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O que é envenenamento? Quais são os cuidados necessários em casos de envenenamento?

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O que é envenenamento?

Envenenamento são todos os efeitos danosos às células1 do organismo por substâncias nocivas que entraram no corpo de alguma forma e que podem causar sérios danos ao indivíduo ou até levar à morte. Os venenos podem ser ingeridos, aspirados do ar, injetados na veia ou absorvidos na pele2, seja acidentalmente, seja de forma voluntária. Alguns venenos são potencialmente ou inevitavelmente mortais; outros podem causar danos variáveis e deixar sequelas3 graves sem, contudo, levarem à morte. Os efeitos dos venenos sobre o organismo dependem, por um lado, da dose deles e, por outro, do tempo decorrido desde que foram ingeridos.

Paracelso, um famoso médico do século XV dizia que "tudo é veneno; só depende da dose”. Os mecanismos físicos e químicos pelos quais os venenos danificam o organismo são variáveis e deles dependem as medidas terapêuticas a serem adotadas. Costuma-se falar em intoxicações nos casos em que as substâncias nocivas causam transtornos ao organismo, mas não a morte do indivíduo.

A maioria dos casos de envenenamento ocorre dentro de casa e com crianças.

Quais são os sinais4 e sintomas5 do envenenamento?

É difícil falar de sinais4 e sintomas5 do envenenamento porque eles variam muito, na dependência do veneno. No entanto, em se tratando de venenos ingeridos, quase sempre há náuseas6, vômitos7, palidez, semiconsciência ou inconsciência8, suor frio excessivo e estado de choque9.

Como prestar os primeiros socorros em casos de envenenamento?

Em todo caso de envenenamento deve ser chamado socorro médico ou a vítima deve ser levada prontamente ao hospital, mas algumas providências podem ser tomadas pela pessoa que primeiro atende à vítima. Assim, ela deve procurar identificar o tipo, a quantidade e a via de administração do veneno, bem como o tempo ocorrido do envenenamento, evitando entrar ela própria em contato com o produto intoxicante. Em seguida, deve verificar:

  • Os sinais vitais10 da vítima (pulsação e respiração, principalmente).
  • Se as vias respiratórias estão desobstruídas.
  • Se a pessoa está ou não consciente.
  • Deve também procurar saber se há antídotos para o veneno e se ele estiver à mão11 deve ser dado à vítima.
  • Se possível, deve recolher parte ou resto do veneno ou a embalagem e levá-los até a equipe de socorro, com cuidado para não entrar em contato direto com ele.
  • Para venenos ingeridos, o xarope de ipeca, a magnésia calcinada ou o carvão ativado agem como uma espécie de antídoto12 universal.
  • Se o veneno tiver sido ingerido, em alguns casos pode ser necessário fazer a vítima vomitar, seja colocando os dedos na garganta13 dela ou por qualquer outra manobra vomitiva como, por exemplo, induzindo a vítima a tomar três ou quatro copos de água morna. No entanto, essa providência tem restrições: se o veneno for corrosivo ou irritante ou se houver dúvidas quanto à natureza do veneno, não se deve provocar vômitos7; se a vítima estiver inconsciente também não se deve fazê-la vomitar, pela possibilidade de que ela aspire o conteúdo do vômito14. Se ela vomitar por si mesma, mantenha a vítima deitada sobre um dos lados para evitar a aspiração dos eventuais vômitos7. As pneumonias causadas por aspiração são sempre graves e muitas vezes mortais. Elas levam para os pulmões15 o conteúdo ácido do estômago16 e, no caso, resíduos do veneno.
  • Não se deve oferecer água, leite ou qualquer outro líquido porque eles podem favorecer a absorção da substância venenosa. A vítima deve ser mantida agasalhada porque é frequente haver queda da temperatura corporal. Em casos de aspiração, como de gás de cozinha, por exemplo, retire a vítima do local onde esteja a substância inalada e areje bem o novo ambiente para onde ela será levada.
  • Procure verificar se há necessidade de manobras de ressuscitação em casos de parada respiratória e/ou parada cardíaca e as pratique, se necessário.

Se a vítima estiver consciente, mas com dificuldade de respirar, procure ajudá-la da seguinte maneira: deite-a em decúbito dorsal17, com o rosto voltado para cima; coloque uma almofada sob os ombros da vítima de modo que ela fique com a cabeça18 inclinada para trás, para facilitar a aeração; ajoelhe-se e ponha a cabeça18 dela entre os seus joelhos; tome os braços da vítima pelos pulsos e cruze-os, comprimindo-os contra a parte inferior do peito19; em seguida puxe os braços da vítima para cima, para fora e para trás o máximo que puder. Repita isso com uma frequência de quinze vezes por minuto, até que a vítima possa respirar vigorosamente.

Como o médico trata o envenenamento?

O tratamento médico específico depende da natureza do veneno, mas será feito em geral num hospital e envolverá lavagem gástrica20, administração do antígeno21 específico e de oxigênio e medidas gerais de suporte. Alguns envenenamentos que não chegam a matar a vítima podem deixar sequelas3 duradouras ou definitivas que exigirão frequentes intervenções médicas como são, por exemplo, as queimaduras de esôfago22 consequentes à ingestão se substâncias cáusticas, como ingestão de soda cáustica.

Algumas medidas para evitar o envenenamento:

  • Mantenha os medicamentos e substâncias químicas fora do alcance das crianças. Afora o fato de que elas têm mania de levar todas as coisas à boca23, certos comprimidos podem ser confundidos com balas.
  • Mantenha os produtos de limpeza, cera para móveis e inseticidas sempre nos mesmos locais e devidamente trancados.
  • Mantenha as bebidas alcoólicas fora do alcance das crianças. Mesmo meia taça de uma bebida forte pode causar muitos danos e até mesmo matar uma criança de dois anos!
  • Ensine as crianças a nunca colocar folhas, talos ou sementes na boca23. Certas plantas causam doenças e algumas são venenosas.
  • Não guarde substâncias químicas em garrafas que as crianças possam confundir com refrigerantes.
  • Tenha cuidado com os escapamentos de gás. O gás de cozinha pode matar sem causar sintomas5 iniciais!
  • Evite aspirar fumaça. Se acaso ficar retido em ambiente enfumaçado procure deitar-se no chão e arrastar-se dali porque a fumaça tende a subir.
ABCMED, 2014. O que é envenenamento? Quais são os cuidados necessários em casos de envenenamento?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/571462/o-que-e-envenenamento-quais-sao-os-cuidados-necessarios-em-casos-de-envenenamento.htm>. Acesso em: 23 abr. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Células: Unidades (ou subunidades) funcionais e estruturais fundamentais dos organismos vivos. São compostas de CITOPLASMA (com várias ORGANELAS) e limitadas por uma MEMBRANA CELULAR.
2 Pele: Camada externa do corpo, que o protege do meio ambiente. Composta por DERME e EPIDERME.
3 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
4 Sinais: São alterações percebidas ou medidas por outra pessoa, geralmente um profissional de saúde, sem o relato ou comunicação do paciente. Por exemplo, uma ferida.
5 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
6 Náuseas: Vontade de vomitar. Forma parte do mecanismo complexo do vômito e pode ser acompanhada de sudorese, sialorréia (salivação excessiva), vertigem, etc .
7 Vômitos: São a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Podem ser classificados em: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
8 Inconsciência: Distúrbio no estado de alerta, no qual existe uma incapacidade de reconhecer e reagir perante estímulos externos. Pode apresentar-se em tumores, infecções e infartos do sistema nervoso central, assim como também em intoxicações por substâncias endógenas ou exógenas.
9 Choque: 1. Estado de insuficiência circulatória a nível celular, produzido por hemorragias graves, sepse, reações alérgicas graves, etc. Pode ocasionar lesão celular irreversível se a hipóxia persistir por tempo suficiente. 2. Encontro violento, com impacto ou abalo brusco, entre dois corpos. Colisão ou concussão. 3. Perturbação brusca no equilíbrio mental ou emocional. Abalo psíquico devido a uma causa externa.
10 Sinais vitais: Conjunto de variáveis fisiológicas que são pressão arterial, freqüência cardíaca, freqüência respiratória e temperatura corporal.
11 Mão: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
12 Antídoto: Substância ou mistura que neutraliza os efeitos de um veneno. Esta ação pode reagir diretamente com o veneno ou amenizar/reverter a ação biológica causada por ele.
13 Garganta: Tubo fibromuscular em forma de funil, que leva os alimentos ao ESÔFAGO e o ar à LARINGE e PULMÕES. Situa-se posteriormente à CAVIDADE NASAL, à CAVIDADE ORAL e à LARINGE, extendendo-se da BASE DO CRÂNIO à borda inferior da CARTILAGEM CRICÓIDE (anteriormente) e à borda inferior da vértebra C6 (posteriormente). É dividida em NASOFARINGE, OROFARINGE e HIPOFARINGE (laringofaringe).
14 Vômito: É a expulsão ativa do conteúdo gástrico pela boca. Pode ser classificado como: alimentar, fecalóide, biliar, em jato, pós-prandial. Sinônimo de êmese. Os medicamentos que agem neste sintoma são chamados de antieméticos.
15 Pulmões: Órgãos do sistema respiratório situados na cavidade torácica e responsáveis pelas trocas gasosas entre o ambiente e o sangue. São em número de dois, possuem forma piramidal, têm consistência esponjosa e medem cerca de 25 cm de comprimento. Os pulmões humanos são divididos em segmentos denominados lobos. O pulmão esquerdo possui dois lobos e o direito possui três. Os pulmões são compostos de brônquios que se dividem em bronquíolos e alvéolos pulmonares. Nos alvéolos se dão as trocas gasosas ou hematose pulmonar entre o meio ambiente e o corpo, com a entrada de oxigênio na hemoglobina do sangue (formando a oxiemoglobina) e saída do gás carbônico ou dióxido de carbono (que vem da célula como carboemoglobina) dos capilares para o alvéolo.
16 Estômago: Órgão da digestão, localizado no quadrante superior esquerdo do abdome, entre o final do ESÔFAGO e o início do DUODENO.
17 Decúbito dorsal: Também conhecido como posição SUPINA. A pessoa fica deitada de costas com a cabeça e os ombros ligeiramente elevados, com a barriga voltada para cima.
18 Cabeça:
19 Peito: Parte superior do tronco entre o PESCOÇO e o ABDOME; contém os principais órgãos dos sistemas circulatório e respiratório. (Tradução livre do original
20 Lavagem gástrica: É a introdução, através de sonda nasogástrica, de líquido na cavidade gástrica, seguida de sua remoção.
21 Antígeno: 1. Partícula ou molécula capaz de deflagrar a produção de anticorpo específico. 2. Substância que, introduzida no organismo, provoca a formação de anticorpo.
22 Esôfago: Segmento muscular membranoso (entre a FARINGE e o ESTÔMAGO), no TRATO GASTRINTESTINAL SUPERIOR.
23 Boca: Cavidade oral ovalada (localizada no ápice do trato digestivo) composta de duas partes
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