.
Às vezes essa anomalia pode, também, criar desconforto funcional durante as relações sexuais ou na prática de determinados esportes como ciclismo, equitação, etc. Além disso, certas mulheres podem sentir-se constrangidas ou com falta de naturalidade e autoestima devido à percepção que têm do corpo, sobretudo quando precisam ficar nuas.
Esta cirurgia plástica é tão rara que nenhuma organização médica tem uma posição específica sobre o assunto ou estabeleceu um protocolo a ser seguido. Cada vez mais mulheres que se submeteram a essa cirurgia admitem que não sabiam que essa boa opção existia, enquanto passavam a vida até então sentindo-se constrangidas.
Contudo, nos últimos anos, as mulheres têm consultado com mais frequência o cirurgião plástico sobre a forma e as dimensões dos pequenos lábios e outras estruturas circundantes, não apenas por razões estéticas, mas também funcionais, como, por exemplo, dispareunia (dor nas relações sexuais).
Como se realiza a ninfoplastia?
Há mais de uma técnica disponível para essa cirurgia e a escolha de uma delas comporta motivos técnicos e da preferência da paciente, e deve ser discutida com ela antes de ser decidida. Normalmente, nenhum exame preparatório é necessário, a menos que a paciente vá receber anestesia14 geral. Nesse caso, ela precisará de uma consulta com o anestesista, pelo menos 48 horas antes, o qual poderá pedir um exame de sangue8 ou outros.
A cirurgia deve ser agendada para os dias logo após uma menstruação15, para que se tenha a garantia de que uma nova menstruação15 não ocorrerá com a paciente recém-operada, o que poderia dificultar a cicatrização. Qualquer eventual medicação com efeito anticoagulante16 deve ser suspensa pelo menos 10 dias antes do procedimento.
Em geral, já no ambiente cirúrgico, o médico desenhará as linhas e marcas na pele4 da paciente para orientar a operação e as linhas das incisões17. Se a cirurgia for feita com anestesia14 geral, a paciente deverá fazer um jejum absoluto de pelo menos 6 horas antes da operação. A correção da hipertrofia1 dos pequenos lábios é realizada por uma ressecção do excesso de membrana mucosa13, seguindo a borda livre do lábio18 para dar-lhe uma posição equilibrada em relação à altura dos grandes lábios.
Os pontos de sutura19 serão dados com material reabsorvível e não precisam ser removidos. O procedimento total dura cerca de 30 minutos. A permanência da paciente no hospital ou clínica é geralmente limitada a meio dia ou, no máximo, 24 horas, se a anestesia14 for geral. Mas, quase sempre o anestésico será local.
Após a cirurgia, os banhos de mar ou de piscina e atividades como andar de bicicleta ou cavalgar, que possam traumatizar o local, devem ser evitados nos primeiros 15 a 21 dias, e as relações sexuais por 30 dias.
Como evolui a ninfoplastia?
Como em toda cirurgia plástica, o resultado pleno só pode ser apreciado após o desaparecimento de todo edema20, ou seja, após cerca de 3 semanas. As cicatrizes21 desaparecem após 1 a 2 meses. No entanto, o resultado do procedimento continua a evoluir e a longo prazo (cerca de 6 meses) será estável e sustentável. O hábito de fumar pode prejudicar a formação das cicatrizes21.
Quais são as complicações possíveis decorrentes da ninfoplastia?
Complicações dessa cirurgia são muito raras e quando ocorrem são os eventos comuns a todas as cirurgias: hematoma22, sangramento, infecção23, abertura dos pontos.
Veja também sobre "Mitos e verdade sobre menstruação15", "Sinéquia dos pequenos lábios ou “vagina fechada”" e "Frigidez feminina".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Revista Brasileira de Cirurgia Plástica e da SBCP – Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.