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Como usar insulina?

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O que é insulina1?

A insulina1 é um hormônio2 circulante que ajuda a controlar os níveis de açúcar3 no sangue4. Quando a pessoa come alimentos que contêm carboidratos, o corpo os converte em glicose5 (açúcar3) e a libera na corrente sanguínea, de onde ela deve passar ao interior das células6. A insulina1 atua como uma chave para abrir as células6 do corpo e permitir que a glicose5 entre nelas, onde então ela é usada como fonte de energia.

Sendo assim, a insulina1 é um verdadeiro combustível celular. Se esse processo não acontecer, ou só acontecer de maneira insuficiente, a glicose5 se acumula no sangue4, gerando uma hiperglicemia7 que caracteriza o diabetes mellitus8.

A insulina1, então, tanto controla a produção de energia, como os níveis de açúcar3 no sangue4, e promove, ainda, o armazenamento da energia excedente. Depois de uma refeição, ela ajuda as células6 a usar carboidratos, gorduras e proteínas9 necessários e a armazenar o que sobra. Essa reserva é estocada sob a forma de moléculas de açúcar3 (por um processo chamado glicogênese10), moléculas de lipídios (por um processo chamado lipogênese) e moléculas de aminoácidos, respectivamente, e poderá ser usada em necessidades futuras.

Como é produzida e como funciona a insulina1?

Todas as pessoas produzem insulina1 em seus corpos naturalmente e ela é considerada o principal hormônio2 anabólico. Sua principal função é facilitar a passagem da glicose5 da corrente sanguínea para as células musculares11 e adiposas do corpo, assim como para o fígado12. A insulina1 é produzida a partir de proteína pelas células6 beta das ilhotas de Langerhans13 do pâncreas14.

As pessoas com diabetes15 ou não produzem insulina1 em quantidades suficientes, ou não conseguem usá-la adequadamente devido a uma resistência celular à insulina1, o que dificulta ou impede a entrada da glicose5 no interior das células6.

Nos humanos e outros mamíferos, a insulina1 é produzida sob influência do gene INS, localizado no cromossoma 11. Sua cadeia química é muito estável e varia muito pouco entre as diversas espécies. Assim, por exemplo, a insulina1 bovina difere da humana em apenas três aminoácidos, e a do porco em apenas um, embora a molécula de insulina1 tenha uma cadeia de aminoácidos muito extensa e complexa. Tanto é assim que, antes que a insulina1 humana fosse sintetizada, as insulinas bovina ou de porco eram usadas para substituí-la.

A insulina1 é liberada na corrente sanguínea em duas fases:

  • A primeira é rapidamente desencadeada em resposta ao aumento dos níveis de glicose5 no sangue4 e dura cerca de 10 minutos.
  • A segunda é de liberação lenta e sustentada a partir de vesículas16 recém-formadas, desencadeadas independentemente do açúcar3, atingindo o pico em 2 a 3 horas.

Por outro lado, a liberação da insulina1 é fortemente inibida pela noradrenalina17, o que leva a um nível aumentado de glicose sanguínea18 durante o estresse. Quando o nível de glicose5 cai para o valor fisiológico19 normal, a liberação de insulina1 diminui ou cessa. Se o nível de glicose5 no sangue4 desce abaixo disso, a liberação de hormônios hiperglicêmicos força a liberação de glicose5 no sangue4 a partir dos estoques do glicogênio20 hepático.

Leia sobre "Macronutrientes21", "Micronutrientes22", "Alimentação saudável", "Alimentos ricos em fibras" e "Os cinco 'venenos' brancos".

Quais são os tipos de insulina1?

Existem diferentes tipos de insulina1 que diferem em termos de como e quando atuam no corpo. Alguns dos tipos mais comuns de insulina1 são:

  1. Insulina1 inalada, de ação rápida: tem seu início de ação em 10-15 minutos, atinge seu pico de ação em cerca de 30 minutos e tem uma duração de 3 horas. Em geral, é usada logo antes de uma refeição.
  2. Insulina de ação rápida23 ou curta: essa insulina1 começa a funcionar no corpo em 15 a 30 minutos, tem seu pico de ação em 30 minutos e dura de 3 a 5 horas. É usada para controlar os níveis de glicose5 no sangue4 em torno das refeições.
  3. Insulina de ação intermediária24: essa insulina1 começa a funcionar no corpo em 2 a 4 horas, tem seu pico de ação entre 4 e 12 horas e dura de 12 a 18 horas. É usada para controlar os níveis de glicose5 no sangue4 ao longo do dia.
  4. Insulina1 de ação prolongada: essa insulina1 começa a agir no organismo em 2 a 4 horas e seu efeito pode durar até 24 horas. É usada para controlar os níveis de glicose5 no sangue4 ao longo do dia e durante a noite.
  5. Insulina1 extralonga: essa insulina1 começa a agir no organismo em torno de 6 horas e seu efeito pode durar até 36 horas ou mais.
  6. Insulina1 pré-misturada (premix insulin): essa insulina1 é uma mistura de insulina de ação rápida23 ou curta e insulina de ação intermediária24. É usada para controlar os níveis de glicose5 no sangue4 em torno das refeições e ao longo do dia.

Como tomar insulina1?

A insulina1 pode ser aplicada por meio de injeções, de uma “caneta” contendo a substância ou de uma bomba de insulina25.

Uma caneta de insulina26 é um dispositivo utilizado para aplicar a insulina1 em substituição às injeções. Geralmente já vem com uma agulha montada e é recarregável com novos cartuchos de insulina1. Ela é fácil de usar e permite que o usuário ajuste facilmente a dose de insulina1 que está tomando. A “caneta” é mais portável e mais fácil de ser usada do que a seringa27. A agulha é menor e mais fina que a agulha da seringa27 e por isso é mais confortável.

A bomba de insulina25 é um dispositivo portátil que pode ser usado ​​discretamente sob a roupa e que permite administrar insulina1 de maneira contínua durante todo o dia e a noite. As injeções requerem menos treinamento do que as bombas e têm menor custo que elas.

As doses de insulina1 são mais eficazes quando tomadas de modo que ela comece a funcionar quando a glicose5 da comida começar a entrar no sangue4. A insulina regular28 ou uma insulina1 de ação mais prolongada geralmente devem ser tomadas 15 a 30 minutos antes de uma refeição. Uma insulina1 que funciona muito rapidamente, geralmente deve ser tomada menos de 15 minutos antes de comer.

As injeções por meio de seringas ou “canetas” são a forma mais comum de aplicação da insulina1. O paciente deve escolher um lugar para aplicação, evitando sempre a aplicação no mesmo local de antes, e manter as aplicações a cerca de 2,5 centímetros de distância das cicatrizes29 anteriores e a 5 cm do umbigo30.

Não se deve aplicar a injeção31 em um local machucado, inchado ou sensível, nem em um local irregular, firme ou entorpecido, porque essas são as causas mais comuns da insulina1 não funcionar como deveria.

O local escolhido para a injeção31 deve ser limpo e seco. Não se deve usar lenços umedecidos com álcool no local da injeção31.

A insulina1 precisa ser liberada numa camada de gordura32 sob a pele33. O paciente deve fazer uma prega na pele33 com dois dedos, inserir a agulha em ângulo de 45° e então soltar a pele33 comprimida. A insulina1 dever ser injetada de forma lenta e constante e, após isso, a agulha deve ser puxada para fora no mesmo ângulo em que entrou.

Para que a insulina1 não vaze, o local da injeção31 deve ser pressionado por alguns segundos após a injeção31.

Veja também sobre "Comportamento da glicose5 no sangue4", "Pré-diabetes34" e "Prevenção do diabetes15 e suas complicações".

 

Referências:

As informações veiculadas neste texto foram extraídas principalmente dos sites da ADA - American Diabetes Association e do Portal São Francisco.

ABCMED, 2023. Como usar insulina?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/diabetes-mellitus/1432210/como-usar-insulina.htm>. Acesso em: 19 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Insulina: Hormônio que ajuda o organismo a usar glicose como energia. As células-beta do pâncreas produzem insulina. Quando o organismo não pode produzir insulna em quantidade suficiente, ela é usada por injeções ou bomba de insulina.
2 Hormônio: Substância química produzida por uma parte do corpo e liberada no sangue para desencadear ou regular funções particulares do organismo. Por exemplo, a insulina é um hormônio produzido pelo pâncreas que diz a outras células quando usar a glicose para energia. Hormônios sintéticos, usados como medicamentos, podem ser semelhantes ou diferentes daqueles produzidos pelo organismo.
3 Açúcar: 1. Classe de carboidratos com sabor adocicado, incluindo glicose, frutose e sacarose. 2. Termo usado para se referir à glicemia sangüínea.
4 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
5 Glicose: Uma das formas mais simples de açúcar.
6 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
7 Hiperglicemia: Excesso de glicose no sangue. Hiperglicemia de jejum é o nível de glicose acima dos níveis considerados normais após jejum de 8 horas. Hiperglicemia pós-prandial acima de níveis considerados normais após 1 ou 2 horas após alimentação.
8 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
9 Proteínas: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Alimentos que fornecem proteína incluem carne vermelha, frango, peixe, queijos, leite, derivados do leite, ovos.
10 Glicogênese: Conjunto de reações metabólicas comum no fígado e por meio do qual o glicogênio é sintetizado a partir de outros carboidratos mais simples.
11 Células Musculares: Células contráteis maduras, geralmente conhecidas como miócitos, que formam um dos três tipos de músculo. Os três tipos de músculo são esquelético (FIBRAS MUSCULARES), cardíaco (MIÓCITOS CARDÍACOS) e liso (MIÓCITOS DE MÚSCULO LISO). Provêm de células musculares embrionárias (precursoras) denominadas MIOBLASTOS.
12 Fígado: Órgão que transforma alimento em energia, remove álcool e toxinas do sangue e fabrica bile. A bile, produzida pelo fígado, é importante na digestão, especialmente das gorduras. Após secretada pelas células hepáticas ela é recolhida por canalículos progressivamente maiores que a levam para dois canais que se juntam na saída do fígado e a conduzem intermitentemente até o duodeno, que é a primeira porção do intestino delgado. Com esse canal biliar comum, chamado ducto hepático, comunica-se a vesícula biliar através de um canal sinuoso, chamado ducto cístico. Quando recebe esse canal de drenagem da vesícula biliar, o canal hepático comum muda de nome para colédoco. Este, ao entrar na parede do duodeno, tem um músculo circular, designado esfíncter de Oddi, que controla o seu esvaziamento para o intestino.
13 Ilhotas de Langerhans: Estruturas microscópicas irregulares constituídas por cordões de células endócrinas espalhadas pelo PÂNCREAS entre os ácinos exócrinos. Cada ilhota é circundada por fibras de tecido conjuntivo e penetrada por uma rede de capilares. Há quatro tipos principais de células. As células beta, mais abundantes (50-80 por cento) secretam INSULINA. As células alfa (5-20 por cento) secretam GLUCAGON. As células PP (10-35 por cento) secretam o POLIPEPTÍDEO PANCREÁTICO. As células delta (aproximadamente 5 por cento) secretam SOMATOSTATINA.
14 Pâncreas: Órgão nodular (no ABDOME) que abriga GLÂNDULAS ENDÓCRINAS e GLÂNDULAS EXÓCRINAS. A pequena porção endócrina é composta pelas ILHOTAS DE LANGERHANS, que secretam vários hormônios na corrente sangüínea. A grande porção exócrina (PÂNCREAS EXÓCRINO) é uma glândula acinar composta, que secreta várias enzimas digestivas no sistema de ductos pancreáticos (que desemboca no DUODENO).
15 Diabetes: Nome que designa um grupo de doenças caracterizadas por diurese excessiva. A mais frequente é o Diabetes mellitus, ainda que existam outras variantes (Diabetes insipidus) de doença nas quais o transtorno primário é a incapacidade dos rins de concentrar a urina.
16 Vesículas: Lesões papulares preenchidas com líquido claro.
17 Noradrenalina: Mediador químico do grupo das catecolaminas, liberado pelas fibras nervosas simpáticas, precursor da adrenalina na parte interna das cápsulas das glândulas suprarrenais.
18 Glicose sanguínea: Também chamada de açúcar no sangue, é o principal açúcar encontrado no sangue e a principal fonte de energia para o organismo.
19 Fisiológico: Relativo à fisiologia. A fisiologia é estudo das funções e do funcionamento normal dos seres vivos, especialmente dos processos físico-químicos que ocorrem nas células, tecidos, órgãos e sistemas dos seres vivos sadios.
20 Glicogênio: Polissacarídeo formado a partir de moléculas de glicose, utilizado como reserva energética e abundante nas células hepáticas e musculares.
21 Macronutrientes: Os macronutrientes fornecem as calorias aos alimentos. São eles: carboidratos, proteínas e lipídeos.
22 Micronutrientes: No grupo dos micronutrientes estão as vitaminas e os minerais. Esses nutrientes estão presentes nos alimentos em pequenas quantidades e são indispensáveis para o funcionamento adequado do nosso organismo. Exemplos: cálcio, ferro, sódio, etc.
23 Insulina de ação rápida: Tipo de insulina que inicia sua ação após 5 a 10 minutos da aplicação, tem efeito máximo em 30 minutos a 3 horas após injeção, dependendo do tipo usado.
24 Insulina de ação intermediária: Tipo de insulina que inicia sua ação dentro de 1 a 2 horas após aplicação e tem efeito máximo em 6 a 12 horas após injeção, dependendo do tipo usado.
25 Bomba de insulina: Pequena bomba implantada no corpo para liberar insulina de maneira contínua ao longo do dia. A liberação de insulina é comandada pelo usuário da bomba, através de um controle remoto. Podem ser liberados bolus de insulina (várias unidades ao mesmo tempo) nas refeições ou quando os níveis de glicose estão altos, baseados na programação feita pelo usuário.
26 Caneta de insulina: Dispositivo para injeção de insulina que se parece com uma caneta tinteiro e pode ser recarregada com cartuchos de insulina. Também pode ser adquirida para uso descartável.
27 Seringa: Dispositivo usado para injetar medicações ou outros líquidos nos tecidos do corpo. A seringa de insulina é formada por um tubo plástico com um êmbolo e uma agulha pequena na ponta.
28 Insulina regular: Insulina de curta ação. Na média, ela inicia sua ação em 30 minutos. Tem efeito máximo em 2 a 5 horas após injeção e mantém sua ação por 5 a 8 horas após a aplicação.
29 Cicatrizes: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
30 Umbigo: Depressão no centro da PAREDE ABDOMINAL, marcando o ponto onde o CORDÃO UMBILICAL entrava no feto. OMPHALO- (navel)
31 Injeção: Infiltração de medicação ou nutrientes líquidos no corpo através de uma agulha e seringa.
32 Gordura: Um dos três principais nutrientes dos alimentos. Os alimentos que fornecem gordura são: manteiga, margarina, óleos, nozes, carnes vermelhas, peixes, frango e alguns derivados do leite. O excesso de calorias é estocado no organismo na forma de gordura, fornecendo uma reserva de energia ao organismo.
33 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
34 Pré-diabetes: Condição em que um teste de glicose, feito após 8 a 12 horas de jejum, mostra um nível de glicose mais alto que o normal mas não tão alto para um diagnóstico de diabetes. A medida está entre 100 mg/dL e 125 mg/dL. A maioria das pessoas com pré-diabetes têm um risco aumentado de desenvolver diabetes tipo 2.
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