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Cirurgia endoscópica transesfenoidal

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O que é a cirurgia endoscópica transesfenoidal?

A cirurgia transesfenoidal é um tipo de cirurgia na qual um endoscópio e/ou outros instrumentos cirúrgicos são inseridos na base do cérebro1 através do nariz2 e do osso esfenoide3 na cavidade do seio esfenoidal4. Ela tem sido utilizada principalmente para permitir acesso à sela túrcica5 e sua proximidade é usada para remover tumores da hipófise6.

Essa cirurgia tem ganho aceitação crescente por otorrinolaringologistas e neurocirurgiões e tem sido utilizada para as mesmas indicações que a técnica microcirúrgica convencional.

Leia sobre "Craniotomia7", "Tumores cerebrais" e "Tumores de hipófise6".

Como é feita a cirurgia endoscópica transesfenoidal?

O emprego da técnica endonasal para acessar a base do cérebro1 é relativamente recente. Ela foi tentada pela primeira vez por Hermann Schloffer em 1907, mas o procedimento só veio a ganhar proeminência nas décadas de 1950 e 60 com a introdução do microscópio cirúrgico. Anteriormente, o acesso cirúrgico só podia ser feito por meio de uma craniotomia7 tradicional, que envolvia maiores possibilidades de complicações. Depois disso, uma técnica mais tradicional usava uma incisão8 na pele9 sob o lábio10 superior e fazia a remoção de uma grande parte do septo nasal11 para que o cirurgião pudesse ver diretamente a área do seio esfenoidal4. No entanto, surgiu uma técnica minimamente invasiva, chamada cirurgia endoscópica endonasal, que usa uma pequena incisão8 na parte posterior da cavidade nasal12 e causa pouco dano aos tecidos nasais.

A cirurgia transesfenoidal é realizada sob anestesia13 geral e é a via cirúrgica mais frequentemente indicada para acesso à sela túrcica5, independentemente da idade do paciente. A incisão8 (ou corte) é feita dentro do nariz2, não deixando, pois, nenhuma cicatriz14 aparente. Através desse acesso minimamente invasivo retira-se uma pequena quantidade de mucosa15 e osso para acessar a hipófise6. Neste procedimento, em que o microscópio cirúrgico é introduzido pelas narinas, os riscos cirúrgicos clássicos ficam diminuídos e não há a necessidade de grandes cortes. Como lida com estruturas muito nobres e delicadas, o procedimento dura de 2 a 3 horas.

Quase sempre a cirurgia transesfenoidal é realizada por um neurocirurgião, muitas vezes em parceria com um otorrinolaringologista com treinamento especializado em cirurgia endoscópica dos seios16 da face17. Essa abordagem em equipe permite um atendimento mais abrangente antes, durante e após a cirurgia.

Antes da cirurgia, o paciente deve informar ao cirurgião sobre seu histórico médico e sobre os remédios que esteja tomando para saber se eles devem ser continuados ou interrompidos. O paciente deve também fazer os exames pré-cirúrgicos de rotina.

Quem deve se submeter à cirurgia endoscópica transesfenoidal?

O paciente candidato à cirurgia transesfenoidal é aquele que porta: um adenoma18 hipofisário, tumor19 secretor ou não de hormônio20; um craniofaringioma, tumor19 benigno que cresce a partir de células21 próximas à haste pituitária; um cisto da fenda de Rathke, cisto benigno entre os lobos22 anterior e posterior da glândula23 pituitária; meningioma, um tumor19 que cresce a partir das meninges24; ou um cordoma, um tumor19 ósseo maligno que cresce a partir da base do crânio25.

Quais são as complicações possíveis da cirurgia endoscópica transesfenoidal?

É comum haver sinusite26 pós-operatória. A membrana que separa a hipófise6 do cérebro1 pode ser rompida e ocasionar saída do líquido cefalorraquidiano27 (fístula28 liquórica). Outras complicações frequentes (20%) são a diabetes insipidus29 e a insuficiência30 da produção dos hormônios hipofisários (hipopituitarismo). Essas eventualidades acontecem quando o tumor19 envolve toda a hipófise6 que é removida conjuntamente com o tumor19. Raramente (1 a 3% dos casos) podem ocorrer meningite31, lesão32 cerebral e lesão32 dos nervos ópticos ou das artérias33 carótidas34.

Veja também sobre "Hipertensão35 intracraniana", "Meningites36", "Craniofaringioma" e "Hipopituitarismo".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da Mayfield Brain & Spine, da U.S. National Library of Medicine e da American Cancer Society.

ABCMED, 2021. Cirurgia endoscópica transesfenoidal. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1385975/cirurgia-endoscopica-transesfenoidal.htm>. Acesso em: 24 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Cérebro: Derivado do TELENCÉFALO, o cérebro é composto dos hemisférios direito e esquerdo. Cada hemisfério contém um córtex cerebral exterior e gânglios basais subcorticais. O cérebro inclui todas as partes dentro do crânio exceto MEDULA OBLONGA, PONTE e CEREBELO. As funções cerebrais incluem as atividades sensório-motora, emocional e intelectual.
2 Nariz: Estrutura especializada que funciona como um órgão do sentido do olfato e que também pertence ao sistema respiratório; o termo inclui tanto o nariz externo como a cavidade nasal.
3 Osso Esfenóide:
4 Seio Esfenoidal: Um dos seios paranasais pareados, localizado no corpo do osso esfenóide e comunica-se com o meato superior da cavidade nasal do respectivo lado.
5 Sela túrcica: Proeminência óssea, situada na superfície superior do corpo do osso esfenóide, que abriga a GLÂNDULA HIPÓFISE. Síndrome da Sela Vazia;
6 Hipófise:
7 Craniotomia: Abertura cirúrgica do crânio realizada com o objetivo de se chegar ao encéfalo.
8 Incisão: 1. Corte ou golpe com instrumento cortante; talho. 2. Em cirurgia, intervenção cirúrgica em um tecido efetuada com instrumento cortante (bisturi ou bisturi elétrico); incisura.
9 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
10 Lábio: Cada uma das duas margens carnudas e altamente irrigadas da boca.
11 Septo Nasal: A divisão que separa as duas cavidades nasais no plano medial, composta de cartilagens, membranas e partes ósseas.
12 Cavidade Nasal: Porção proximal da passagem respiratória em cada lado do septo nasal, revestida por uma mucosa ciliada extendendo-se das narinas até a faringe.
13 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
14 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
15 Mucosa: Tipo de membrana, umidificada por secreções glandulares, que recobre cavidades orgânicas em contato direto ou indireto com o meio exterior.
16 Seios: Em humanos, uma das regiões pareadas na porção anterior do TÓRAX. As mamas consistem das GLÂNDULAS MAMÁRIAS, PELE, MÚSCULOS, TECIDO ADIPOSO e os TECIDOS CONJUNTIVOS.
17 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
18 Adenoma: Tumor do epitélio glandular de características benignas.
19 Tumor: Termo que literalmente significa massa ou formação de tecido. É utilizado em geral para referir-se a uma formação neoplásica.
20 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
21 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
22 Lobos: Lobo Frontal Lobo Parietal Lobo Temporal Lobo Occipital
23 Glândula: Estrutura do organismo especializada na produção de substâncias que podem ser lançadas na corrente sangüínea (glândulas endócrinas) ou em uma superfície mucosa ou cutânea (glândulas exócrinas). A saliva, o suor, o muco, são exemplos de produtos de glândulas exócrinas. Os hormônios da tireóide, a insulina e os estrógenos são de secreção endócrina.
24 Meninges: Conjunto de membranas que envolvem o sistema nervoso central. Cumprem funções de proteção, isolamento e nutrição. São três e denominam-se dura-máter, pia-máter e aracnóide.
25 Base do Crânio: Região inferior do crânio consistindo de uma superfície interna (cerebral) e uma superfície externa (basal).
26 Sinusite: Infecção aguda ou crônica dos seios paranasais. Podem complicar o curso normal de um resfriado comum, acompanhando-se de febre e dor retro-ocular.
27 Líquido cefalorraquidiano: Líquido cefalorraquidiano (LCR), também conhecido como líquor ou fluido cérebro espinhal, é definido como um fluido corporal estéril, incolor, encontrado no espaço subaracnoideo no cérebro e na medula espinhal (entre as meninges aracnoide e pia-máter). Caracteriza-se por ser uma solução salina pura, com baixo teor de proteínas e células, atuando como um amortecedor para o córtex cerebral e a medula espinhal. Possui também a função de fornecer nutrientes para o tecido nervoso e remover resíduos metabólicos do mesmo. É sintetizado pelos plexos coroidais, epitélio ventricular e espaço subaracnoideo em uma taxa de aproximadamente 20 mL/hora. Em recém-nascidos, este líquido é encontrado em um volume que varia entre 10 a 60 mL, enquanto que no adulto fica entre 100 a 150 mL.
28 Fístula: Comunicação anormal entre dois órgãos ou duas seções de um mesmo órgão entre si ou com a superfície. Possui um conduto de paredes próprias.
29 Diabetes insipidus: Condição caracterizada por micções freqüentes e volumosas, sede excessiva e sensação de fraqueza. Esta condição pode ser causada por um defeito na glândula pituitária ou no rim. Na diabetes insipidus os níveis de glicose estão normais.
30 Insuficiência: Incapacidade de um órgão ou sistema para realizar adequadamente suas funções.Manifesta-se de diferentes formas segundo o órgão comprometido. Exemplos: insuficiência renal, hepática, cardíaca, respiratória.
31 Meningite: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
32 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
33 Artérias: Os vasos que transportam sangue para fora do coração.
34 Carótidas: Artérias originadas a partir da aorta torácica ou a partir de um dos seus ramos principais, encarregadas de conduzir o maior volume sangüíneo para as estruturas do crânio.Estão dispostas de cada lado do pescoço (carótidas externas), que a seguir ramifica-se em várias artérias e unem-se aos troncos arteriais derivados do circuito cerebral posterior, através dos ramos comunicantes posteriores.
35 Hipertensão: Condição presente quando o sangue flui através dos vasos com força maior que a normal. Também chamada de pressão alta. Hipertensão pode causar esforço cardíaco, dano aos vasos sangüíneos e aumento do risco de um ataque cardíaco, derrame ou acidente vascular cerebral, além de problemas renais e morte.
36 Meningites: Inflamação das meninges, aguda ou crônica, quase sempre de origem infecciosa, com ou sem reação purulenta do líquido cefalorraquidiano. As meninges são três membranas superpostas (dura-máter, aracnoide e pia-máter) que envolvem o encéfalo e a medula espinhal.
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