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Toxoplasmose ocular

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O que é toxoplasmose1?

A toxoplasmose1 é uma doença infecciosa causada pelo protozoário2 Toxoplasma gondii, um parasita3 que vive no intestino de alguns animais vertebrados terrestres homeotérmicos4 (suínos, bovinos, caprinos, aves, animais silvestres, gatos, etc.). Os gatos e outros felinos ingerem os cistos que estão nos tecidos de animais como ratos e pássaros, por exemplo, os quais ao encontrarem condições ideais no ambiente, levam de um a cinco dias para se tornarem infectantes.

A infecção5 da toxoplasmose1 nem sempre é grave e muitas vezes pode ser mesmo assintomática. Humanos podem ser contaminados ainda dentro da barriga da mãe – toxoplasmose1 congênita6 – ou depois do nascimento, consumindo vegetais e água contaminados ou carne infectada – toxoplasmose1 adquirida. A infecção5 adquirida é mais comum que a congênita6.

O que é toxoplasmose1 ocular?

O achado clínico mais comum na toxoplasmose1 congênita6 é a manifestação oftalmológica da retinocoroidite7, que tem predileção pelo polo posterior do olho8. Ela é vista em 75-80% dos casos e é bilateral em 85% dos casos.

Na toxoplasmose1 adquirida, a forma ocular da doença ocorre com muito menos frequência. Anteriormente, acreditava-se que apenas 1 a 3% dos pacientes com infecções9 adquiridas desenvolviam toxoplasmose1 ocular. Entretanto, estudos sorológicos sugerem que a toxoplasmose1 ocular é mais comumente associada a elas do que se acreditava anteriormente.

Veja também "Toxoplasmose1 congênita6", "Tratamento da toxoplasmose1" e "Coriorretinite".

Quais são as principais características clínicas da toxoplasmose1 ocular?

Estudos recentes têm demonstrado a importância da infecção5 adquirida na patogênese10 da toxoplasmose1 ocular. Pesquisas brasileiras mostraram que apenas 1% das crianças pequenas com toxoplasmose1 tinham lesões11 oculares, enquanto 21% das pessoas com mais de 13 anos apresentavam lesões11 oculares. Estudos sorológicos sugerem que a toxoplasmose1 ocular é mais comumente associada à infecção5 adquirida do que se acreditava anteriormente. Apenas poucas pessoas com toxoplasmose1 desenvolvem um quadro ocular significativo. Os sintomas12 mais comuns dele são: moscas volantes e diminuição da visão13 e, às vezes, dor e pressão intraocular14 elevada.

O principal dano que a toxoplasmose1 ocular gera são danos à visão13, em níveis variáveis, que podem acontecer em um ou em ambos os olhos15. Em cada um deles pode haver uma lesão16 única ou várias lesões11. Quando a infecção5 se limita a uma uveíte17, na parte da frente do olho8, ela não costuma deixar sequelas18, quando tratada com seriedade. Formas mais graves da infecção5 são as que atingem a retina19 e a coroide20. Na retina19, a toxoplasmose1 pode dar origem a uma cicatriz21, tornando-a “cega” naquele ponto.

Como o médico diagnostica a toxoplasmose1 ocular?

O diagnóstico22 da toxoplasmose1 ocular é feito pelo exame de fundo de olho23 com as pupilas dilatadas, quando o médico oftalmologista24 encontra a lesão16 típica do toxoplasma. O exame definitivo para o diagnóstico22 é o mapeamento de retina19, que detectará lesão16 de corioretinite.

Geralmente não são necessários exames de sangue25 para confirmar o diagnóstico22, apesar da sorologia negativa excluir a toxoplasmose1. Raramente o diagnóstico22 pode ser feito por exame de sangue25 nos casos de infecção5 recente, mas nos casos em que o paciente pegou a infecção5 e depois de meses ou anos apresenta a lesão16 de retina19 o exame de sangue25 não ajuda.

Como o médico trata a toxoplasmose1 ocular?

O tratamento da toxoplasmose1 ocular depende do aspecto clínico da lesão16, de sua localização, dos sintomas12 que esteja gerando, etc. Em geral, ele é feito em até 12 semanas. A suspensão do tratamento dependerá do aspecto clínico da lesão16 e do mapeamento de retina19, que em fase ativa apresenta limites mal definidos ao contrário da fase cicatricial.

Na maioria dos casos são utilizados antibióticos, sulfas e corticoides. Algumas complicações geradas pela doença necessitam de tratamento cirúrgico. Entre elas temos: descolamento de retina19, membrana epi-retiniana, turvação vítrea e catarata26.

Mapeamentos de retina19 periódicos posteriores devem ser feitos para acompanhamento e detecção precoce de recorrências27, porque uma vez infectada, a pessoa porta os cistos do Toxoplasma pelo resto da vida e em momentos de baixa imunidade28 eles podem ser reativados.

Leia mais sobre "Fundo de olho23", "Uveíte17", "Descolamento de retina19" e "Catarata26".

Como prevenir a toxoplasmose1 ocular?

A prevenção da toxoplasmose1 ocular deve observar:

  • Não ingerir carne mal passada.
  • Não ingerir leite não pasteurizado e ovos crus.
  • Lavar bem os vegetais e as frutas.
  • Usar luvas e lavar bem as mãos29 após mexer com a terra.
  • Evitar contato com fezes de gatos.
  • Para evitar as reincidências, é muito importante fazer exames oftalmológicos frequentes.

 

ABCMED, 2018. Toxoplasmose ocular. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-doencas/1316588/toxoplasmose-ocular.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Toxoplasmose: Infecção produzida por um parasita unicelular denominado Toxoplasma gondii. Este parasita cumpre um primeiro ciclo no interior do tubo digestivo de certos animais domésticos como o gato. A infecção é produzida ao ingerir alimentos contaminados e pode ocasionar graves transtornos durante a gestação e em pessoas imunossuprimidas.
2 Protozoário: Filo do reino animal, de classificação suplantada, que reunia uma grande parcela dos seres unicelulares que possuem organelas celulares envolvidas por membrana. Atualmente, este grupo consiste em muitos e diferentes filos unicelulares incorporados pelo reino protista.
3 Parasita: Organismo uni ou multicelular que vive às custas de outro, denominado hospedeiro. A presença de parasitos em um hospedeiro pode produzir diferentes doenças dependendo do tipo de afecção produzida, do estado geral de saúde do hospedeiro, de mecanismos imunológicos envolvidos, etc. São exemplos de parasitas: a sarna, os piolhos, os áscaris (lombrigas), as tênias (solitárias), etc.
4 Homeotérmicos: Que possui temperatura constante; que conserva temperatura constante. É o mesmo que homotérmico ou isotérmico.
5 Infecção: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
6 Congênita: 1. Em biologia, o que é característico do indivíduo desde o nascimento ou antes do nascimento; conato. 2. Que se manifesta espontaneamente; inato, natural, infuso. 3. Que combina bem com; apropriado, adequado. 4. Em termos jurídicos, é o que foi adquirido durante a vida fetal ou embrionária; nascido com o indivíduo. Por exemplo, um defeito congênito.
7 Retinocoroidite: Inflamação da retina e da coroide.
8 Olho: s. m. (fr. oeil; ing. eye). Órgão da visão, constituído pelo globo ocular (V. este termo) e pelos diversos meios que este encerra. Está situado na órbita e ligado ao cérebro pelo nervo óptico. V. ocular, oftalm-. Sinônimos: Olhos
9 Infecções: Doença produzida pela invasão de um germe (bactéria, vírus, fungo, etc.) em um organismo superior. Como conseqüência da mesma podem ser produzidas alterações na estrutura ou funcionamento dos tecidos comprometidos, ocasionando febre, queda do estado geral, e inúmeros sintomas que dependem do tipo de germe e da reação imunológica perante o mesmo.
10 Patogênese: Modo de origem ou de evolução de qualquer processo mórbido; nosogenia, patogênese, patogenesia.
11 Lesões: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
12 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
13 Visão: 1. Ato ou efeito de ver. 2. Percepção do mundo exterior pelos órgãos da vista; sentido da vista. 3. Algo visto, percebido. 4. Imagem ou representação que aparece aos olhos ou ao espírito, causada por delírio, ilusão, sonho; fantasma, visagem. 5. No sentido figurado, concepção ou representação, em espírito, de situações, questões etc.; interpretação, ponto de vista. 6. Percepção de fatos futuros ou distantes, como profecia ou advertência divina.
14 Pressão intraocular: É a medida da pressão dos olhos. É a pressão do líquido dentro do olho.
15 Olhos:
16 Lesão: 1. Ato ou efeito de lesar (-se). 2. Em medicina, ferimento ou traumatismo. 3. Em patologia, qualquer alteração patológica ou traumática de um tecido, especialmente quando acarreta perda de função de uma parte do corpo. Ou também, um dos pontos de manifestação de uma doença sistêmica. 4. Em termos jurídicos, prejuízo sofrido por uma das partes contratantes que dá mais do que recebe, em virtude de erros de apreciação ou devido a elementos circunstanciais. Ou também, em direito penal, ofensa, dano à integridade física de alguém.
17 Uveíte: Uveíte é uma inflamação intraocular que compromete total ou parcialmente a íris, o corpo ciliar e a coroide (o conjunto dos três forma a úvea), com envolvimento frequente do vítreo, retina e vasos sanguíneos.
18 Sequelas: 1. Na medicina, é a anomalia consequente a uma moléstia, da qual deriva direta ou indiretamente. 2. Ato ou efeito de seguir. 3. Grupo de pessoas que seguem o interesse de alguém; bando. 4. Efeito de uma causa; consequência, resultado. 5. Ato ou efeito de dar seguimento a algo que foi iniciado; sequência, continuação. 6. Sequência ou cadeia de fatos, coisas, objetos; série, sucessão. 7. Possibilidade de acompanhar a coisa onerada nas mãos de qualquer detentor e exercer sobre ela as prerrogativas de seu direito.
19 Retina: Parte do olho responsável pela formação de imagens. É como uma tela onde se projetam as imagens: retém as imagens e as traduz para o cérebro através de impulsos elétricos enviados pelo nervo óptico. Possui duas partes: a retina periférica e a mácula.
20 Coroide: 1. Que se assemelha a qualquer membrana e especialmente ao cório. 2. Na oftalmologia, diz-se de ou membrana que envolve o olho, situada entre a esclera e a retina.
21 Cicatriz: Formação de um novo tecido durante o processo de cicatrização de um ferimento.
22 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
23 Fundo de olho: Fundoscopia, oftalmoscopia ou exame de fundo de olho é o exame em que se visualizam as estruturas do segmento posterior do olho (cabeça do nervo óptico, retina, vasos retinianos e coroide), dando atenção especialmente a região central da retina, denominada mácula. O principal aparelho utilizado pelo clínico para realização do exame de fundo de olho é o oftalmoscópio direto. O oftalmologista usa o oftalmoscópio indireto e a lâmpada de fenda.
24 Oftalmologista: Médico especializado em diagnosticar e tratar as doenças que acometem os olhos. Podem prescrever óculos de grau e lentes de contato.
25 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
26 Catarata: Opacificação das lentes dos olhos (opacificação do cristalino).
27 Recorrências: 1. Retornos, repetições. 2. Em medicina, é o reaparecimento dos sintomas característicos de uma doença, após a sua completa remissão. 3. Em informática, é a repetição continuada da mesma operação ou grupo de operações. 4. Em psicologia, é a volta à memória.
28 Imunidade: Capacidade que um indivíduo tem de defender-se perante uma agressão bacteriana, viral ou perante qualquer tecido anormal (tumores, enxertos, etc.).
29 Mãos: Articulação entre os ossos do metacarpo e as falanges.
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