Ultrassom terapêutico - O que é? Quais são as aplicações? E as contraindicações?
O que é ultrassom terapêutico?
O ultrassom terapêutico corresponde ao uso da energia ultrassônica para produção de vibrações mecânicas emitidas por um transdutor. Essas vibrações são capazes de produzir efeitos terapêuticos diversos nos tecidos orgânicos, decorrentes do movimento de agitação (efeitos mecânicos) ou do calor gerado (efeitos térmicos). A quantidade de calor gerado depende de fatores como o regime de emissão (contínuo ou pulsado), a intensidade, a frequência e a duração do tratamento.
Quando usar o ultrassom terapêutico?
O ultrassom pode ser usado na regeneração tissular1. O processo de reparo tecidual compõe-se de três fases: inflamatória, proliferativa e remodelagem. Na fase inflamatória, atua como acelerador do processo inflamatório. Na fase proliferativa, o ultrassom proporciona uma potencialização da motilidade e proliferação dos fibroblastos2. Na fase de remodelagem, ele aumenta a resistência tênsil, a reorientação e a quantidade de fibras colágenas.
O ultrassom terapêutico atua por meio de efeitos mecânicos ou térmicos e pode ser aplicado em muitas situações terapêuticas para beneficiar o paciente. O ultrassom de baixa frequência tem sido praticado extensamente desde os anos 50 para algumas condições, tais como tendinite3 e bursite4. Como ondas de choque5, usadas para tratar pedras nos rins6 e cálculos biliares, aumentou o uso nos anos 80. Essas ondas de ultrassom são utilizadas para fragmentar essas pedras em partes menores, que podem, então, ser removidas do corpo através dos processos naturais de eliminação.
Atualmente, há diversas outras aplicações do ultrassom terapêutico, as quais incluem, por exemplo, ablação7 da fibroide uterina, remoção da catarata8, cicatrização e hemostasia9 dos tecidos, absorção transdérmica de drogas, auxílio na cura de fraturas ósseas, fisioterapia10, controle bacteriano, higiene dental e trombólise11 venosa (dissolução de trombos12).
Os principais efeitos térmicos do ultrassom terapêutico são: aumento da permeabilidade13 das membranas, vasodilatação e aumento da taxa metabólica local, liberação de histamina14 e agentes quimiotáticos, analgesia, ação tixotrópica (propriedade de "amolecer" estruturas com consistência física mais rígida), aumento da síntese e elasticidade15 do colágeno16, da condução nervosa, da taxa de síntese de proteínas17 e das atividades dos fibroblastos2, estimulação da angiogênese18, incremento da penetração de agentes farmacológicos através da pele19 e aumento das propriedades viscosas e elásticas dos tecidos conjuntivos.
No pós-operatório de mamoplastias20 (cirurgias plásticas das mamas21), o uso do ultrassom é importante no sentido de incrementar a circulação22 sanguínea e linfática, ocasionando uma melhor nutrição23 celular e facilitando a reabsorção de hematomas24 e equimoses25. O uso do ultrassom acelera a fase inflamatória do processo de cicatrização tissular1 aumentando a adesão de leucócitos26 nas células27 endoteliais danificadas. Quando aplicado na fase de proliferação, estimula a divisão celular e aumenta a capacidade da célula28 de sintetizar e secretar os componentes dos fibroblastos2.
Saiba mais sobre "Cálculo29 renal30", "Colelitíase31 ou pedras na vesícula biliar32", "Fratura33 óssea" e "Mamoplastia34".
Como se faz a aplicação do ultrassom terapêutico?
A técnica de aplicação mais utilizada é a de contato direto, realizada quando a superfície a ser tratada não possui muitas irregularidades, permitindo o contato total da pele19 com toda a área do transdutor (terminal disparador de ondas de ultrassom). O cabeçote fica em contato direto com a pele19 do paciente, entretanto se faz necessário a utilização de uma substância de acoplamento (geralmente um gel) visando minimizar os efeitos da reflexão. Para assegurar o tratamento mais uniforme possível de uma área, é necessário manter o cabeçote de tratamento em movimento contínuo e uniforme. Adicionalmente, o gel facilita o deslocamento do transdutor sobre a pele19.
As ondas ultrassônicas podem se propagar de dois modos: (1) contínuo, em que não ocorre interrupção da onda ultrassônica e que promove a geração de calor, ou (2) pulsado, em que há interrupções na liberação da energia nos tecidos irradiados e que não produz calor.
O tempo de aplicação do ultrassom deve variar de acordo com o tamanho da área irradiada, mas não deve ultrapassar 15 minutos de aplicação total.
Contraindicações do ultrassom terapêutico
O ultrassom terapêutico deve ser aplicado com muito cuidado em áreas com hipoestesia35 (diminuição da sensibilidade), pois pode produzir lesões36 na pele19 e periósteo37, uma vez que o mecanismo de defesa está abolido. Nas áreas com insuficiência38 vascular39 pode haver dificuldade de arrefecimento da área pelo sangue40. Os implantes metálicos constituem outra contraindicação, já que 90% de radiação emitida é refletida e tende a se concentrar nos tecidos vizinhos.
O ultrassom terapêutico, quando aplicado sobre epífises41 férteis, pode causar uma ossificação precoce e interferir no crescimento ósseo. O cimento de fixação das endopróteses possui um alto coeficiente de absorção das ondas ultrassônicas e os componentes à base de polímeros poderiam sofrer ação dos efeitos térmicos do ultrassom contínuo.
Durante a aplicação do ultrassom terapêutico podem ocorrer ligeiras alterações no metabolismo42 da glicemia43 que, em geral, desaparecem com a redução das doses. Por isso, deve ser usado com cuidado em diabéticos. O ultrassom pode influenciar no funcionamento de marca-passos, mas isso só ocorre se as ondas sônicas atingirem diretamente o aparelho. Por fim, deve-se tomar cuidado com as feridas abertas, pois há risco de infecção44.
Veja sobre outras aplicações do ultrassom: "Ultrassonografia45", "Ultrassonografia45 transvaginal" e "Ultrassonografia45 na gravidez46".
Referências:
As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da Cleveland Clinic e da Mayo Clinic.
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.