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Mau cheiro nas axilas ou no corpo: o que é isso? Quais são as causas? Tem tratamento?

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O que é bromidrose?

Bromidrose ou bromhidrose é uma condição crônica que afeta as pessoas principalmente após a puberdade, caracterizada por um odor desagradável emitido pelo corpo. Ela é uma condição metabólica e funcional e não está associada a nenhum distúrbio anatômico. Em alguns raros casos a bromidrose pode tornar-se patológica, quando é especialmente intensa e interfere com a vida social da pessoa afetada.

Quais são as causas da bromidrose?

A bromidrose é grandemente determinada pelas secreções das glândulas apócrinas1 (glândulas sudoríparas2 presentes nas axilas, zonas genitais, mamilos3 e zonas da face4 masculina com barba que liberam o seu conteúdo no folículo5 capilar6). Ela resulta da decomposição das secreções oleosas do suor pelas bactérias; o suor em si mesmo não produz odor desagradável. Também as glândulas écrinas7 (glândulas sudoríparas2 de pequeno tamanho, cujo canal excretor abre diretamente em poros na superfície da pele8) podem contribuir na criação da bromidrose. Outros fatores que podem contribuir com a bromidrose são uma higiene inadequada, doenças dermatológicas diversas, hiperidrose9 ou uma proliferação anormal de bactérias. A obesidade10, a diabetes mellitus11, o intertrigo12, entre outras, são condições favorecedoras. A bromidrose tem sido também notada acompanhando a depilação a laser. Alguns casos podem ser causados por distúrbios metabólicos, como a fenilcetonúria13, por exemplo. A ingestão de certos alimentos, drogas ou substâncias tóxicas podem também causar uma bromidrose transitória. Muitos membros da família de pacientes com bromidrose também costumam ter a doença, o que sugere uma hereditariedade14 autossômica15 dominante.

Qual é a fisiopatologia16 da bromidrose?

O suor é produzido pelas glândulas écrinas7 e apócrinas17. As glândulas18 écrinas se desenvolvem entre os 8 e 14 anos de idade e se distribuem por toda a superfície da pele8, fazendo parte da termorregulação por meio da produção do suor. As glândulas apócrinas1, localizadas sobretudo no tecido subcutâneo19, têm uma distribuição limitada a certas regiões do corpo e não têm função termorregulatória, no entanto, são as principais responsáveis pelo odor que o suor assume. As secreções dessas glândulas18 é inodora, mas se tornam odoríferas pela decomposição dos seus produtos pelas bactérias. As glândulas apócrinas1 obedecem ao controle do sistema nervoso20 simpático21 e dos mecanismos regulados pelas catecolaminas. A bromidrose apócrina22 é a forma mais prevalente de bromidrose e deve ser diferenciada da bromidrose écrina, que é menos comum.

Quais são os principais sinais23 e sintomas24 da bromidrose?

Na bromidrose oriunda das glândulas écrinas7 o odor emana de todo o corpo. A bromidrose que se origina das glândulas apócrinas1, contudo, pode partir de áreas específicas do corpo, como as axilas, por exemplo, mas pode partir também das regiões genital ou plantar.

Como o médico diagnostica a bromidrose?

O diagnóstico25 de bromidrose deve ser predominantemente baseado nos relatos dos pacientes e dos que o acompanham porque os achados físicos e de laboratório são muito escassos. Em caso de observação, o médico conta apenas com seu próprio olfato para a tarefa. Um diagnóstico25 diferencial deve ser feito, entre outros, com enfermidades que secundariamente podem alterar o odor do suor, como a deficiência hepática26, a esquizofrenia27, as dismorfias corporais, a fenilcetonúria13 e a trimetilaminúria, o eritrasma. Deve-se também atentar para as síndromes de autorreferência olfativa, nas quais há a falsa crença de ter maus odores corporais, as quais podem acontecer na esquizofrenia27 ou em transtornos neurológicos. Uma biópsia28 de pele8 só deve ser pedida para avaliar as glândulas apócrinas1 quando se planeja uma cirurgia.

Como o médico trata a bromidrose?

Diante de um caso de mau odor corporal há várias opções terapêuticas possíveis, que variam desde uma higiene mais severa até agentes antibacterianos específicos e medidas que visem reduzir a flora bacteriana e manter a pele8 mais seca. Deve ser aconselhado lavar bem as axilas, o uso de desodorizantes tópicos e depilação regular das axilas. Deve também ser considerado o uso da eletrólise para remoção dos pelos e diminuição do desenvolvimento de bactérias. Também o uso de antibióticos tópicos ajuda a limitar o crescimento das bactérias. No entanto eles só devem ser usados se outros antissépticos29 não forem efetivos, por causa do risco de resistência bacteriana.

Se houver condições dermatológicas coexistentes elas devem ser tratadas pelos meios próprios. O uso de agentes anti-perspirantes que ressecam a pele8 pode melhorar a bromidrose, particularmente se existe hiperidrose9 concomitante. Nos casos de bromidrose écrina palmar30 ou plantar pode-se lançar mão31 da iontoforese (uma fraca corrente elétrica é passada pela pele8 enquanto a área afetada é mantida imersa em água morna). Os agentes anticolinérgicos diminuem a produção do suor, mas apresentam efeitos colaterais32 significativos. Outra opção para alguns casos de bromidrose é a toxina33 botulínica, mas o seu uso ainda não é um consenso entre os dermatologistas. O tratamento cirúrgico da bromidrose axilar tem um uso limitado.

Como prevenir a bromidrose?

Evitar certos alimentos como pimenta, alho e álcool ajuda a prevenir a bromidrose. Pacientes que já tenham a doença devem ser estimulados a manter uma higiene apropriada e serem advertidos com relação ao odor de suor que podem emanar de suas roupas usadas. Por isso, as roupas devem ser sempre lavadas após o primeiro uso, ao invés de serem guardadas para um segundo uso.

ABCMED, 2015. Mau cheiro nas axilas ou no corpo: o que é isso? Quais são as causas? Tem tratamento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/745977/mau-cheiro-nas-axilas-ou-no-corpo-o-que-e-isso-quais-sao-as-causas-tem-tratamento.htm>. Acesso em: 29 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Glândulas Apócrinas: Glândulas sudoríparas especializadas, grandes e ramificadas, que esvaziam seu conteúdo na porção superior do FOLÍCULO PILOSO (não diretamente na PELE).
2 Glândulas sudoríparas: As glândulas sudoríparas são glândulas responsáveis pela produção e transporte do suor, atuando como regulador térmico. São constituídas por um fino e longo tubo que no início se enovela, chamado corpo da glândula. O suor é composto de água, sais minerais e um pouco de ureia e é drenado pelo ducto das glândulas sudoríparas.
3 Mamilos: Órgãos cônicos os quais usualmente fornecem passagem ao leite proveniente das glândulas mamárias.
4 Face: Parte anterior da cabeça que inclui a pele, os músculos e as estruturas da fronte, olhos, nariz, boca, bochechas e mandíbula.
5 Folículo: 1. Bolsa, cavidade em forma de saco. 2. Fruto simples, seco e unicarpelar, cuja deiscência se dá pela sutura que pode conter uma ou mais sementes (Ex.: fruto da magnólia).
6 Capilar: 1. Na medicina, diz-se de ou tubo endotelial muito fino que liga a circulação arterial à venosa. Qualquer vaso. 2. Na física, diz-se de ou tubo, em geral de vidro, cujo diâmetro interno é diminuto. 3. Relativo a cabelo, fino como fio de cabelo.
7 Glândulas Écrinas: Glândulas sudoríparas simples que secretam suor diretamente na PELE.
8 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
9 Hiperidrose: Excesso de suor, que costuma acometer axilas, palmas das mãos e plantas dos pés.
10 Obesidade: Condição em que há acúmulo de gorduras no organismo além do normal, mais severo que o sobrepeso. O índice de massa corporal é igual ou maior que 30.
11 Diabetes mellitus: Distúrbio metabólico originado da incapacidade das células de incorporar glicose. De forma secundária, podem estar afetados o metabolismo de gorduras e proteínas.Este distúrbio é produzido por um déficit absoluto ou relativo de insulina. Suas principais características são aumento da glicose sangüínea (glicemia), poliúria, polidipsia (aumento da ingestão de líquidos) e polifagia (aumento da fome).
12 Intertrigo: Infecção da pele que recobre diferentes pregas da superfície corporal. Pode ser ocasionada por fungos ou bactérias e freqüentemente localiza-se entre os dedos (pé de atleta), no sulco submamário, axilas, pregas interglúteas, etc.
13 Fenilcetonúria: A Fenilcetonúria é uma doença genética caracterizada pelo defeito ou ausência da enzima fenilalanina hidroxilase (PAH). Esta proteína catalisa o processo de conversão da fenilalanina em tirosina. A tirosina está envolvida na síntese da melanina. Esta doença pode ser detectada logo após o nascimento através de triagem neonatal (conhecida como Teste do Pezinho). Nesta doença, alguns alimentos podem intoxicar o cérebro e causar um quadro de retardo mental irreversível. As crianças que nascem com ela têm um problema digestivo no fígado. Há um odor corporal forte e vômitos após as refeições. Seu tratamento consiste em retirar a fenilalanina da alimentação por toda a vida.
14 Hereditariedade: Conjunto de eventos biológicos responsáveis pela transmissão de uma herança a seus descendentes através de seus genes. Existem dois tipos de hereditariedade: especifica e individual. A hereditariedade especifica é responsavel pela transmissão de agentes genéticos que determinam a herança de características comuns a uma determinada espécie. A hereditariedade individual designa o conjunto de agentes genéticos que atuam sobre os traços e características próprios do indivíduo que o tornam um ser diferente de todos os outros.
15 Autossômica: 1. Referente a autossomo, ou seja, ao cromossomo que não participa da determinação do sexo; eucromossomo. 2. Cujo gene está localizado em um dos autossomos (diz-se da herança de características). As doenças gênicas podem ser classificadas segundo o seu padrão de herança genética em: autossômica dominante (só basta um alelo afetado para que se manifeste a afecção), autossômica recessiva (são necessários dois alelos com mutação para que se manifeste a afecção), ligada ao cromossomo sexual X e as de herança mitocondrial (necessariamente herdadas da mãe).
16 Fisiopatologia: Estudo do conjunto de alterações fisiológicas que acontecem no organismo e estão associadas a uma doença.
17 Apócrinas: Em que a porção apical das células secretoras é expelida juntamente com os produtos secretórios (diz-se de tipo de secreção glandular), que produz secreção desse tipo (diz-se de glândula).
18 Glândulas: Grupo de células que secreta substâncias. As glândulas endócrinas secretam hormônios e as glândulas exócrinas secretam saliva, enzimas e água.
19 Tecido Subcutâneo: Tecido conectivo frouxo (localizado sob a DERME), que liga a PELE fracamente aos tecidos subjacentes. Pode conter uma camada (pad) de ADIPÓCITOS, que varia em número e tamanho, conforme a área do corpo e o estado nutricional, respectivamente.
20 Sistema nervoso: O sistema nervoso é dividido em sistema nervoso central (SNC) e o sistema nervoso periférico (SNP). O SNC é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal e a porção periférica está constituída pelos nervos cranianos e espinhais, pelos gânglios e pelas terminações nervosas.
21 Simpático: 1. Relativo à simpatia. 2. Que agrada aos sentidos; aprazível, atraente. 3. Em fisiologia, diz-se da parte do sistema nervoso vegetativo que põe o corpo em estado de alerta e o prepara para a ação.
22 Apócrina: Em que a porção apical das células secretoras é expelida juntamente com os produtos secretórios (diz-se de tipo de secreção glandular), que produz secreção desse tipo (diz-se de glândula).
23 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
24 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
25 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
26 Hepática: Relativa a ou que forma, constitui ou faz parte do fígado.
27 Esquizofrenia: Doença mental do grupo das Psicoses, caracterizada por alterações emocionais, de conduta e intelectuais, caracterizadas por uma relação pobre com o meio social, desorganização do pensamento, alucinações auditivas, etc.
28 Biópsia: 1. Retirada de material celular ou de um fragmento de tecido de um ser vivo para determinação de um diagnóstico. 2. Exame histológico e histoquímico. 3. Por metonímia, é o próprio material retirado para exame.
29 Antissépticos: Que ou os que impedem a contaminação e combatem a infecção.
30 Palmar: Relacionado com a palma da mão
31 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
32 Efeitos colaterais: 1. Ação não esperada de um medicamento. Ou seja, significa a ação sobre alguma parte do organismo diferente daquela que precisa ser tratada pelo medicamento. 2. Possível reação que pode ocorrer durante o uso do medicamento, podendo ser benéfica ou maléfica.
33 Toxina: Substância tóxica, especialmente uma proteína, produzida durante o metabolismo e o crescimento de certos microrganismos, animais e plantas, capaz de provocar a formação de anticorpos ou antitoxinas.
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Comentários

15/03/2015 - Comentário feito por edir
Quem tem cheiro forte nas axilas, assim como eu...
Quem tem cheiro forte nas axilas, assim como eu, Não pode usar roupa de tecido sintético. Desodorante, nem pensar, mas depois do banho, passar polvilho antisseptico Granado. O talco Barla também é muito bom.

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