Gostou do artigo? Compartilhe!

Urostomia - como é o procedimento?

A+ A- Alterar tamanho da letra
Avalie este artigo

O que é urostomia1?

Urostomia1 é a criação cirúrgica de uma abertura artificial (estoma2) dos condutos urinários na parede abdominal3. A urina4 passará a fluir através desta abertura situada na parede abdominal3 e não mais pela uretra5, como normalmente, e será armazenada em uma bolsa coletora.

Como é feita a urostomia1?

A urostomia1 é um procedimento feito durante uma internação e sob anestesia6 geral. Antes da urostomia1, o paciente deve passar por exames como, por exemplo, eletrocardiograma7, exames de sangue8 e radiografia do tórax9 para se certificar de que ele está saudável o suficiente para o procedimento.

O médico localizará um ponto no abdômen do paciente para colocar o estoma2. Esta área deve ser plana e fácil de ser alcançada. O paciente pode ter que parar alguns medicamentos que esteja tomando como, por exemplo, anticoagulantes10, uma semana antes da cirurgia e também parar de fumar, para reduzir os riscos e melhorar a recuperação.

No dia anterior ao procedimento, o paciente precisa fazer uma dieta líquida e, na noite anterior, ele deve tomar banho e lavar o abdômen com sabonete antibacteriano. Durante o procedimento, o cirurgião irá remover um pequeno pedaço do intestino, chamado íleo11. Uma extremidade do íleo11 é anexada aos ureteres12. A outra extremidade do íleo11 é anexada ao estoma2. A urina4 irá viajar dos ureteres12 através do íleo11 até uma bolsa que será usada na parte externa do corpo.

A urostomia1 é quase sempre situada no lado direito do abdômen, a menos que por razões técnicas deva ser feita à esquerda. Algumas urostomias podem ser temporárias, mas quando a bexiga13 é removida a urostomia1 se torna permanente. A cirurgia dura de três a cinco horas.

Por que fazer uma urostomia1? Como funciona a urostomia1?

Problemas de bexiga13 como, por exemplo, um defeito de nascença, cirurgia ou lesão14 medular, pode fazer com que as pessoas não consigam controlar o fluxo de urina4, ficando incontinentes (incontinência urinária15). Além disso ser muito embaraçoso, a umidade constante pode causar problemas de pele16. Assim, torna-se mais fácil administrar uma urostomia1 do que lidar com uma bexiga13 defeituosa.

O estoma2 (orifício de saída da urina4) tem a forma redonda ou oval e diminuirá com o tempo após a cirurgia. Alguns estomas podem se destacar um pouco para fora da pele16, enquanto outros ficam nivelados com a pele16. O estoma2 não tem terminações nervosas, por isso não é uma fonte de dor ou desconforto. O paciente não poderá impedir a saída contínua da urina4 através do estoma2, portanto, é necessária uma bolsa para coletar a urina4 à medida que ela sai.

A urostomia1 torna-se necessária quando certas doenças e condições causam sérios problemas ao funcionamento da bexiga13, fazendo com que ela tenha de ser remodelada ou removida. Uma urostomia1 em si não é uma doença, mas uma mudança na maneira como o corpo funciona, mudando cirurgicamente a forma como a urina4 sai do corpo. Um caso quando pode ser necessária é quando há câncer17 na bexiga13, que então precisa ser removida no todo ou em parte.

Saiba mais sobre "Incontinência urinária15", "Câncer17 de bexiga13", "Cistectomia" e "Infecção18 urinária".

Convivendo com a urostomia1

Pode levar algum tempo para que a pessoa se acostume a viver com uma bolsa de urostomia1, mas com o tempo o processo de drenagem19 da bolsa se tornará rotineiro e a pessoa pode voltar à suas atividades normalmente. Uma urostomia1 não deve interferir com o trabalho, com a possível exceção de trabalhos que exigem elevar cargas muito pesadas.

A urostomia1 em si mesma também não deve interferir na atividade sexual normal ou na gravidez20, nem deve impedir a pessoa de manter suas amizades e relacionamentos. No entanto, a função sexual pode ser influenciada pelas razões pelas quais a urostomia1 é realizada.

Normalmente, é possível usar as mesmas vestes que antes da cirurgia, incluindo roupa de banho. Com uma bolsa segura, o paciente pode nadar e participar de praticamente todos os tipos de esportes; apenas recomenda-se precaução nos esportes de contato pesado. As viagens não devem ser restringidas e o tomar banho pode ser feito com ou sem a bolsa no lugar. Não há restrições alimentares. Sugere-se tomar cerca de 2 litros de líquido por dia para ajudar a diminuir a chance de infecção18 nos rins21.

O paciente deve ser instruído pelo médico ou por uma enfermeira sobre como cuidar de seu estoma2. A bolsa deve ser mudada regularmente para evitar irritação ou vazamento de urina4. O esvaziamento da bolsa deve ser feito quando ela estiver com cerca de 1/3 ou metade cheia, para evitar que ela vaze e irrite a pele16. Quando trocar a bolsa, o paciente deve limpar a pele16 em torno do seu estoma2 com água e secá-la bem. Demais cuidados com banhos após o procedimento deve ser feito com orientação médica.

Quais são as complicações possíveis da urostomia1?

O fluxo de urina4 através do estoma2 pode irritar a pele16. Outras possíveis complicações da urostomia1 incluem infecção18, formação de coágulos de sangue8 e pneumonia22. O paciente deve fazer contato com o médico se notar algum(ns) dos seguintes sintomas23: sangramento na abertura do estoma2; irritação grave ou feridas na pele16; mudança no tamanho do estoma2; estoma2 roxo, preto ou branco; odor forte do estoma2; protuberância ou dor no abdômen; febre24 e urina4 com sangue8 ou com mau cheiro. Qualquer um deles pode sinalizar alguma complicação.

Leia também sobre "Cistocele25", "Cistite26 intersticial27", "Cistoscopia28", "Cistografia" e "Retenção urinária29".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas em parte dos sites da The British Association of Urological Surgeons (BAUS), da European Association of Urology e da Urology Care Foundation da American Urological Association.

ABCMED, 2018. Urostomia - como é o procedimento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/exames-e-procedimentos/1326258/urostomia-como-e-o-procedimento.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Urostomia: É um procedimento cirúrgico realizado para criar um novo trajeto para a saída da urina, um estoma. A urina passa a fluir através de uma abertura feita na parede abdominal e será armazenada em uma bolsa coletora.
2 Estoma: 1. Na anatomia geral, é um orifício ou poro diminuto. 2. Em cirurgia, é uma abertura feita na parede abdominal por meio de colostomia, ileostomia, etc., ou seja, abertura entre duas porções do intestino em uma anastomose.
3 Parede Abdominal: Margem externa do ABDOME que se estende da cavidade torácica osteocartilaginosa até a PELVE. Embora sua maior parte seja muscular, a parede abdominal consiste em pelo menos sete camadas Músculos Abdominais;
4 Urina: Resíduo líquido produzido pela filtração renal no organismo, estocado na bexiga e expelido pelo ato de urinar.
5 Uretra: É um órgão túbulo-muscular que serve para eliminação da urina.
6 Anestesia: Diminuição parcial ou total da sensibilidade dolorosa. Pode ser induzida por diferentes medicamentos ou ser parte de uma doença neurológica.
7 Eletrocardiograma: Registro da atividade elétrica produzida pelo coração através da captação e amplificação dos pequenos potenciais gerados por este durante o ciclo cardíaco.
8 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
9 Tórax: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original Sinônimos: Peito; Caixa Torácica
10 Anticoagulantes: Substâncias ou medicamentos que evitam a coagulação, especialmente do sangue.
11 Íleo: A porção distal and mais estreita do INTESTINO DELGADO, entre o JEJUNO e a VALVA ILEOCECAL do INTESTINO GROSSO. Sinônimos: Ileum
12 Ureteres: Estruturas tubulares que transportam a urina dos rins até a bexiga.
13 Bexiga: Órgão cavitário, situado na cavidade pélvica, no qual é armazenada a urina, que é produzida pelos rins. É uma víscera oca caracterizada por sua distensibilidade. Tem a forma de pêra quando está vazia e a forma de bola quando está cheia.
14 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
15 Incontinência urinária: Perda do controle da bexiga que provoca a passagem involuntária de urina através da uretra. Existem diversas causas e tipos de incontinência e muitas opções terapêuticas. Estas vão desde simples exercícios de fisioterapia até complicadas cirurgias. As mulheres são mais freqüentemente acometidas por este problema.
16 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
17 Câncer: Crescimento anormal de um tecido celular capaz de invadir outros órgãos localmente ou à distância (metástases).
18 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
19 Drenagem: Saída ou retirada de material líquido (sangue, pus, soro), de forma espontânea ou através de um tubo colocado no interior da cavidade afetada (dreno).
20 Gravidez: Condição de ter um embrião ou feto em desenvolvimento no trato reprodutivo feminino após a união de ovo e espermatozóide.
21 Rins: Órgãos em forma de feijão que filtram o sangue e formam a urina. Os rins são localizados na região posterior do abdômen, um de cada lado da coluna vertebral.
22 Pneumonia: Inflamação do parênquima pulmonar. Sua causa mais freqüente é a infecção bacteriana, apesar de que pode ser produzida por outros microorganismos. Manifesta-se por febre, tosse, expectoração e dor torácica. Em pacientes idosos ou imunodeprimidos pode ser uma doença fatal.
23 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
24 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
25 Cistocele: Hérnia da bexiga.
26 Cistite: Inflamação ou infecção da bexiga. É uma das infecções mais freqüentes em mulheres, e manifesta-se por ardor ao urinar, urina escura ou com traços de sangue, aumento na freqüência miccional, etc.
27 Intersticial: Relativo a ou situado em interstícios, que são pequenos espaços entre as partes de um todo ou entre duas coisas contíguas (por exemplo, entre moléculas, células, etc.). Na anatomia geral, diz-se de tecido de sustentação localizado nos interstícios de um órgão, especialmente de vasos sanguíneos e tecido conjuntivo.
28 Cistoscopia: Visualização da bexiga urinária através de um instrumento óptico (cistoscópio) que é introduzido pela uretra.
29 Retenção urinária: É um problema de esvaziamento da bexiga causado por diferentes condições. Normalmente, o ato miccional pode ser iniciado voluntariamente e a bexiga se esvazia por completo. Retenção urinária é a retenção anormal de urina na bexiga.
Gostou do artigo? Compartilhe!

Pergunte diretamente a um especialista

Sua pergunta será enviada aos especialistas do CatalogoMed, veja as dúvidas já respondidas.