BERA - como é o exame? Quando deve ser feito?
O que é o BERA?
BERA é a sigla em português que corresponde à sigla BAER em inglês para brainstem auditory evoked response. É um exame auditivo que mede como o cérebro1 processa os sons que uma pessoa ouve. O exame avalia a integridade das vias auditivas, desde a entrada no ouvido até o córtex cerebral, podendo determinar se existe ou não perda auditiva e localizar em que estrutura anatômica ela se dá: se na cóclea, no nervo auditivo ou no tronco encefálico2.
O exame também é chamado de potencial evocado auditivo de tronco encefálico2 (PEATE) ou exame de resposta auditiva de tronco encefálico2. O procedimento foi descrito pela primeira vez por Jewett e Williston em 1971.
Leia sobre "Reflexão: a vergonha e a deficiência auditiva", "Surdez em idosos e o risco de demência3" e "Implante4 coclear ou ouvido biônico".
Qual é o substrato fisiológico5 do BERA (exame auditivo)?
O exame registra as ondas cerebrais em resposta a cliques ou outros tons de áudio reproduzidos para a pessoa. O sinal6 auditivo viaja ao longo da via auditiva desde o complexo nuclear coclear, proximalmente, até o colículo nervoso inferior, no cérebro1, deixando o registro de ondas a serem analisadas pelo especialista.
Para que serve o BERA?
O exame deve ser indicado em associação a outros e está indicado:
- Para ajudar na avaliação da função auditiva em pessoas difíceis de se testar, como por exemplo recém-nascidos, lactentes7, pessoas com deficiências múltiplas e outras que sejam incapazes de responder adequadamente a exames comportamentais.
- Para pesquisar o limiar auditivo eletrofisiológico.
- Em neonatologia, para o estudo do desenvolvimento da maturidade do sistema auditivo, na toxicose provocada pela hiperbilirrubinemia e na detecção de deficiência auditiva.
- Para ajudar na avaliação da audição, quando os demais testes audiométricos não são possíveis ou são inconclusivos.
- Para avaliar possível existência de tumor8 do nervo auditivo.
- Em neurologia, para ajudar a identificar lesões9 cerebrais.
- Para diagnosticar neuropatia10 auditiva, não evidenciada radiologicamente.
- No uso de prótese11 auditiva e no diagnóstico12 diferencial de lesões9 periféricas e centrais.
- Nos recém-nascidos prematuros ou que possuem algum outro indicador de risco para a deficiência auditiva.
- Nos pacientes em coma13, para ajudar no prognóstico14 neurológico e na determinação da morte cerebral15.
O BERA deve ser feito em todo recém-nato em que se suspeita de alguma deficiência auditiva. Em alguns países, o BERA já faz parte dos exames rotineiros do recém-nascido.
Além desses usos, o BERA tem uma ampla gama de aplicações clínicas, incluindo, entre outras situações, o monitoramento em UTI, estimativa específica da frequência da sensibilidade auditiva e informações sobre as suspeitas de distúrbios desmielinizantes16 como, por exemplo, a esclerose múltipla17.
Como se processa o BERA?
O instrumental que realiza o exame é uma modificação do eletroencefalógrafo associada a um computador. As respostas evocadas podem ser obtidas mesmo de um paciente que é incapaz de responder aos exames comportamentais convencionais. E até mesmo podem oferecer resultados melhores do que aqueles que são obtidos com pacientes inertes ou adormecidos.
Os exames BERA são fáceis e rápidos e praticamente não apresentam riscos ou complicações. A pessoa não precisa fazer nenhum preparo especial para o teste, a não ser lavar o cabelo18 na noite anterior para remover eventuais resíduos de óleos que possam impedir que o equipamento de teste grude no couro cabeludo. A pele19 por trás das orelhas20 e da testa deve ser limpa com um produto específico porque nestes pontos serão fixados os eletrodos.
O paciente ficará recostado em uma cadeira reclinável ou deitado em uma cama enquanto o médico coloca pequenos eletrodos em seu couro cabeludo e nos lóbulos de suas orelhas20. Idealmente ele deve estar o mais relaxado possível e com os olhos21 fechados. O médico colocará no paciente um conjunto de fones de ouvido, pelo qual o paciente ouvirá uma série de cliques ou tons, mas não precisará fazer nada em resposta a eles.
Quando o nervo auditivo e as estruturas do tronco encefálico2 forem ativados pelos estímulos sonoros, é gerada pequena quantidade de eletricidade que é captada pelos eletrodos. Os eletrodos registram como o cérebro1 reage aos sons que o paciente ouve, os quais serão interpretados pelo examinador. O exame mostra se o paciente está ouvindo os sons corretamente e se eles estão sendo conduzidos dos seus ouvidos para o seu cérebro1.
Em crianças que ainda não sejam capazes de obedecer às ordens médicas, o exame tem de ser realizado normalmente enquanto dormem, geralmente sob ação de remédios. Em alguns casos de pessoas adultas também pode ser necessária a indução do sono para que o exame seja efetuado com tranquilidade.
Veja também sobre "Deficiência auditiva", "Protetores auditivos", "Audiometria22" e "Incômodo com alguns sons - pode ser misofonia".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas dos sites do HCE – Hospital Central do Exército e do Women’s and Children’s Hospital.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.