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Marcapasso sem fio

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O que é o marcapasso1 tradicional?

marcapasso1 tradicional é um aparelho que, implantado em portadores de diversas doenças do coração2, tem a função de corrigir os defeitos do ritmo cardíaco, podendo aumentá-lo, diminui-lo ou estabilizá-lo, conforme o caso – embora na maioria das vezes seja usado para tratar um ritmo cardíaco lento e arritmias3 cardíacas significativas.

Concretamente, um marcapasso1 tradicional é uma pequena caixa metálica pesando entre 20 e 50 gramas, que contém uma bateria e circuitos eletrônicos para estimulação elétrica do coração2. Todo o conjunto é composto de três partes: (1) um gerador e emissor de impulsos elétricos, (2) um ou dois eletrodos e (3) um programador.

Duas dessas partes, o gerador/emissor de impulsos e os eletrodos, são implantados dentro do corpo da pessoa em uma bolsa intradérmica, abaixo da clavícula4 esquerda, e a terceira parte, o programador, é mantido em um hospital ou clínica, onde um profissional habilitado usa um computador especializado para ver como o marcapasso1 está trabalhando e para ajustar a sua configuração. Ele monitora continuamente o coração2 e envia um impulso elétrico regular para marcar o compasso do coração2 quando seu próprio ritmo é interrompido, está irregular ou é muito lento.

A bateria tem uma duração entre 6 e 12 anos, dependendo do uso que se fizer dela, quando então deve ser substituída. O eletrodo é um tênue fio isolado que transporta o minúsculo impulso elétrico desde o gerador/emissor de impulsos ao coração2, para regular o ritmo cardíaco.

Leia sobre "Bradicardia5", "Taquicardia6", "Assistolia" e "Arritmias3 cardíacas".

O que é o marcapasso1 sem fio?

Atualmente há uma variedade de marcapassos sem fio para diferentes necessidades clínicas. Uma das evoluções mais recente e revolucionária nesse assunto é o marcapasso1 sem fio para uso temporário após uma cirurgia cardíaca aberta, um ataque cardíaco ou uma overdose de drogas, por exemplo. Diferentemente dos modelos tradicionais, essa nova versão pesa menos de 0,5 grama7 e, uma vez implantado, não precisa ser retirado, já que é constituído de material biodegradável, que se desfaz gradativamente em 2 a 5 semanas e é absorvido pelo corpo.

Esse tipo de dispositivo evita as complicações que ocorrem com o marcapasso1 tradicional, bem como poupa o paciente da cirurgia de retirada do aparelho. Esse marcapasso1 sem fio funciona sem bateria, pode ser implantado diretamente na superfície do coração2, não tem cabos, é controlado e programado de fora do corpo e é absorvido quando não for mais necessário. Ele pode ser usado tanto por pessoas que necessitam do aparelho somente por um curto período ou por aquelas que esperam por um aparelho permanente.

Existem também outros modelos de marcapassos sem fio, de duração mais longa e destinados a situações clínicas específicas, que são implantados sem cirurgia nas câmaras cardíacas por meio de cateteres endovenosos.

Como funcionam os marcapassos sem fio?

A tecnologia “wireless” (sem a necessidade de fios) foi utilizada primeiro em marcapassos temporários. Por meio desta tecnologia, um aparelho envia energia, por radiofrequência, a um receptor dentro do marcapasso1, que transforma a energia em corrente elétrica, regulando assim o ritmo cardíaco. O dispositivo é implantado diretamente na superfície do coração2 e pode ser ativado remotamente.

Ao longo de algumas semanas, esse tipo de marcapasso1 se degrada por conta própria, evitando assim a necessidade da remoção física, o que evita uma nova intervenção cirúrgica. Ele é feito com materiais compatíveis com o corpo humano8 e, após o período determinado, o corpo dissolve o dispositivo por meio de processos biológicos naturais.

Com outros marcapassos já existentes, é possível adicionar o marcapasso1 através de uma veia do braço ou da perna, evitando também a cirurgia de implantação. Mas, por ora, só existe o marcapasso1 de estimulação de uma única câmara cardíaca (ventrículo direito).

Espera-se que num futuro bem próximo seja possível implantar marcapassos sem fio que possam estimular todas as câmaras cardíacas e promovam a sincronização do coração2.

Vantagens do marcapasso1 sem fio

O implante9 de marcapasso1 tradicional demanda cirurgia para sua implantação, com consequente formação de cicatriz10 e possíveis complicações, embora raras, tais como pneumotórax11, perfuração cardíaca, luxação12 de cateteres e hematoma13 da bolsa subcutânea14. Além disso, podem ocorrer infecções15 locais ou sistêmicas com potencial para endocardite16 bacteriana, oclusão venosa ou falência da válvula tricúspide. Isso geralmente implica a necessidade de explantação e extração do sistema de estimulação, um procedimento que também não é isento de complicações.

As vantagens dos marcapassos sem eletrodo se devem ao seu pequeno tamanho e peso, à ausência de mecanismos de conectores entre o gerador e os eletrodos, ao implante9 por meio de cateter minimamente invasivo e ao risco muito menor de infecções15. Ademais, há um menor impacto psicológico, já que não expõe os pacientes à permanente visão17 de uma bolsa subcutânea14 e de uma cicatriz10. Além disso, os marcapassos sem fios são compatíveis com a ressonância magnética18 de corpo inteiro.

As limitações dos marcapassos sem eletrodos é que eles, no momento, se destinam a uma categoria pequena de pacientes com necessidade de estimulação de câmara única. Esses marcapassos são posicionados na cavidade ventricular direita com procedimento minimamente invasivo via cateter inserido a partir da veia femoral19.

Veja também sobre "Parada cardíaca", "Eletrocardiograma20", "Holter21" e "Extrassístoles".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da European Society of Cardiology, da Cleveland Clinic e da Scientific American.

ABCMED, 2022. Marcapasso sem fio. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1407555/marcapasso-sem-fio.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Marcapasso: Dispositivo eletrônico utilizado para proporcionar um estímulo elétrico periódico para excitar o músculo cardíaco em algumas arritmias do coração. Em geral são implantados sob a pele do tórax.
2 Coração: Órgão muscular, oco, que mantém a circulação sangüínea.
3 Arritmias: Arritmia cardíaca é o nome dado a diversas perturbações que alteram a frequência ou o ritmo dos batimentos cardíacos.
4 Clavícula:
5 Bradicardia: Diminuição da freqüência cardíaca a menos de 60 batimentos por minuto. Pode estar associada a distúrbios da condução cardíaca, ao efeito de alguns medicamentos ou a causas fisiológicas (bradicardia do desportista).
6 Taquicardia: Aumento da frequência cardíaca. Pode ser devido a causas fisiológicas (durante o exercício físico ou gravidez) ou por diversas doenças como sepse, hipertireoidismo e anemia. Pode ser assintomática ou provocar palpitações.
7 Grama: 1. Designação comum a diversas ervas da família das gramíneas que formam forrações espontâneas ou que são cultivadas para criar gramados em jardins e parques ou como forrageiras, em pastagens; relva. 2. Unidade de medida de massa no sistema c.g.s., equivalente a 0,001 kg . Símbolo: g.
8 Corpo humano: O corpo humano é a substância física ou estrutura total e material de cada homem. Ele divide-se em cabeça, pescoço, tronco e membros. A anatomia humana estuda as grandes estruturas e sistemas do corpo humano.
9 Implante: 1. Em cirurgia e odontologia é o material retirado do próprio indivíduo, de outrem ou artificialmente elaborado que é inserido ou enxertado em uma estrutura orgânica, de modo a fazer parte integrante dela. 2. Na medicina, é qualquer material natural ou artificial inserido ou enxertado no organismo. 3. Em patologia, é uma célula ou fragmento de tecido, especialmente de tumores, que migra para outro local do organismo, com subsequente crescimento.
10 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
11 Pneumotórax: Presença de ar na cavidade pleural. Como o pulmão mantém sua forma em virtude da pressão negativa existente entre a parede torácica e a pleura, a presença de pneumotórax produz o colapso pulmonar, podendo levar à insuficiência respiratória aguda. Suas causas são traumáticas (ferida perfurante no tórax, aumento brusco da pressão nas vias aéreas), pós-operatórias ou, em certas ocasiões, pode ser espontâneo.
12 Luxação: É o deslocamento de um ou mais ossos para fora da sua posição normal na articulação.
13 Hematoma: Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma hemorragia.
14 Subcutânea: Feita ou situada sob a pele; hipodérmica.
15 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
16 Endocardite: Inflamação aguda ou crônica do endocárdio. Ela pode estar preferencialmente localizada nas válvulas cardíacas (endocardite valvular) ou nas paredes cardíacas (endocardite parietal). Pode ter causa infecciosa ou não infecciosa.
17 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
18 Ressonância magnética: Exame que fornece imagens em alta definição dos órgãos internos do corpo através da utilização de um campo magnético.
19 Veia Femoral: Veia que acompanha a artéria femoral dividindo a mesma bainha. É continuação da veia poplítea e continua-se como veia ilíaca externa.
20 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
21 Holter: Dispositivo portátil, projetado para registrar de forma contínua, diferentes variáveis fisiológicas ou atividade elétrica durante um período pré-estabelecido de tempo. Os mais utilizados são o Holter eletrocardiográfico e o Holter de pressão.
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