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Dores do crescimento: como elas são?

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O que são dores do crescimento?

As dores do crescimento são sensações dolorosas recorrentes, sem uma causa específica, que recebem esse nome por se manifestarem especialmente entre 3 e 8 anos de idade, uma fase crucial do desenvolvimento físico. Apesar desse nome, não há evidência de que estejam relacionadas com surtos de crescimento. Estima-se que de 5% a 15% das crianças, ou ainda mais, enfrentam esse problema pelo menos uma vez na vida. Pesquisas realizadas em universidades estrangeiras chegam a apontar prevalências de 40%.

Quais são as causas das dores do crescimento?

As causas exatas das dores do crescimento não são conhecidas. No entanto, há várias teorias que procuram explicar o problema. Entre elas, (1) a de que os ossos cresceriam mais rápido do que os músculos1 e tendões2, sobrecarregando-os; (2) a de que haveria uma fadiga3 muscular, provocada pelo excesso de atividade física e de brincadeiras ao longo do dia, agravadas pelo estresse e (3) a de que há um fator hereditário envolvido, já que a maioria dos pais de crianças com o problema também o enfrentaram na infância.

Quais são as principais características clínicas das dores do crescimento?

As dores do crescimento variam de uma criança para outra, mas, em geral, acontecem mais ou menos uma vez por semana, ao longo de cerca de um ano. Elas manifestam-se principalmente nos membros inferiores, localizadas nas panturrilhas4, atrás dos joelhos e nas coxas5. Em alguns casos, podem afetar simultaneamente também os braços. Um grande número de crianças apresenta, associadamente, dor de cabeça6.

Tipicamente as dores do crescimento aparecem no final da tarde ou começo da noite, quando a musculatura relaxa e esfria, após um dia de atividades, embora possam se manifestar mais tarde e algumas crianças chegam mesmo a acordar chorando. As dores do crescimento não desencadeiam outros sintomas7, além da dor. Se a acriança apresentar febre8, inchaço9, vermelhidão, perda do apetite, apatia10, cansaço ou mancar, possivelmente apresenta alguma outra doença.

Como reconhecer as dores do crescimento?

Normalmente, o exame clínico é suficiente para o diagnóstico11, levando em conta a história médica e a faixa etária da criança, com a exclusão de quaisquer outras causas. Durante a consulta, o médico deve examinar o corpo a criança em busca de indícios como inchaço9, manchas e aumento da temperatura local, que estão por trás de outras doenças, como as patologias inflamatórias. Se ele julgar necessário, solicitará exames complementares de sangue12 ou de imagem, cujos resultados negativos confirmarão ainda mais o diagnóstico11, por exclusão de outras motivações para as dores.

As doenças que mais facilmente podem ser confundidas com as dores do crescimento são a fibromialgia13 e a síndrome14 da hipermobilidade articular, que surge em crianças com maior frouxidão dos ligamentos15, após atividades como balé, ginástica olímpica ou outras, que distendam excessivamente as articulações16.

Como existe chance da dor de crescimento ser confundida com os sintomas7 de alguns tumores ósseos, o pediatra ou o ortopedista deve ser sempre consultado, para descartar esta possibilidade.

Saiba mais sobre "Crescimento infantil17", "Fibromialgia13" e "Tumores Ósseos".

Como avaliar as dores do crescimento?

Em muitos casos basta conversar com a criança e tranquilizá-la. Fazer massagens com álcool gel ou aplicar uma bolsa de água morna na região dolorida também ajuda. Se esses recursos não funcionarem, deve-se recorrer aos exercícios de alongamento, preferencialmente orientados por um fisioterapeuta ou à natação. Em situações raras, analgésicos18 podem ser prescritos.

Como evoluem as dores do crescimento?

Quase sempre os sintomas7 ocorrem em surtos e regridem espontaneamente. O frio, o estresse agudo19 e os exercícios físicos intensos impedem a musculatura de relaxar e, por isso, intensificam a sensação dolorosa.

Veja mais sobre "Alongamento", "Fisioterapia20" e "Estresse".

Como prevenir as dores do crescimento?

Não há uma maneira definida de prevenir as dores do crescimento, no entanto, pensa-se que evitar situações estressantes para a criança e estimular a prática de atividades físicas de baixo impacto, que fortaleça a musculatura, possam minimizar essas dores.

Quais são as complicações possíveis das dores do crescimento?

Normalmente, as dores do crescimento não comprometem as atividades cotidianas da criança, mas se isso acontecer, o médico deve ser consultado para descartar outras condições.

Leia também sobre "Quanto cresce uma criança", "Osteossarcoma" e "Sarcoma21 de Ewing".

 

ABCMED, 2016. Dores do crescimento: como elas são?. Disponível em: <https://www.abc.med.br/p/ortopedia-e-saude/1279553/dores-do-crescimento-como-elas-sao.htm>. Acesso em: 28 mar. 2024.
Nota ao leitor:
As notas acima são dirigidas principalmente aos leigos em medicina e têm por objetivo destacar os aspectos mais relevantes desse assunto e não visam substituir as orientações do médico, que devem ser tidas como superiores a elas. Sendo assim, elas não devem ser utilizadas para autodiagnóstico ou automedicação nem para subsidiar trabalhos que requeiram rigor científico.

Complementos

1 Músculos: Tecidos contráteis que produzem movimentos nos animais.
2 Tendões: Tecidos fibrosos pelos quais um músculo se prende a um osso.
3 Fadiga: 1. Sensação de enfraquecimento resultante de esforço físico. 2. Trabalho cansativo. 3. Redução gradual da resistência de um material ou da sensibilidade de um equipamento devido ao uso continuado.
4 Panturrilhas: 1. Proeminência muscular, situada na face posterossuperior da perna, formada especialmente pelos músculos gastrocnêmio e sóleo; sura, barriga da perna. 2. Por extensão de sentido, enchimento usado por baixo das meias, para melhorar a aparência das pernas.
5 Coxas: É a região situada abaixo da virilha e acima do joelho, onde está localizado o maior osso do corpo humano, o fêmur.
6 Cabeça:
7 Sintomas: Alterações da percepção normal que uma pessoa tem de seu próprio corpo, do seu metabolismo, de suas sensações, podendo ou não ser um indício de doença. Os sintomas são as queixas relatadas pelo paciente mas que só ele consegue perceber. Sintomas são subjetivos, sujeitos à interpretação pessoal. A variabilidade descritiva dos sintomas varia em função da cultura do indivíduo, assim como da valorização que cada pessoa dá às suas próprias percepções.
8 Febre: É a elevação da temperatura do corpo acima dos valores normais para o indivíduo. São aceitos como valores de referência indicativos de febre: temperatura axilar ou oral acima de 37,5°C e temperatura retal acima de 38°C. A febre é uma reação do corpo contra patógenos.
9 Inchaço: Inchação, edema.
10 Apatia: 1. Em filosofia, para os céticos e os estoicos, é um estado de insensibilidade emocional ou esmaecimento de todos os sentimentos, alcançado mediante o alargamento da compreensão filosófica. 2. Estado de alma não suscetível de comoção ou interesse; insensibilidade, indiferença. 3. Em psicopatologia, é o estado caracterizado por indiferença, ausência de sentimentos, falta de atividade e de interesse. 4. Por extensão de sentido, é a falta de energia (física e moral), falta de ânimo; abatimento, indolência, moleza.
11 Diagnóstico: Determinação de uma doença a partir dos seus sinais e sintomas.
12 Sangue: O sangue é uma substância líquida que circula pelas artérias e veias do organismo. Em um adulto sadio, cerca de 45% do volume de seu sangue é composto por células (a maioria glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). O sangue é vermelho brilhante, quando oxigenado nos pulmões (nos alvéolos pulmonares). Ele adquire uma tonalidade mais azulada, quando perde seu oxigênio, através das veias e dos pequenos vasos denominados capilares.
13 Fibromialgia:
14 Síndrome: Conjunto de sinais e sintomas que se encontram associados a uma entidade conhecida ou não.
15 Ligamentos: 1. Ato ou efeito de ligar(-se). Tudo o que serve para ligar ou unir. 2. Junção ou relação entre coisas ou pessoas; ligação, conexão, união, vínculo. 3. Na anatomia geral, é um feixe fibroso que liga entre si os ossos articulados ou mantém os órgãos nas respectivas posições. É uma expansão fibrosa ou aponeurótica de aparência ligamentosa. Ou também uma prega de peritônio que serve de apoio a qualquer das vísceras abdominais. 4. Vestígio de artéria fetal ou outra estrutura que perdeu sua luz original.
16 Articulações:
17 Crescimento Infantil: Aumento na estrutura do corpo, tendo em vista a multiplicação e o aumento do tamanho das células. Controla-se principalmente o peso corporal, a estatura e o perímetro cefálico, com o objetivo de saber o quanto a criança ganhou ou perdeu em determinados intervalos de tempo e tendo por base um acompanhamento a longo prazo, através de anotações em gráficos ou curvas de crescimento. O pediatra precisa conhecer e analisar vários fatores referentes à criança e a sua família, como o peso e a altura dos pais, o padrão de crescimento deles, os dados da gestação, o peso e a estatura ao nascimento e a alimentação do bebê para avaliar a situação do crescimento de determinada criança. Não é simplesmente consultar gráficos. Somente o médico da criança pode avaliar seu crescimento. Uma criança pode estar fora da “faixa mais comum de referência“ e, ainda assim, ter um crescimento normal.
18 Analgésicos: Grupo de medicamentos usados para aliviar a dor. As drogas analgésicas incluem os antiinflamatórios não-esteróides (AINE), tais como os salicilatos, drogas narcóticas como a morfina e drogas sintéticas com propriedades narcóticas, como o tramadol.
19 Agudo: Descreve algo que acontece repentinamente e por curto período de tempo. O oposto de crônico.
20 Fisioterapia: Especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade, etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.
21 Sarcoma: Neoplasia maligna originada de células do tecido conjuntivo. Podem aparecer no tecido adiposo (lipossarcoma), muscular (miossarcoma), ósseo (osteosarcoma), etc.
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